UOL

São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESTADOS

Principal ponto da proposta, elevação de 6% para 11% na alíquota dos servidores estaduais, não deve ser alterado

Dirceu intervém, e PT negocia reforma tucana em SP

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

Em um acordo costurado pelo ministro José Dirceu (Casa Civil), tucanos e petistas estão próximos de fechar questão em torno do projeto de reforma da Previdência paulista do governador tucano Geraldo Alckmin (PSDB).
O projeto, que aumenta de 6% para 11% a alíquota de contribuição dos servidores públicos de São Paulo, chegou à Assembléia Legislativa no mês passado sob forte oposição do PT.
Contrariado, o governador tucano, que apóia a proposta de reforma previdenciária do petista Luiz Inácio Lula da Silva, pediu ajuda do Planalto para contornar o impasse.
Na última quinta-feira, Dirceu, antes de participar de um seminário na Assembléia, se reuniu com os deputados estaduais do PT e, junto do líder do partido na Assembléia, Antonio Mentor, deixou o encontro pedindo à bancada a "abertura de um diálogo" com o governo do Estado.
Ontem, o secretário da Casa Civil de São Paulo, Arnaldo Madeira, afirmou que as duas partes, governo e oposição, já iniciaram um diálogo sobre o projeto, conforme pediu o ministro à bancada do PT, durante reunião na última quinta-feira na Assembléia.
"Nós estamos conversando, estamos em um processo de diálogo. Tudo no projeto é passível de negociação", disse Madeira, principal articulador político do governador.
Segundo a Folha apurou, no entanto, a espinha dorsal da proposta tucana, o aumento da alíquota, deverá ser mantida. "Temos um déficit na Previdência de R$ 1,5 bilhões, que deverá chegar a R$ 8 bilhões no final do ano. Estamos abertos ao diálogo, mas a reforma é princípio", disse Madeira.
Até o final da próxima semana, a bancada petista na Assembléia deverá se reunir para definir formalmente sua posição.
"Temos toda a boa vontade de dialogar", afirmou o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), amigo pessoal de Dirceu, que o convidou para o seminário.
O deputado, no entanto, nega que o ministro tenha "imposto" a necessidade de um acordo com o PSDB em São Paulo. "A bancada estadual do PT sempre fez uma oposição propositiva e qualificada aos tucanos", disse.
O presidente do PSDB em São Paulo, o deputado estadual Edson Aparecido, cobra do PT coerência em sua postura. "Nosso apoio é claro no plano federal. Como é que eles têm uma uma posição lá e outra aqui?", questiona ele.
Três pontos do projeto do governo podem ser revistos a pedido dos petistas. O principal deles é o que vincula diretamente o valor arrecadado com as contribuições dos servidores ao Tesouro do Estado. A idéia do PT é criar uma espécie de fundo.
Os petistas também querem maior participação no debate das entidades representativas dos servidores e pedem menos "truculência" da bancada do governo, maioria absoluta na Casa, nas negociações.
Um dos poucos pontos polêmicos permanece sendo o prazo para a votação do projeto, já que o PT quer que os tucanos esperem a reforma federal ser aprovada para, somente então, votar o texto do governador Alckmin.


Texto Anterior: Governo vê fraude em cadastro social
Próximo Texto: PT mineiro nega apoio a projetos do governador
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.