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GOVERNO
Aldo faz caravana para unir base aliada
RAYMUNDO COSTA
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR
O ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política) vai percorrer os
Estados, a pedido do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, para
conversar com governadores e
prefeitos sobre investimentos que
a União tem condições de fazer,
mas que se acham parados por
causa da burocracia.
A maior parte é de recursos extra-orçamentários, da Caixa Econômica Federal, do BNDES e da
Petrobras, por exemplo. Segundo
Aldo, em geral já há a decisão do
presidente Lula para a execução
dos convênios com Estados e prefeituras, que acabam emperrados
na malha burocrática.
Aldo já esteve com o governador de Goiás, Marconi Perillo
(PSDB). Deve visitar ainda a governadora do Rio, Rosinha Matheus (PMDB), do Ceará, Lúcio
Alcântara (PSDB), e de Mato
Grosso do Sul, José Orcírio dos
Santos. Na sexta-feira, esteve em
Salvador (BA), onde conciliou a
missão de conversar com os governadores com a entrada no
mundo da política do Senado.
O comunista Aldo compareceu
ao casamento do deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) na Catedral Basílica de Salvador, fez o sinal da cruz e sentou-se
à mesa com o avô do deputado, o
senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), o presidente do
Senado, José Sarney (PMDB-AP),
o ex-vice presidente Marco Maciel (PFL-PE) e o senador tucano
Tasso Jereissati (CE).
Aldo representava Lula. "É um
profissional do Estado", elogiou o
senador Eduardo Siqueira Campos (PSDB-TO). A capacidade de
ouvir foi a qualidade de Rebelo
mais elogiada pelos senadores.
O ministro teve conversas individuais com os senadores. O pouco que falou à mesa foi para criticar a falta de "paciência" dos governistas. Referia-se ao PT. Segundo o ministro, a maioria é para votar e falar menos.
Aldo tem o respaldo de Lula para mergulhar na articulação política com o Congresso e os governadores, depois que o presidente
afastou, pelo menos por ora, dessa função o ministro da Casa Civil, José Dirceu. Mas ele procura
exercitar a função coordenadamente com o colega de governo.
Na relação com os governadores e prefeitos, por exemplo, ouve
as reivindicações e depois as encaminha a Dirceu, que trata da gestão de governo, por meio de sua
assessora especial Miriam Belchior. Há uma comissão no Palácio do Planalto tratando exclusivamente dessa relação.
Senado
Oriundo da Câmara, onde foi líder do governo Lula em 2003, Aldo tenta estreitar as relações com
o Senado. Antes da viagem a Salvador, ele recebeu ACM em seu
gabinete no Planalto. Também esteve semana passada discretamente no Senado, que é o foco das
maiores dificuldades enfrentadas
pelo governo no Congresso: a
maioria do governo depende do
PMDB, um partido desunido.
Além disso, o processo de sucessão de Sarney já começou: o líder do PMDB, Renan Calheiros,
resolveu cobrar um acordo, feito
com o aval do Planalto, pelo qual
o governo apoiaria seu nome para
presidente do Senado. Junto com
o líder Aloizio Mercadante (PT-SP), Renan resolveu bombardear
o projeto, em tramitação na Câmara, que permitirá, se for aprovado, a reeleição das Mesas do
Congresso. No jantar em Salvador, Sarney brincava: "Quatro
anos de mandato!".
Em Salvador, o ministro prometeu a liberação de verbas para
o metrô, além de R$ 215 milhões
para obras de infra-estrutura.
Questionado se o governo estava
tratando bem da Bahia, ACM disse: "Não, mas precisa tratar".
Apesar disso, Aldo deixou a Bahia
convencido de que ACM e Sarney
continuarão a apoiar o governo.
Até mesmo porque deu uma declaração que soou como música
aos ouvidos de ACM: o presidente
Lula não interferirá na disputa em
Salvador, que será polarizada entre o PT e o PFL.
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