São Paulo, terça-feira, 04 de abril de 2000


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CONGRESSO
Presidente do Senado propõe que comissão analise as contas dos dois; peemedebista volta a acusar pefelista
ACM desafia Jader a abrir sigilo bancário

RAQUEL ULHÔA
da Sucursal de Brasília

O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), afirmou ontem que vai abrir mão do seu sigilo bancário e desafiou o presidente do PMDB, senador Jader Barbalho (PA), a fazer o mesmo, para que suas contas sejam examinadas por uma comissão de senadores ou pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.
ACM disse possuir mais de 250 notícias de jornal que levantam dúvidas sobre a "seriedade" de Jader. E afirmou que, como candidato à presidência do Senado, o peemedebista terá de provar que é "honrado". Líder de sua bancada no Senado, Jader é o nome do PMDB para disputar a sucessão de ACM, em fevereiro de 2001.
O presidente do Senado disse que iria formalizar o desafio a Jader amanhã, em pronunciamento no plenário ou por escrito. Ele sugeriu que a comissão encarregada de examinar seus bens e os de Jader seja composta por um senador do PFL, um do PMDB, um do PSDB e dois do bloco de oposição.
"Eu vou provar, mais uma vez, que sou honrado e mostrar que o que me atacou deve fazer o mesmo. Eu acho que o presidente do PMDB tem de apresentar também a quebra do seu sigilo bancário e explicar como seus bens foram adquiridos", disse ACM.

Reação
Jader divulgou nota no final da tarde, por meio de sua assessoria, na qual volta a fazer acusações ao pefelista, mas não comenta o desafio lançado por ACM.
O atual embate dos dois senadores foi provocado por divergências em torno do salário mínimo. Jader apóia a proposta do governo (R$ 151 em 3 abril e possibilidade de Estados fixarem tetos locais diferenciados) e ACM defende um piso nacional de R$ 177.
Em debate na sessão do Senado da última quarta-feira, Jader chamou ACM de demagogo, já que o ministro da Previdência, Waldeck Ornélas, que é do PFL baiano, se posicionou contra o aumento do mínimo acima de R$ 151.
Na nota divulgada ontem, Jader diz ter tentado manter um debate à altura do Senado ao cobrar ACM "sobre a grave contradição entre sua demagógica campanha do salário mínimo e a postura do seu ministro". "Entretanto, Antonio Carlos, como de costume, na ausência de argumentos, diversionista como sempre, tenta agredir, conduzindo para o campo pessoal. A opinião pública já conhece seus métodos e sua tradicional truculência", diz a nota.
Quanto à quebra de sigilo de ambos, proposta por ACM, Jader afirma na nota que o pefelista deve estar "atendendo às provocações e denúncias" de Nicéa Pitta. Ela acusou o presidente do Senado de pressionar a Prefeitura de São Paulo a pagar uma dívida com a empreiteira OAS, que tem como sócio um genro de ACM, Cesar Mata Pires.
As declarações de ACM foram feitas pela manhã, antes da conversa que teve com os líderes do governo no Senado, José Roberto Arruda (PSDB-DF), e no Congresso, deputado Arthur Virgílio (PSDB-AM). Os dois foram tentar pacificar ACM e Jader, a pedido de Fernando Henrique Cardoso.


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