São Paulo, quarta-feira, 04 de abril de 2001

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Local abriga festas de políticos e leilões

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A fazenda Renascença, de propriedade do embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima, é palco de tradicionais festas da cúpula do poder e também de concorridos leilões de gado.
A festa para marcar a colheita do algodão, que costuma ocorrer no final de maio, é a mais tradicional. No ano passado, ela reuniu 3.000 pessoas, entre empresários e políticos. Em 99, foram contados 76 jatinhos na pista de pouso da propriedade.
Não só de badalação vive a Renascença. Ela produz soja, milho, feijão e algodão. A fazenda possui silos para armazenagem de grãos e tem ainda uma área para a criação de gado para corte -são criadas cerca de 2.000 cabeças de gado no local.
Segundo o advogado da fazenda, Darci Trentini -que mora em Unaí, a 110 km de Uruana de Minas, onde está a propriedade rural-, são ao todo 9.600 hectares de área, sendo 6.000 ha destinados à atividade agrícola e 3.600 ha de reserva natural e áreas destinadas à pecuária.
A fazenda não pertence apenas ao embaixador. Flecha de Lima tem como sócio o agricultor e pecuarista catarinense Nelson Schneider, que vive há 22 anos em Brasília e possui outras fazendas em sociedade com parentes.
O sócio do embaixador está atualmente em viagem para a Austrália.
A fazenda emprega 40 funcionários, "todos contratados", segundo o advogado, sendo que, em épocas de colheita, esse número chega a 150 trabalhadores.

Símbolo
Apesar de o MST reconhecer que a fazenda é produtiva -"Aparentemente, tem muita coisa lá", disse o líder Jorge Xavier de Almeida-, os sem-terra a elegeram como alvo de suas manifestações para "mostrar a contradição entre a reforma agrária e os privilegiados".
"Lá na Renascença tem tudo o que é ideal para se manter a produção. Além disso, ela tem financiamentos do Banco do Brasil. Queríamos mostrar a contradição para a população", disse o líder dos sem-terra.
Sobre as suspeitas do MST de que parte da área da fazenda possa ser de terras devolutas do Estado mineiro, o advogado da Renascença disse desconhecer esse fato. "Eu sou advogado da fazenda há dez anos e não é do meu conhecimento isso, não é o que consta nas escrituras", afirmou.
(PAULO PEIXOTO)



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