São Paulo, sábado, 4 de abril de 1998

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REFORMA MINISTERIAL
Ministro se reuniria com FHC para comunicar decisão
PTB joga nas mãos de Porto sua ida para o Trabalho

da Sucursal de Brasília


A cúpula do PTB estava reunida no início da noite de ontem para decidir o futuro do ministro Arlindo Porto (Agricultura) no governo Fernando Henrique Cardoso. Embora setores do partido resistissem à troca, a tendência era que Porto aceitasse o Ministério do Trabalho.
Depois da reunião, Porto se reuniria com o presidente Fernando Henrique Cardoso para dar a resposta final. "O PTB decidiu que o Arlindo é juiz e árbitro da decisão. O partido não faz questão de cargos", afirmou o líder na Câmara, Paulo Heslander (MG), antes da reunião de cúpula.
A decisão do PTB vai encerrar a reforma ministerial do governo FHC, que se iniciou com a nomeação do tucano José Serra para o Ministério da Saúde. Ainda não foram definidos os ministros do Trabalho e da Agricultura.
Confirmada a ida de Porto para o Trabalho, o Ministério da Agricultura será ocupado pelo pepebista Francisco Turra, ex-presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Dessa forma, o PPB do ex-prefeito Paulo Maluf (SP) amplia sua participação no governo.
Porto interrompeu viagem à Austrália para responder ao convite de FHC. Ele chegou a Brasília por volta de 16h, num avião da FAB (Força Aérea Brasileira).
O ministro se reuniu com Heslander e com o presidente do partido, senador Andrade Vieira (PR). Os dois adiaram visitas às bases para aguardar o ministro.
Heslander foi informado da chegada de Porto a Brasília quando se preparava para seguir para Minas Gerais por volta de 17h.
Desemprego
Até o início da noite de ontem, setores do PTB resistiam à troca do Ministério da Agricultura pelo do Trabalho. A avaliação dos petebistas era que o Trabalho pode trazer prejuízos eleitorais ao partido.
O 1º de maio, Dia do Trabalho, se aproxima, não há perspectivas de aumento substancial no valor do salário mínimo, e o índice de desemprego está aumentando.
Para os petebistas, isso seria cobrado do partido, que ocupa o Ministério do Trabalho (com Paulo Paiva, transferido para o Planejamento) desde o início do governo.
O petebistas também criticam a forma como FHC conduziu a provável troca de ministério. Se Porto aceitar o Trabalho, o PTB ficará com duas pastas, mas os líderes do partido consideram o Planejamento como cota de Minas Gerais.
"O presidente negociou com o PTB virtual, do ministro Paulo Paiva e do governador Hélio Garcia (ex-governador de Minas Gerais). O PTB real, que está aqui no Congresso, não foi consultado", afirmou Heslander.
Segundo Heslander, ele só ficou sabendo da troca de ministério porque perguntou ao presidente na sexta-feira da semana passada. (LUIZA DAMÉ)


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