|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Líder petista faz mea culpa por assinar nota
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O deputado Nelson Pellegrino
(BA), 42, líder da bancada dos 92
deputados federais do PT, afirmou ontem ter agido de forma
pessoal, e não como líder do partido do governo, ao assinar documento que expressa opinião conflitante com o posicionamento do
Palácio do Planalto.
Pellegrino foi um dos 33 deputados petistas que subscreveram
anteontem a declaração de voto
contrária à autonomia do Banco
Central durante a sessão que
aprovou o projeto que dá o primeiro passo para a autonomia.
"Eu assinei a declaração não como líder, mas como deputado",
afirmou o líder petista.
"Já assinei, foi uma ato meu,
mas estou disposto a discutir com
a bancada. Se ela achar que eu devo ser mais reservado, estou disposto a acatar. Mas registro que
simbolismo maior a bancada deu
ontem, votando unida para a ajudar o governo", afirmou o líder.
O deputado faz parte da tendência Força Socialista, que integra as
alas mais à esquerda do PT e é
contrária à política econômica do
governo. A tendência tem apenas
três deputados na bancada.
A Folha apurou que as principais lideranças do PT consideraram um erro Nelson Pellegrino, apesar de todas suas convicções
pessoais, ter colocado seu nome
em um documento que resume o
pensamento do grupo petista que
mais tem causado estragos políticos ao governo no Congresso.
O texto o documento preparado
pelos deputados do PT diz, entre
outras coisas, que a autonomia do
BC "fere a soberania da nação" e o
aproxima das "agências reguladoras cuja prática tem sido tão
questionada pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva".
Apesar do constrangimento, o
presidente ligou ontem para agradecer Pellegrino por sua atuação
durante a votação.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
(RB)
Folha - O que levou o sr. a assinar
o documento?
Nelson Pellegrino - Eu assinei a
declaração de voto não como líder, mas como deputado integrante da bancada. Eu tenho procurado, como líder, refletir o pensamento médio da bancada. A
bancada e o partido não tiraram
posição sobre essa questão [autonomia], portanto, eu me senti, como deputado, no direito de manifestar minha posição.
Folha - Como o sr. reage à repercussão do seu ato?
Pellegrino - Já assinei, foi uma
ato meu, mas estou disposto a discutir com a bancada. Se ela achar
que eu devo ser mais reservado,
estou disposto a acatar. Mas registro que simbolismo maior a bancada deu ontem, votando unida
para a ajudar o governo.
Folha - Como o sr. se sente liderando uma bancada em que a
maioria pertence a tendências com
pensamento diferente da do sr.?
Pellegrino - Nós temos uma experiência que construímos a partir de 1999 que eu acho muito rica.
É procurar estabelecer o convívio
na bancada não a partir de votos
ou de blocos, mas sim se portar
como bancada, como coletivo,
sem alinhamento automático.
Texto Anterior: Frase dos "300 picaretas" foi dita em 93 Próximo Texto: EUA são contra "otimismo exagerado" e FMI vê avanço na aprovação da PEC Índice
|