|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sem dinheiro, demitidos ficam em Boa Vista
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BOA VISTA
Demitidos por arrozeiros
que ocupavam a terra indígena Raposa/Serra do Sol, mais
de dez homens de Santa Luzia (300 km de São Luís, MA)
se amontoavam em duas pequenas casas na periferia de
Boa Vista (RR), esperando
terem o dinheiro que pagará
a viagem de barco para sua
cidade de origem.
Os maranhenses fazem
parte da leva de desempregados criada com a operação de
retirada de não índios da
área. Alguns tiveram seu último dia de trabalho na sexta,
quando a retirada começou.
Estavam contratados para
plantar e colher o arroz de
propriedades de Paulo César
Quartiero e da família Faccio, onde também moravam.
Recebiam em média dois salários mínimos -R$ 930.
"Ah, nem sei mais quantos
são. Eles vão chegando. Um
diz pro outro que pode ficar,
e assim vai", diz Francisco
Henrique de Souza, o Cícero,
dono de uma das casas.
"Ainda" empregado na fábrica de beneficiamento de
grãos de Quartiero, na capital, foi ele quem chamou boa
parte dos conterrâneos para
Roraima. "O pessoal dizia:
"Cícero, quero cinco, quero
oito [maranhenses]". E eu
conseguia."
Os homens precisam do
dinheiro da rescisão contratual para pagar a viagem de
barco, que custa R$ 500 e dura cerca de seis dias. A reportagem conversou com quatro
deles. Nenhum vê boas possibilidades na volta para o
Maranhão. "Lá não tem nada. É só me chamarem que
eu volto", disse João Pereira,
43.
(JOÃO CARLOS MAGALHÃES)
Texto Anterior: Índios da Raposa negociam parceria com MST Próximo Texto: Agaciel pôs imóvel no nome do irmão, dizem vendedores Índice
|