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Local abriga festas de políticos e leilões
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
A fazenda Renascença, de propriedade do embaixador Paulo
Tarso Flecha de Lima, é palco de
tradicionais festas da cúpula do
poder e também de concorridos
leilões de gado.
A festa para marcar a colheita
do algodão, que costuma ocorrer
no final de maio, é a mais tradicional. No ano passado, ela reuniu
3.000 pessoas, entre empresários
e políticos. Em 99, foram contados 76 jatinhos na pista de pouso
da propriedade.
Não só de badalação vive a Renascença. Ela produz soja, milho,
feijão e algodão. A fazenda possui
silos para armazenagem de grãos
e tem ainda uma área para a criação de gado para corte -são criadas cerca de 2.000 cabeças de gado no local.
Segundo o advogado da fazenda, Darci Trentini -que mora
em Unaí, a 110 km de Uruana de
Minas, onde está a propriedade
rural-, são ao todo 9.600 hectares de área, sendo 6.000 ha destinados à atividade agrícola e 3.600
ha de reserva natural e áreas destinadas à pecuária.
A fazenda não pertence apenas
ao embaixador. Flecha de Lima
tem como sócio o agricultor e pecuarista catarinense Nelson
Schneider, que vive há 22 anos em
Brasília e possui outras fazendas
em sociedade com parentes.
O sócio do embaixador está
atualmente em viagem para a
Austrália.
A fazenda emprega 40 funcionários, "todos contratados", segundo o advogado, sendo que,
em épocas de colheita, esse número chega a 150 trabalhadores.
Símbolo
Apesar de o MST reconhecer
que a fazenda é produtiva
-"Aparentemente, tem muita
coisa lá", disse o líder Jorge Xavier
de Almeida-, os sem-terra a elegeram como alvo de suas manifestações para "mostrar a contradição entre a reforma agrária e os
privilegiados".
"Lá na Renascença tem tudo o
que é ideal para se manter a produção. Além disso, ela tem financiamentos do Banco do Brasil.
Queríamos mostrar a contradição
para a população", disse o líder
dos sem-terra.
Sobre as suspeitas do MST de
que parte da área da fazenda possa ser de terras devolutas do Estado mineiro, o advogado da Renascença disse desconhecer esse
fato. "Eu sou advogado da fazenda há dez anos e não é do meu conhecimento isso, não é o que
consta nas escrituras", afirmou.
(PAULO PEIXOTO)
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