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RUMO A 98
A 17 meses do pleito, presidente quer definição sobre uso da máquina e construir palanque único nos Estados
FHC já planeja a campanha da reeleição
KENNEDY ALENCAR
Editor do Painel
A 17 meses da
sucessão presidencial, Fernando Henrique
Cardoso já articula soluções
para dois problemas que podem atrapalhar sua reeleição: 1)
quer construir um palanque único
nos Estados e 2) delinear à sua maneira os limites da lei eleitoral de
98 ao uso da máquina.
Apesar de vir tratando da estratégia da reeleição reservadamente
com tucanos mais próximos, a
preocupação imediata de FHC
com a campanha de 98 veio a público depois da reunião com nove
governadores do PMDB na terça
passada.
FHC falou abertamente em ``palanque único'' entre PSDB, PFL e
PMDB nos Estados em que isso for
possível e em estabelecer um critério de convivência onde houver
mais de um candidato o apoiando.
Uma das linhas da campanha será a de tentar preservar ao máximo
a imagem presidencial. FHC deverá permanecer em Brasília a maior
parte do tempo, enfatizando que a
campanha não o tirará dos afazeres de governo. ``Será uma campanha basicamente de mídia'', diz
um dos futuros coordenadores da
campanha de FHC em 98.
Como crêem que haverá poucos
ou quase nenhum candidato tão
forte como FHC, alguns tucanos
falam que a ``imprensa será o adversário em 98''. Daí, a preocupação com o uso da máquina.
Estrategistas de comunicação do
Planalto avaliam que a eleição presidencial será monótona em comparação com os pleitos estaduais,
onde deverão ocorrer as campanhas mais acirradas.
Partindo desse pressuposto, esses estrategistas temem que a fiscalização ao uso da máquina se tornará a principal obsessão da mídia
na sucessão presidencial.
Um situação hipotética frequentemente citada pelos estrategistas é
a seguinte: O presidente vai ao Rio
se reunir com Carlos Menem para
falar de Mercosul. Na entrevista
coletiva, um jornalista pergunta o
que FHC acha de Itamar dizer que
é o pai do Plano Real. FHC responde. ``E, aí, a imprensa vai querer
saber quem vai pagar o querosene
do Sucatão (o avião presidencial)'', afirma um auxiliar.
O primeiro semestre de 98 deve
ser marcado por viagens de FHC
aos Estados. ``Sempre evitando
subir em palanques e realizando
eventos que tenham relação com o
`Brasil em Ação' (programa de
obras do governo federal)'', diz
um tucano.
Nos meses de agosto e setembro,
quando começar a campanha de
TV e rádio, o presidente deverá ficar a maior parte do tempo em
Brasília. Nesse período, tentará viver uma espécie de quarentena
-evitando ao máximo exposição
ao lado de candidatos estaduais.
Guerras regionais
Estrategistas da reeleição listaram dez Estados nos quais recomendam o mínimo possível de
presença presidencial: Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Piauí,
Paraíba, Bahia, Minas Gerais, Ceará, Pará, Paraná e, curiosamente,
São Paulo.
No encontro com os governadores peemedebistas, o presidente citou o Rio como o exemplo mais
bem acabado do problemas que
pode enfrentar em 98. Terá dois
candidatos fortes e que se odeiam
o apoiando, Marcello Alencar
(PSDB) e Cesar Maia (PFL).
No PMDB, um dos casos mais
complicados é o do governador
Garibaldi Alves (RN), que enfrenta
oposição feroz do grupo político
de José Agripino Maia (PFL).
Em São Paulo, segundo um cacique tucano, FHC terá que administrar o apoio ao governador Mário Covas (PSDB), os acenos de armistício de Paulo Maluf (PPB) e a
intenção de Romeu Tuma (PFL)
de concorrer ao Palácio dos Bandeirantes.
O presidente cobrou ainda dos
governadores uma definição mais
rápida do PMDB em apoio à sua
candidatura. A leitura no partido
foi a de que ele quer fechar rapidamente a porta da legenda para Itamar Franco.
Anteontem, em encontro com o
presidente da Câmara, Michel Temer (SP), FHC falou que quer uma
coalizão com o PMDB e disse que o
ideal era apressar essa definição.
Pedra no caminho
A escolha de Carlos Apolinário
(PMDB-SP) para relator da lei eleitoral de 98, onde serão estabelecidas as regras da campanha, não
agradou ao Planalto, que o considera muito preocupado com os
holofotes da mídia.
Como é a primeira vez que um
presidente será candidato à própria sucessão, o Planalto gostaria
de ter um relator que pudesse ser
mais facilmente tutelado.
``Apolinário falará em dificuldades para os príncipes (os ministros) para vender facilidades ao rei
(o presidente)'', diz um tucano.
Na reunião com os peemedebistas FHC manifestou surpresa com
a escolha de Apolinário. E pediu
aos governadores que também se
empenhem para que a legislação
eleitoral sobre o uso da máquina
fique bem clara.
O time
O ministro da Educação, Paulo
Renato de Souza, já decidiu que
não será candidato a deputado federal para coordenar novamente o
programa de governo de FHC.
O ministro Sérgio Motta (Comunicações) é outro que ficará de fora
do teste das urnas para ser um dos
coordenadores da reeleição.
A parte de marketing e o programa de TV de FHC deverão ficar
com o mesmo grupo de agências
de publicidade da campanha passada, que será capitaneado pela
DM-9 Institucional de Geraldo
Walter e Nizan Guanaes.
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