São Paulo, quinta-feira, 04 de julho de 2002

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Marrey nega falhas em apuração de promotores no caso Santo André

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Luiz Antônio Marrey, negou que tenha havido falhas na apuração de promotores de Santo André sobre corrupção na prefeitura local e o suposto recebimento pelo presidente do PT, deputado José Dirceu (SP), de R$ 1,2 milhão de propina. Marrey negou especialmente erro na indicação de testemunha secreta.
Na última segunda-feira, o ministro Nelson Jobim, do STF (Supremo Tribunal Federal), arquivou um pedido de abertura de inquérito contra José Dirceu feito pelo procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, com base na apuração dos promotores de Santo André (Grande São Paulo). Cópia da apuração havia sido entregue a Brindeiro pelo próprio Marrey.
Relator do caso, Jobim considerou que as informações colhidas na investigação eram inconsistentes e sem "idoneidade" para caracterizar "fortes indícios" contra o presidente do PT.
O ministro destacou a coincidência entre os depoimentos do médico João Francisco Daniel, autor da acusação contra Dirceu e irmão do prefeito assassinado Celso Daniel, e a testemunha secreta que confirmaria o teor das declarações dele.

Testemunha secreta
Marrey esclareceu ontem que essa coincidência existiu porque João Francisco era inicialmente uma testemunha secreta, e os autos da apuração contêm os dois depoimentos: um em que o nome dele está registrado em envelope lacrado e outro com referência pública.
Ele negou que, ao entregar a documentação a Brindeiro, tivesse a obrigação de deixar expressa a apresentação do depoimento de João Francisco de duas formas. "Talvez tenha faltado [a Jobim" familiaridade com esse procedimento [de identificação da testemunha em separado"."
"Temos obrigação de apresentar tudo. Poderia parecer que estivéssemos sonegando algum documento. Já havia dados suficientes que permitiriam perceber isso. Talvez tenha faltado explicação em letras maiúsculas", afirmou Marrey.
Jobim também criticou o fato de Gilberto Carvalho e Míriam Belchior, citados por João Francisco, não terem sido ouvidos. Marrey disse que a obrigação de ouvi-los era do Ministério Público Federal.
A Folha procurou ouvir Brindeiro, por meio de sua assessoria. Até o fechamento da edição, ele não havia respondido.
(SILVANA DE FREITAS)


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