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Governo tira peso da Infraero em CPI
Presidente eleito diz que contratos só serão apurados se houver ligação direta com sistema de tráfego aéreo
PMDB fica no comando de comissão e petista com a relatoria; PSDB tentará convocar Waldir Pires para depor nas primeiras sessões
FÁBIO ZANINI
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na primeira e tumultuada
sessão da CPI do Apagão Aéreo,
o governo deixou claro que terá
controle absoluto sobre a investigação, ao eleger o presidente e o relator da comissão, e
que o tema preferido da oposição, a Infraero, só será tratado
de forma lateral.
O governo conseguiu eleger
com facilidade o presidente,
Marcelo Castro (PMDB-PI), e
assegurou o posto de relator a
Marco Maia (PT-RS). A Folha
apurou que houve acordo entre
o Palácio do Planalto e a cúpula
do PMDB para definir os nomes de integrantes da CPI.
O Palácio do Planalto reagiu
positivamente à indicação de
Castro. Nome da confiança do
presidente do PMDB, Michel
Temer (SP), e do líder do partido na Câmara, Henrique
Eduardo Alves (RN), ele deverá
atuar em sintonia com o governo. Em contrapartida, Lula
prometeu examinar com simpatia os pleitos do PMDB para
os cargos de segundo escalão.
Infraero X tráfego aéreo
Até o ano passado, a Infraero
(estatal que administra os aeroportos), investigada pela Justiça, Ministério Público e Tribunal de Contas da União, era
presidida pelo agora deputado
federal Carlos Wilson (PT-PE),
amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Castro disse
que contratos da Infraero só serão apurados se houver relação
direta com o sistema de controle de tráfego aéreo.
"Se o contrato superfaturado
tiver relação com o sistema de
controle de vôo, isso [a investigação] vai surgir naturalmente.
Se for um banheiro que foi superfaturado, não tem relação
com o controle de vôo. Não sei
se deveria ser investigado por
uma CPI que tem a finalidade
de examinar o tráfego aéreo
brasileiro", disse Castro.
A idéia da base é começar a
CPI em marcha lenta, usando
as primeiras sessões para que
os deputados "entendam" como funciona o espaço aéreo.
Uma das iniciativas anunciadas pelo relator foi convocar todos os ex-presidentes da Infraero -inclusive os do governo FHC - para que eles expliquem, em linhas gerais, como
funciona a empresa e quais são
suas atribuições.
O governo sabe que não poderá simplesmente fechar os
olhos para as denúncias sobre a
Infraero, mas quer manter o tema sob seu estrito controle.
Maia repetiu na sessão três
vezes que não haverá tema
proibido. "É óbvio que vamos
tratar de todos os temas. Não
nos furtaremos a discutir nenhum". Porém, depois relativizou essa promessa, dizendo
que não deixará a comissão se
tornar uma nova "CPI do Fim
do Mundo", como ficou conhecida a CPI dos Bingos. "Aqui
não é casa de torturas", disse,
prometendo o fim dos depoimentos longos e tumultuados.
A próxima sessão será na terça-feira. A investigação deverá
começar pelo acidente com o
avião da Gol, que deixou 154
mortos, no ano passado.
A oposição promete transformar a próxima sessão numa
batalha. Ontem, Gustavo Fruet
(PSDB-PR), principal nome da
oposição, já apresentou um roteiro de trabalho que prevê, logo no início, a convocação do
ministro da Defesa, Waldir Pires, e dos chefes da Infraero,
Anac e Aeronáutica.
O clima foi quente durante
toda a sessão. A oposição lançou um candidato de protesto a
presidente, Vanderlei Macris
(PSDB-SP). Ele teve 8 votos,
contra 16 para Castro. Houve
bate-boca generalizado.
Enquanto a CPI era instalada, o ministro Walfrido dos
Mares Guia (Relações Institucionais) estava no gabinete do
presidente da Câmara, Arlindo
Chinaglia (PT-SP). Ele negou
que tenha falado da CPI.
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