São Paulo, sexta-feira, 04 de abril de 2008

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Alunos da UnB invadem gabinete e pedem saída de reitor

Ocupação acontece mais de dois meses após escândalo da compra de móveis de luxo; universidade afirma estar aberta ao diálogo

JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Cerca de 200 estudantes da Universidade de Brasília invadiram ontem, no começo da tarde, o gabinete do reitor da instituição, Timothy Mulholland. Eles carregavam um caixão, simbolizando o desejo de saída de Mulholland da reitoria, e gritavam "ocupa, ocupa, ocupa e resiste".
Os estudantes dizem que só deixam o prédio depois da saída do reitor e de seu vice, Edgard Mamya. Até o fechamento desta edição, o último andar da reitoria continuava invadido por cerca de cem alunos.
A invasão se deu mais de dois meses depois do escândalo da compra de móveis de luxo para o apartamento funcional do reitor com dinheiro de uma fundação de apoio a pesquisa. Os estudantes exigem o leilão dos móveis e a utilização do dinheiro na moradia estudantil.
A ação de ontem começou com uma assembléia de estudantes ao meio dia e uma passeata pela universidade, que deveria ter fim na reitoria. Ao chegar ao gabinete do reitor, no entanto, ele arrombaram a porta de madeira com o caixão. A repórter da Folha, que estava na cobertura da assembléia, acompanhou os estudantes e ficou dentro da reitoria.
No momento da invasão, às 14h30, cerca de 15 funcionários estavam no gabinete -o reitor não estava. Quatro deles permaneceram no prédio por vontade própria. Os estudantes tentaram retirá-los.
A invasão foi festejada com batuque, cantorias e frases de efeito, como "ia, ia, ia, vou morar na reitoria" e "eu já falei, não se discute, a UnB é a nova USP" -em referência a invasão da Universidade de São Paulo em 2007. Parte dos alunos disse não ter imaginado que a passeata terminaria em invasão. "A gente não achou que ia entrar, essas manifestações sempre param na porta", disse uma aluna de serviço social que preferiu não se identificar.
Às 16h30, luz e água foram cortadas por determinação da reitoria. Nesse momento, chegou a Polícia Federal, que manteve contato com os alunos. Os invasores passaram então a recolher dinheiro entre eles e pedir ajuda pelas janelas para comprar alimentos e água.
Também pediram colchonetes, lampiões e velas pelo telefone. O clima era de animação. Na mesa do reitor foi colocado o caixão. E, no térreo, havia uma reunião de alunos que foram impedidos de subir.
À tarde, os alunos se reuniram em assembléias e aprovaram uma lista de 19 reivindicações, entre elas a saída do reitor e do vice, o leilão dos móveis e a suspensão de convênios com fundações investigadas.
A UnB disse, através de porta-voz, estar aberta ao diálogo e esperar a lista de reivindicações. Afirmou que água e luz foram cortadas por segurança e que chamou a PF por se tratar da invasão de prédio público federal. Também disse que "não se tira um reitor assim".


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