|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Presidente reclama de vaias a tucana em evento do PAC
Lula defende governadora Yeda Crusius e diz que obras não podem ser transformar em uma "manifestação político-partidária"
CATIA SEABRA
ENVIADA ESPECIAL A PORTO ALEGRE
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve que repreender
a platéia ontem, em Porto Alegre, durante cerimônia marcada por longas e constrangedoras vaias à governadora Yeda
Crusius (PSDB-RS) e ao prefeito da capital gaúcha, José Fogaça (PMDB). Yeda foi vaiada cinco vezes e ao longo de todo o
seu discurso. Fogaça, três.
Os dois foram vaiados mesmo quando citados em discursos, como o da ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil).
Recrutada para falar antes de
Lula, Yeda evocou a educação
do povo de Porto Alegre e o respeito à diferença. Foi pior. "Não
vou transformar esse ato em
campanha eleitoral", disse,
emocionada, tendo a voz encoberta pelas vaias.
Ao assumir o microfone, Lula
acabou por reconhecer um tom
eleitoral e reclamou. "Se a gente transformar o PAC numa
manifestação político-partidária, quando é um ato institucional, terei muita dificuldade de
completar as viagens", disse.
Segundo a estimativa da polícia, cerca de 5.000 pessoas
-muitas delas com bandeiras
do PT- assistiram à cerimônia.
Após distribuir autógrafos em
camisas, o presidente discursou por 32 minutos.
Deslizando sobre o palanque,
arrancou um coro de "um, dois,
três, Lula outra vez", ao negar
que esteja em campanha.
"De vez em quando, alguém
fala que estou em campanha.
Não estou. Porque a campanha
para presidente só é em 2010. E
eu não posso ser candidato porque a Constituição determina
apenas dois mandatos."
Críticos
À vontade para um público
de petistas em Porto Alegre,
Lula repetiu que os críticos do
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento) são aqueles
que usam a miséria para garantir poder. Segundo o presidente, "o país tinha se desacostumado a cuidar dos pobres", só
levados em conta em dia da
eleição. Ele reagiu ainda aos
que chamam os programas de
transferência de renda de esmola. "É esmola para quem pode dar R$ 75 em gorjetas para
encher o caco de uísque",
afirmou.
"Sou o único [dos presidentes] que não tem diploma universitário e vou fazer mais universidades e escolas técnicas do
que todos os doutores que governaram este país. Sei que isso
incomoda", repetiu.
Lula não deu nome aos críticos. Pouco antes, o ministro da
Justiça, Tarso Genro, afirmara
em discurso que os "partidos
adversários" tinham entrado
com ações não só contra o PAC
mas contra o Pronasci e o Bolsa
Família. Segundo ele, esses
programas desenvolvem "regiões sucateadas por políticas
econômicas e por ausência de
projetos em épocas passadas".
"Volta!"
Além das vaias a Yeda e Fogaça, a solenidade foi palco de
aplausos para as deputadas
Maria do Rosário (PT), Manuela D'Ávila (PC do B) e políticos
do PT. Tarso Genro, por exemplo, foi saudado com um "volta!, volta!". Ele já foi prefeito de
Porto Alegre.
Num recado aos aliados, Lula
disse que estava "pisando em
ovos" num palanque com três
potenciais candidatos da base à
prefeitura. Sugeriu que isso
fosse levado em conta porque
ele só poderá fazer campanha
onde tiver apenas um aliado na
disputa municipal.
"Minha relação com os partidos não é nas cidades. É lá em
Brasília. Tenho que ter juízo",
afirmou o presidente.
Não foi só Yeda que, ao discursar sob forte vaia, e com a
voz embargada, fez menção ao
calendário eleitoral. Fogaça
também: "Estamos num ano
eleitoral e as manifestações democráticas afloram", discursou. Mais vaias.
Texto Anterior: Kassab corre para aprovar reajustes até amanhã Próximo Texto: Senador do PSB deve propor comissão para discutir reforma política e o 3º mandato Índice
|