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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Ex-primeira-dama também é alvo de ação; tucano diz que estão procurando "pêlo em ovo"
Ministério Público abre duas investigações sobre Alckmin
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público de São
Paulo abriu duas investigações
contra o ex-governador Geraldo
Alckmin (PSDB) por suposta improbidade administrativa (má
gestão pública). A mulher do tucano, Lu Alckmin, que recebeu
400 vestidos do estilista Rogério
Figueiredo, segundo a versão deste, é alvo de uma terceira ação. Ela
nega ter recebido as 400 peças.
As investigações contra Alckmin, pré-candidato à Presidência,
serão comandadas diretamente
pelo procurador-geral de Justiça
de São Paulo, Rodrigo Pinho.
O tucano terá de explicar a
eventual participação dele em
dois casos: no uso de verba publicitária da Nossa Caixa em benefício de deputados da base governista e no patrocínio feito por empresas estatais à revista presidida
pelo acupunturista Jou Eel Jia,
que atende Alckmin.
Os pedidos de investigação contra o tucano foram feitos pelo deputado estadual Romeu Tuma Júnior (PMDB), com base em reportagens publicadas pela Folha.
"A investigação será feita com
rigor. Por ora, não tenho como
avaliar se os fatos tiveram a participação do ex-governador. A apuração está no início", disse Pinho.
Para a denúncia de uso ilegal de
verba publicitária do banco já há
uma apuração em andamento na
Promotoria da Cidadania, mas os
alvos são a direção da Nossa Caixa
e as agências de publicidade.
No novo procedimento, o foco é
Alckmin. O procurador-geral
quer saber se o então governador,
em algum momento, atuou ou ordenou a transferência de verbas
para aliados políticos. Somente a
Procuradoria Geral tem poderes
para investigar o tucano.
No segundo caso, Pinho irá
apurar se Alckmin participou da
ajuda financeira à revista do acupunturista Jou Eel Jia. A revista
especializada em medicina chinesa recebeu R$ 60 mil da Companhia de Transmissão de Energia
Elétrica Paulista (Cteep).
A terceira ação é contra Lu
Alckmin, que presidia o Fundo
Social de Solidariedade, também
por improbidade administrativa.
Ela será investigada por promotores da Cidadania.
Ainda ontem a Cidadania abriu
outros dois procedimentos contra a gestão tucana, um para apurar a compra em duplicidade feita
pela Nossa Caixa de fornos para
as padarias de Lu Alckmin e outra
para investigar suposto superfaturamento em contratos do banco na área de informática.
Outro lado
Alckmin afirmou ontem estar
sendo "injustiçado" com as denúncias contra ele e sua mulher.
Ele disse que "estão procurando
pêlo em ovo" para atingi-lo.
"Não vejo nenhum problema
em você ter publicidade em revistas sérias, boas, revistas que têm
até caráter educativo. Estão procurando pêlo em ovo", disse.
Ele disse também não se tratar
de uma empresa do acupunturista, "mas de uma editora que trata
de temas de saúde", e que as empresas do governo "têm total liberdade para saber onde fazem
sua publicidade". "O Estado de
São Paulo é um dos que menos investem em publicidade", disse.
Apesar de reconhecer "um erro" na doação de 400 vestidos à
sua mulher, o ex-governador
paulista minimizou o caso. "É um
episódio ocorrido há três anos. O
número divulgado não é verdadeiro e esses vestidos foram doados a uma entidade filantrópica."
O tucano disse acreditar que
vem recebendo críticas "pelo que
representa" e não "sob o ponto de
vista pessoal". "Recebo críticas
não sob o ponto de vista pessoal,
mas sob o ponto de vista do que
representamos. Quem não quiser
ouvir críticas não deve participar
da vida pública." Mas, em seguida, classificou a série de denúncias como "desproporcionais": "É
totalmente desproporcional. Mas
não tenho medo de cara feia".
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