São Paulo, sexta-feira, 04 de abril de 2008

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Oposição vê brecha e convoca Dilma no Senado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A oposição conseguiu abrir uma brecha na blindagem da ministra Dilma Rousseff. Ela foi convocada pela Comissão de Infra-Estrutura do Senado e deverá ser constrangida a falar sobre o dossiê do governo do ex-presidente FHC.
De acordo com reportagem da Folha do dia 28, o dossiê foi produzido a mando de Erenice Guerra, secretária-executiva da Casa Civil. Sem conseguir chamá-la para depor na CPI do Cartões, PSDB e DEM fizeram uma manobra para obrigar Dilma a prestar esclarecimentos sobre o projeto da hidrelétrica de Belomonte e sobre o PAC. A votação do requerimento ocorreu sem a presença de integrantes da base governista. A ministra tem até 30 dias para marcar a data, caso contrário incorrerá em crime de responsabilidade.
Horas depois, em evento do PAC em Porto Alegre, Lula atacou a oposição. Usou sua atuação no Congresso como demonstração de que "tem gente no país que não quer que os pobres evoluam". "Vocês vejam lá no Congresso. Tem gente que levanta azeda, querendo que as coisas não dêem certo."
O requerimento sobre a hidrelétrica já havia sido aprovado em 2007, mas até então Dilma não havia sido notificada. Presidente da comissão e integrante da CPI, Marconi Perillo (PSDB) disse que ela poderá ser questionada sobre o dossiê.
Ela, porém, poderá se negar a responder. O líder do governo, Romero Jucá (PMDB), ameaçou questionar a medida, já que Perillo havia incluído um aditivo para que a ministra fosse obrigada a falar dos cartões. Jucá argumentou que a comissão não tem atribuição para discutir o assunto.
Para não correr risco, Perillo retirou o aditivo. Jucá ameaçou questionar a reunião da comissão, mas depois disse que não deve tomar medida nenhuma.

"Desrespeito"
O ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, afirmou ontem não aceitar "nem a suspeição" que a convocação de Dilma tenha sido uma estratégia da oposição para questioná-la a respeito do dossiê do governo FHC.
"Seria um desrespeito ao conceito de Senado. Um senador não faria isso com uma ministra da República, não montaria um ardil desse tipo. Esse convite já estava há muito tempo para ser feito. Nós entendemos que o convite é para que ela dê esclarecimentos sobre o PAC", disse o ministro ontem à noite em Niterói (cidade a 15 km do Rio), onde participou da abertura de evento da Frente Nacional de Prefeitos. (AC e AM)


Colaboraram CATIA SEABRA , enviada especial a Porto Alegre, e SERGIO TORRES , da Sucursal do Rio


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