São Paulo, terça-feira, 04 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RUMO ÀS ELEIÇÕES
Líderes regionais ainda tentam obter concessões dos tucanos; adiamento da convenção peemedebista é descartado

PMDB usa barganha para apoiar Serra

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Confiante em ter votos garantidos para fechar a aliança com o pré-candidato tucano ao Palácio do Planalto, José Serra, a cúpula do PMDB administra as últimas tentativas de caciques regionais do partido para obter concessões do PSDB nos Estados.
Não há risco de adiamento das convenções dos dois partidos, marcadas para o próximo dia 15, em Brasília. A hipótese de adiar o encontro peemedebista foi jogada para pressionar o PSDB a honrar os pré-acordos regionais e envolver Serra na negociação do que eufemisticamente se chama "estrutura de campanha".
Leia-se: 1) fundos eleitorais, matéria na qual os peemedebistas esperam que o PSDB garanta acesso aos financiadores privados, e 2) liberação de recursos públicos para emendas e projetos apadrinhados por caciques regionais do PMDB, como deputados federais com votos na convenção.

Grupos
O PMDB tem dois grupos, que se subdividem por ser a sigla uma união de caciques regionais. A ala governista varia de 65% a 70% na convenção nacional. A oposicionista, de 30% a 35%.
Sem o senador José Sarney (PMDB-AP) e outros ex-aliados governistas, a cúpula contabiliza 60% pró-Serra, taxa garantida pelo núcleo fiel ao governo e pelos seduzidos pelas promessas de "estrutura de campanha" e por articulações de Rita Camata (ES), vice de Serra e deputada federal que militava na ala oposicionista.
Hoje, a cúpula do PMDB se reúne em Brasília para checar a planilha de convencionais de Eliseu Padilha, ex-ministro dos Transportes e contador-mor dos governistas. O grupo tentará garantir a margem de segurança de dez pontos percentuais para, no limite, fechar a aliança com 55% dos votos e entregar a Serra o terceiro maior tempo de TV e rádio.

Choradeira
Alguns "governistas" avisaram à cúpula do PMDB que endureceriam o discurso com os tucanos, mas levariam seus liderados a apoiar a aliança na convenção, já que um entendimento com o PT é uma miragem política.
Ao contrário do que fazem supor, Rio Grande do Norte, Pará e Ceará marcharão com os governistas. Na Paraíba, o grupo fiel a Serra racha o partido, no mínimo. A maioria do diretório gaúcho também deverá apoiar Serra. Seguem casos emblemáticos, que mostram a contradição entre discurso e ação de bastidor.
O ex-senador Jader Barbalho quis se aliar ao PSDB paraense. Serra e o PMDB nacional apoiaram a decisão dos tucanos do Pará de rejeitá-lo, mas prometeram "estrutura de campanha" para que ele tente voltar ao Senado.
O pré-candidato peemedebista ao governo de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, marchará com a cúpula mesmo que contrariado. O risco é seu cacife ser menor. Ele deseja que o PSDB estadual, como prometido pela cúpula nacional tucana, não apóie a reeleição do governador Esperidião Amin (PPB).
Como a convenção dos tucanos catarinenses será após as convenções nacionais de PMDB e PSDB, Luiz Henrique teme ser traído, com os correligionários de Serra se aliando a Amin. Foi no PMDB catarinense que nasceu a idéia de pedir o adiamento da convenção nacional, o que a cúpula não fará para não perder cacife.
Hoje, Luiz Henrique estará em Brasília para se reunir com Pimenta da Veiga, coordenador da campanha de Serra. Quer a garantia de que o PSDB, já que não há intenção local de apoiá-lo, lançará um candidato a governador nem que seja só para constar.
O senador Amir Lando (PMDB-RO), com quatro anos de mandato, é um entre muitos possíveis candidatos que se queixaram a tucanos e peemedebistas da falta de recursos para tentar a eleição ao governo. Apesar da resistência dos tucanos estaduais em apoiá-lo, o PSDB nacional busca o acordo, com "estrutura de campanha" incluída.



Texto Anterior: Secretário de Arapiraca irá para Integração Nacional
Próximo Texto: Camisa da seleção nem sempre dá sorte
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.