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Alunos da UnB invadem gabinete e pedem saída de reitor
Ocupação acontece mais de dois meses após escândalo da compra de móveis de luxo; universidade afirma estar aberta ao diálogo
JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Cerca de 200 estudantes da
Universidade de Brasília invadiram ontem, no começo da
tarde, o gabinete do reitor da
instituição, Timothy Mulholland. Eles carregavam um caixão, simbolizando o desejo de
saída de Mulholland da reitoria, e gritavam "ocupa, ocupa,
ocupa e resiste".
Os estudantes dizem que só
deixam o prédio depois da saída
do reitor e de seu vice, Edgard
Mamya. Até o fechamento desta edição, o último andar da reitoria continuava invadido por
cerca de cem alunos.
A invasão se deu mais de dois
meses depois do escândalo da
compra de móveis de luxo para
o apartamento funcional do
reitor com dinheiro de uma
fundação de apoio a pesquisa.
Os estudantes exigem o leilão
dos móveis e a utilização do dinheiro na moradia estudantil.
A ação de ontem começou
com uma assembléia de estudantes ao meio dia e uma passeata pela universidade, que
deveria ter fim na reitoria. Ao
chegar ao gabinete do reitor, no
entanto, ele arrombaram a porta de madeira com o caixão. A
repórter da Folha, que estava
na cobertura da assembléia,
acompanhou os estudantes e
ficou dentro da reitoria.
No momento da invasão, às
14h30, cerca de 15 funcionários
estavam no gabinete -o reitor
não estava. Quatro deles permaneceram no prédio por vontade própria. Os estudantes
tentaram retirá-los.
A invasão foi festejada com
batuque, cantorias e frases de
efeito, como "ia, ia, ia, vou morar na reitoria" e "eu já falei,
não se discute, a UnB é a nova
USP" -em referência a invasão
da Universidade de São Paulo
em 2007. Parte dos alunos disse não ter imaginado que a passeata terminaria em invasão.
"A gente não achou que ia entrar, essas manifestações sempre param na porta", disse uma
aluna de serviço social que preferiu não se identificar.
Às 16h30, luz e água foram
cortadas por determinação da
reitoria. Nesse momento, chegou a Polícia Federal, que manteve contato com os alunos. Os
invasores passaram então a recolher dinheiro entre eles e pedir ajuda pelas janelas para
comprar alimentos e água.
Também pediram colchonetes, lampiões e velas pelo telefone. O clima era de animação.
Na mesa do reitor foi colocado
o caixão. E, no térreo, havia
uma reunião de alunos que foram impedidos de subir.
À tarde, os alunos se reuniram em assembléias e aprovaram uma lista de 19 reivindicações, entre elas a saída do reitor
e do vice, o leilão dos móveis e a
suspensão de convênios com
fundações investigadas.
A UnB disse, através de porta-voz, estar aberta ao diálogo e
esperar a lista de reivindicações. Afirmou que água e luz
foram cortadas por segurança e
que chamou a PF por se tratar
da invasão de prédio público
federal. Também disse que
"não se tira um reitor assim".
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