São Paulo, domingo, 04 de abril de 2004

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TODA MÍDIA

Sem espetáculo

NELSON DE SÁ

De Míriam Leitão, sexta na CBN, falando da balança comercial ao estilo de Lula:
- Espetacular.
Pode ser, mas para a balança, não para o resto da economia.
Horas depois a agência Bloomberg dizia que os papéis dos países emergentes haviam tido "a maior queda em meses", com os números do emprego nos EUA -e as especulações de um aumento nos juros do banco central americano.
De um analista ouvido pela agência, ainda animado:
- Não é bom para os países emergentes, mas também não é um prego no caixão.
Do site Primeira Leitura, sem ânimo nenhum:
- A vulnerabilidade voltou a bater à porta. Bastou um dia e o otimismo sofreu um revés.
Já antes das especulações, na edição que circulou na quinta, a "Economist" avisava:
- Os analistas esperam uma elevação nos juros americanos no ano. Um salto pode dar dor de cabeça ao Brasil, a menos que a recuperação ganhe ritmo e a tensão política diminua.
De um analista, na revista:
- Aumento de quatro pontos já seria o bastante para tornar a dívida brasileira insustentável.

 

Voltando à balança comercial espetacular, a "Economist" trouxe mais má notícia:
- Alguns analistas estão preocupados que uma redução no crescimento da China possa levar à queda nos preços da soja.
 

E tome má notícia. O "Wall Street Journal" registrou que a maior atividade nas bolsas do mundo "ainda está nos países em desenvolvimento":
- Mas o índice Bovespa -que subiu 141% depois que Lula se provou mais amigo dos negócios do que projetavam- caiu 0,4% no primeiro trimestre. As ações foram afetadas por um escândalo político.

LULA x FHC


Nem Lula nem FHC. A capa de "Veja" foi mesmo para o fenômeno da ginástica brasileira, Daiane.
Mas a revista traz uma curta entrevista com o presidente da República, que volta a reclamar do antecessor:
- A conta (a pagar) passa dos R$ 40 bilhões. Ninguém fala sobre isso com a ênfase necessária.
Lula também garantiu que nada muda na condução da economia, por maiores que sejam as pressões. Lançou até uma nova metáfora:
- A semeadura foi feita, e a colheita virá. Jogar mais água que o necessário pode matar a planta.
Também em "Veja", que reproduz o prefácio de suas memórias, FHC igualmente reclama da "quase-ruína" que herdou de Itamar Franco, mas sobretudo ironiza o sucessor, Lula:
- O cantochão contra mim quase sempre foi o de que éramos "neoliberais". O tempora! O mores!
FHC diz que, mais do que a estabilidade da economia, "a construção da democracia é a verdadeira marca" que ele e seu governo deixaram no país.

Hollywood vota 1

A reação liberal prossegue. O "New York Times" noticiou que programas de TV feitos em Hollywood vêm atacando mais George W. Bush. Por exemplo, ouvido em "Law & Order":
- Esse cara mente para nós.

Hollywood vota 2

O "Guardian" trouxe a lista dos participantes de um evento do democrata John Kerry para levantar fundos em Hollywood: Leonardo DiCaprio, Brad Pitt, Dustin Hoffman, Sharon Stone, Jenifer Aniston etc.

Obras, obras

A campanha eleitoral por aqui, em meio à "guerra das fitas", acabou exilada nas rádios.
Dia após dia, em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin e a prefeita Marta Suplicy falam de obras (metrô) e mais obras (túneis, CEUs) na Jovem Pan.

Sem candidato

Mas Alckmin não sabe mais quem defender. No "Valor", propôs e elogiou José Serra, só que este reafirmou ontem que não é, em "O Estado de S.Paulo".

Tasso na mira

A semana serviu para o tucano Tasso Jereissati "descobrir uma novidade", segundo "Veja".
Também ele foi investigado quando presidenciável. Foram atrás de suposto "envolvimento com lavagem de dinheiro".

Ciro na mira

E "não parou por aí", afirmou a revista. Em 2002:
- (O procurador) Santoro fez visita a Fortaleza para saber se a investigação sobre Tasso havia encontrado algo contra Ciro.

Suspeitas

Reação de Tasso:
- Eu espero que as minhas suspeitas sobre a origem disso não estejam corretas.
Na quinta, Serra ligou e disse desconhecer "essa história".

Desmentido

O tucano passou a semana ao telefone. Merval Pereira, em "O Globo", escreve que Serra ligou para desmentir que o jornalista Mino Pedrosa tenha trabalhado em sua campanha. E Pereira:
- Não tenho por que duvidar do desmentido de Serra.


UMA NOVA CHINA Do "New York Times" ao "Guardian" de Londres, ontem, jornais pelo mundo destacavam os documentos liberados pelo governo americano (disponíveis no site www.gdw.edu), detalhando o esforço do presidente Lyndon Johnson para apoiar os golpistas de 64 e evitar que o Brasil virasse, no dizer do embaixador americano, "a China dos anos 60"


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