UOL

São Paulo, sexta-feira, 04 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Líder petista faz mea culpa por assinar nota

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Nelson Pellegrino (BA), 42, líder da bancada dos 92 deputados federais do PT, afirmou ontem ter agido de forma pessoal, e não como líder do partido do governo, ao assinar documento que expressa opinião conflitante com o posicionamento do Palácio do Planalto.
Pellegrino foi um dos 33 deputados petistas que subscreveram anteontem a declaração de voto contrária à autonomia do Banco Central durante a sessão que aprovou o projeto que dá o primeiro passo para a autonomia.
"Eu assinei a declaração não como líder, mas como deputado", afirmou o líder petista.
"Já assinei, foi uma ato meu, mas estou disposto a discutir com a bancada. Se ela achar que eu devo ser mais reservado, estou disposto a acatar. Mas registro que simbolismo maior a bancada deu ontem, votando unida para a ajudar o governo", afirmou o líder.
O deputado faz parte da tendência Força Socialista, que integra as alas mais à esquerda do PT e é contrária à política econômica do governo. A tendência tem apenas três deputados na bancada.
A Folha apurou que as principais lideranças do PT consideraram um erro Nelson Pellegrino, apesar de todas suas convicções pessoais, ter colocado seu nome em um documento que resume o pensamento do grupo petista que mais tem causado estragos políticos ao governo no Congresso.
O texto o documento preparado pelos deputados do PT diz, entre outras coisas, que a autonomia do BC "fere a soberania da nação" e o aproxima das "agências reguladoras cuja prática tem sido tão questionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva".
Apesar do constrangimento, o presidente ligou ontem para agradecer Pellegrino por sua atuação durante a votação.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista. (RB)
 

Folha - O que levou o sr. a assinar o documento?
Nelson Pellegrino -
Eu assinei a declaração de voto não como líder, mas como deputado integrante da bancada. Eu tenho procurado, como líder, refletir o pensamento médio da bancada. A bancada e o partido não tiraram posição sobre essa questão [autonomia], portanto, eu me senti, como deputado, no direito de manifestar minha posição.

Folha - Como o sr. reage à repercussão do seu ato?
Pellegrino -
Já assinei, foi uma ato meu, mas estou disposto a discutir com a bancada. Se ela achar que eu devo ser mais reservado, estou disposto a acatar. Mas registro que simbolismo maior a bancada deu ontem, votando unida para a ajudar o governo.

Folha - Como o sr. se sente liderando uma bancada em que a maioria pertence a tendências com pensamento diferente da do sr.?
Pellegrino -
Nós temos uma experiência que construímos a partir de 1999 que eu acho muito rica. É procurar estabelecer o convívio na bancada não a partir de votos ou de blocos, mas sim se portar como bancada, como coletivo, sem alinhamento automático.


Texto Anterior: Frase dos "300 picaretas" foi dita em 93
Próximo Texto: EUA são contra "otimismo exagerado" e FMI vê avanço na aprovação da PEC
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.