São Paulo, terça-feira, 04 de abril de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Ex-primeira-dama também é alvo de ação; tucano diz que estão procurando "pêlo em ovo"

Ministério Público abre duas investigações sobre Alckmin

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério Público de São Paulo abriu duas investigações contra o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) por suposta improbidade administrativa (má gestão pública). A mulher do tucano, Lu Alckmin, que recebeu 400 vestidos do estilista Rogério Figueiredo, segundo a versão deste, é alvo de uma terceira ação. Ela nega ter recebido as 400 peças.
As investigações contra Alckmin, pré-candidato à Presidência, serão comandadas diretamente pelo procurador-geral de Justiça de São Paulo, Rodrigo Pinho.
O tucano terá de explicar a eventual participação dele em dois casos: no uso de verba publicitária da Nossa Caixa em benefício de deputados da base governista e no patrocínio feito por empresas estatais à revista presidida pelo acupunturista Jou Eel Jia, que atende Alckmin.
Os pedidos de investigação contra o tucano foram feitos pelo deputado estadual Romeu Tuma Júnior (PMDB), com base em reportagens publicadas pela Folha.
"A investigação será feita com rigor. Por ora, não tenho como avaliar se os fatos tiveram a participação do ex-governador. A apuração está no início", disse Pinho.
Para a denúncia de uso ilegal de verba publicitária do banco já há uma apuração em andamento na Promotoria da Cidadania, mas os alvos são a direção da Nossa Caixa e as agências de publicidade.
No novo procedimento, o foco é Alckmin. O procurador-geral quer saber se o então governador, em algum momento, atuou ou ordenou a transferência de verbas para aliados políticos. Somente a Procuradoria Geral tem poderes para investigar o tucano.
No segundo caso, Pinho irá apurar se Alckmin participou da ajuda financeira à revista do acupunturista Jou Eel Jia. A revista especializada em medicina chinesa recebeu R$ 60 mil da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep).
A terceira ação é contra Lu Alckmin, que presidia o Fundo Social de Solidariedade, também por improbidade administrativa. Ela será investigada por promotores da Cidadania.
Ainda ontem a Cidadania abriu outros dois procedimentos contra a gestão tucana, um para apurar a compra em duplicidade feita pela Nossa Caixa de fornos para as padarias de Lu Alckmin e outra para investigar suposto superfaturamento em contratos do banco na área de informática.

Outro lado
Alckmin afirmou ontem estar sendo "injustiçado" com as denúncias contra ele e sua mulher. Ele disse que "estão procurando pêlo em ovo" para atingi-lo.
"Não vejo nenhum problema em você ter publicidade em revistas sérias, boas, revistas que têm até caráter educativo. Estão procurando pêlo em ovo", disse.
Ele disse também não se tratar de uma empresa do acupunturista, "mas de uma editora que trata de temas de saúde", e que as empresas do governo "têm total liberdade para saber onde fazem sua publicidade". "O Estado de São Paulo é um dos que menos investem em publicidade", disse.
Apesar de reconhecer "um erro" na doação de 400 vestidos à sua mulher, o ex-governador paulista minimizou o caso. "É um episódio ocorrido há três anos. O número divulgado não é verdadeiro e esses vestidos foram doados a uma entidade filantrópica."
O tucano disse acreditar que vem recebendo críticas "pelo que representa" e não "sob o ponto de vista pessoal". "Recebo críticas não sob o ponto de vista pessoal, mas sob o ponto de vista do que representamos. Quem não quiser ouvir críticas não deve participar da vida pública." Mas, em seguida, classificou a série de denúncias como "desproporcionais": "É totalmente desproporcional. Mas não tenho medo de cara feia".


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