São Paulo, segunda-feira, 04 de junho de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Controle de danos

Loucos para deixar Renan Calheiros (PMDB-AL) em paz, senadores avaliavam ontem que o fim de semana, longe de produzir um tiro de misericórdia, deu novo fôlego ao presidente da Casa, que conseguiu emplacar em duas revistas sua versão para o caso Mônica Veloso/Mendes Júnior. Para parlamentares governistas e da oposição, a divulgação de documentos financeiros de Renan ajudou -ainda que permaneçam dúvidas sobre a origem do dinheiro pago à jornalista.
Eles dizem, porém, que mais importante para caracterizar o colega como "vítima de chantagem" foi o vazamento selecionado de diálogos que reforçam o aspecto privado da história e passam ao largo do relacionamento de Renan com o lobista Claudio Gontijo.

Bola de cristal. Até o número exato de páginas do dossiê apócrifo com supostos diálogos Renan-Mônica era conhecido, já em meados da semana passada, no gabinete do presidente do Senado, que nega envolvimento na produção e/ou divulgação do material.

Na marra. O presidente do DEM, Rodrigo Maia, ajuda a reunir adesões à CPI da Navalha. Embora as assinaturas em seu partido pinguem a conta-gotas, o deputado assegurou aos responsáveis pela coleta que, se a instalação da comissão depender dos ex-pefelistas, tudo dará certo.

Nem a pau. Da bancada baiana do DEM, que tem entre seus integrantes Paulo Magalhães, acusado pela PF de receber R$ 20 mil do empreiteiro Zuleido Veras, apenas José Carlos Aleluia mandou avisar que vai assinar.

Voz rouca. Ouvidor da Câmara, Carlos Sampaio (PSDB-SP) solicitou à direção da Casa que lhe repasse todos os telefonemas registrados no serviço "Fale com o Deputado". É para computar os pedidos de instalação da CPI da Navalha.

Curto-circuito. Antes de embarcar para Londres, Lula disse a auxiliares que aproveitaria a viagem para analisar diferentes "cenários" para as mudanças que pretende realizar no setor elétrico, alvejado pelas descobertas da PF. O presidente demonstrou particular apreensão com a sucessão no comando de Furnas.

O filho é teu. Agora que a indicação de Mangabeira Unger para a Secretaria de Ações de Longo Prazo subiu no telhado, palacianos se apressam em divulgar a versão de que tudo não passou do desejo de Lula de atender a um pedido do vice José Alencar. Optaram por deixar de lado o fato de que a ida do professor de Harvard para o governo contou com o apoio entusiasmado de gente como a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Cesta básica. O Tribunal de Contas da União comprou, sem realizar licitação, TVs de plasma para todos os gabinetes. O procurador da República no TCU, Lucas Furtado, não deixou que instalassem o aparelho em sua sala.

Catequese. O deputado Carlos Wilson (PT-PE), ex-presidente da Infraero, aproveita o desinteresse momentâneo pelas CPIs do Apagão Aéreo para se reunir com parlamentares e preparar o terreno para seus depoimentos.

Babel. No que diz respeito à reforma política, a divisão interna no PT não obedece à lógica de tendências do partido. João Paulo Cunha, José Genoino e Antonio Palocci, do mesmo grupo em São Paulo, divergem sobre a questão do voto em lista fechada. Os dois primeiros são a favor; o ex-ministro da Fazenda, contra.

Longo caminho. Levantamentos preliminares sobre a eleição de 2008 em São Bernardo do Campo indicam que Luiz Marinho (PT) terá de comer muito frango com polenta para se tornar competitivo. Em pesquisa encomendada por um grupo adversário, o ministro da Previdência obteve 1% de menções espontâneas no berço político de Lula.

Tiroteio

O senador Renan Calheiros, que sempre defendeu a proibição das armas de fogo, deveria ter dedicado mais atenção às armas brancas, como a navalha.


De BENE BARBOSA , presidente da ONG Movimento Viva Brasil, ligada à área da segurança pública, sobre os elos entre o presidente do Senado e personagens apanhados na Operação Navalha.

Contraponto

Concorrência

Estrela de um seminário promovido pelo PSDB na semana passada em Brasília, Fernando Henrique Cardoso foi recebido pelos tucanos presentes ao evento com aplausos efusivos, os quais agradeceu, visivelmente satisfeito.
Encerrado o discurso do ex-presidente, o programa previa o dos governadores. Justamente nesse instante chegou Aécio Neves, um dos nomes que disputam a vaga do partido na eleição para o Planalto em 2010. A platéia ovacionou o mineiro, e FHC correu para o microfone:
-Aécio, acho melhor você sentar logo de uma vez, senão vai ganhar de mim em aplausos!


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