São Paulo, quinta, 4 de junho de 1998

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NO AR
Nike

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

Agora até Galvão Bueno ataca a Nike, o patrocinador da seleção. Foi ontem, na transmissão da Globo:
- A única razão de ter jogo aqui é o interesse do patrocinador.
Estava revoltado, em seu fervor nacionalista, contra o estádio pequeno, revolta que se confundia com a reação à falta de garra patriótica, ao jogo fraco etc.
Não foi só o locutor da Globo. Flávio Prado, da Jovem Pan e da Cultura, igualmente fervoroso:
- Uma partida claramente do interesse da Nike.
E tome cobrança de igual fervor nacionalista dos jogadores. De Ronaldo, Rivaldo, Roberto Carlos.
Não estão errados, no diagnóstico, os locutores e comentaristas. Ronaldo, Rivaldo, Roberto Carlos, Giovanni não são nacionalistas.
Não são "românticos", como quer e cobra a televisão -como se fosse, ela sim, honestamente nacionalista.
Ronaldo e demais estrelas são globais. Como Michael Jordan no basquete ou Tiger Woods no golfe, são frios, eficientes profissionais.
Encantam, só que para o prazer do consumidor e não a glória da pátria. Mas é o que exigem deles, como William Bonner, ao dizer:
- O capitão convoca os soldados para a guerra.
Expostos ao lado de "românticos" como Romário e Bebeto, de lágrimas e rancores, o contraste é de matar os locutores "românticos".
Os profissionais não choram. Têm a imagem, a vida pública dirigida por profissionais como eles. Outro dia, em "O Globo", o diretor de marketing da Nike dizia:
- Não sei se foi a Nike que descobriu o Ronaldo ou se foi ele que descobriu a Nike... Ronaldo, quando parar, será um executivo da empresa.
Um jogador multinacional. Com chuteiras Nike e não "a pátria em chuteiras".


E-mail: nelsonsa@uol.com.br



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