São Paulo, domingo, 04 de abril de 2004

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GOVERNO

Aldo faz caravana para unir base aliada

RAYMUNDO COSTA
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

O ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política) vai percorrer os Estados, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para conversar com governadores e prefeitos sobre investimentos que a União tem condições de fazer, mas que se acham parados por causa da burocracia.
A maior parte é de recursos extra-orçamentários, da Caixa Econômica Federal, do BNDES e da Petrobras, por exemplo. Segundo Aldo, em geral já há a decisão do presidente Lula para a execução dos convênios com Estados e prefeituras, que acabam emperrados na malha burocrática.
Aldo já esteve com o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Deve visitar ainda a governadora do Rio, Rosinha Matheus (PMDB), do Ceará, Lúcio Alcântara (PSDB), e de Mato Grosso do Sul, José Orcírio dos Santos. Na sexta-feira, esteve em Salvador (BA), onde conciliou a missão de conversar com os governadores com a entrada no mundo da política do Senado.
O comunista Aldo compareceu ao casamento do deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) na Catedral Basílica de Salvador, fez o sinal da cruz e sentou-se à mesa com o avô do deputado, o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o ex-vice presidente Marco Maciel (PFL-PE) e o senador tucano Tasso Jereissati (CE).
Aldo representava Lula. "É um profissional do Estado", elogiou o senador Eduardo Siqueira Campos (PSDB-TO). A capacidade de ouvir foi a qualidade de Rebelo mais elogiada pelos senadores.
O ministro teve conversas individuais com os senadores. O pouco que falou à mesa foi para criticar a falta de "paciência" dos governistas. Referia-se ao PT. Segundo o ministro, a maioria é para votar e falar menos.
Aldo tem o respaldo de Lula para mergulhar na articulação política com o Congresso e os governadores, depois que o presidente afastou, pelo menos por ora, dessa função o ministro da Casa Civil, José Dirceu. Mas ele procura exercitar a função coordenadamente com o colega de governo.
Na relação com os governadores e prefeitos, por exemplo, ouve as reivindicações e depois as encaminha a Dirceu, que trata da gestão de governo, por meio de sua assessora especial Miriam Belchior. Há uma comissão no Palácio do Planalto tratando exclusivamente dessa relação.

Senado
Oriundo da Câmara, onde foi líder do governo Lula em 2003, Aldo tenta estreitar as relações com o Senado. Antes da viagem a Salvador, ele recebeu ACM em seu gabinete no Planalto. Também esteve semana passada discretamente no Senado, que é o foco das maiores dificuldades enfrentadas pelo governo no Congresso: a maioria do governo depende do PMDB, um partido desunido.
Além disso, o processo de sucessão de Sarney já começou: o líder do PMDB, Renan Calheiros, resolveu cobrar um acordo, feito com o aval do Planalto, pelo qual o governo apoiaria seu nome para presidente do Senado. Junto com o líder Aloizio Mercadante (PT-SP), Renan resolveu bombardear o projeto, em tramitação na Câmara, que permitirá, se for aprovado, a reeleição das Mesas do Congresso. No jantar em Salvador, Sarney brincava: "Quatro anos de mandato!".
Em Salvador, o ministro prometeu a liberação de verbas para o metrô, além de R$ 215 milhões para obras de infra-estrutura. Questionado se o governo estava tratando bem da Bahia, ACM disse: "Não, mas precisa tratar". Apesar disso, Aldo deixou a Bahia convencido de que ACM e Sarney continuarão a apoiar o governo.
Até mesmo porque deu uma declaração que soou como música aos ouvidos de ACM: o presidente Lula não interferirá na disputa em Salvador, que será polarizada entre o PT e o PFL.


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