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Advogado de Lula compara situação petista à de personagem de Kafka
XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL
O advogado Márcio Thomaz
Bastos, que defende o candidato
do PT à Presidência, Luiz Inácio
Lula da Silva, define a situação vivida pelos petistas, no caso do suposto esquema de propinas em
Santo André, como "pior que
Kafka" -o escritor tcheco Franz
Kafka (1883-1924) é autor de "O
Processo", livro no qual o personagem Joseph K. é acusado sem
que saiba do quê.
"Uma pessoa acusa na base do
"ouvir dizer" [João Francisco Daniel, irmão do prefeito assassinado de Santo André" e essa outra
suposta testemunha aparece de
forma anônima nos jornais", disse o advogado. "É pouco verossímil, é Kafka, é pior que Kafka."
Thomaz Bastos criticou a ação
do procurador-geral de Justiça de
São Paulo, Luiz Antônio Marrey:
"É meu amigo, tenho muito respeito por ele, mas não agiu com
felicidade nesse caso, ampliando
o "ouvi dizer" e conduzindo até o
[Geraldo" Brindeiro [procurador-geral da República", que com uma
prontidão inesperada levou ao
Supremo [Tribunal Federal"".
O advogado contesta o modo
como os promotores de Santo
André, que têm Marrey como
chefe no Ministério Público estadual, conduziram as investigações sobre suposta cobrança de
propina de empresários para financiar campanhas do PT.
Os eventuais culpados, relata
Thomaz Bastos, não foram ouvidos em nenhum momento. "Nem
sabiam do que estavam sendo
acusados. Ficaram sabendo pela
imprensa", disse. "Cadê o princípio do contraditório?"
O advogado, que faz parte da
equipe que defende o PT nas eleições, informou que o partido estuda a possibilidade de entrar
com ações na Justiça para tentar
reparar eventuais danos morais
causados pelas acusações.
O líder do PT na Câmara, João
Paulo Cunha, disse ontem que o
partido tem sido vítima de ilações
irresponsáveis no caso de Santo
André. "Agora até uma testemunha anônima de acusação tem espaço na imprensa", criticou o deputado. "Somos a favor das investigações até o fim. Se tiver culpado, vamos punir com rigor, mas
"ouvi dizer" não é suficiente para
condenar ninguém."
Cunha disse que o PT foi alvo
triplo de abusos: ao ter os telefones de dirigentes grampeados, na
espionagem da vida de Lula e com
ilações irresponsáveis no caso do
suposto esquema de Santo André.
Para ele, João Francisco Daniel,
o autor das acusações, tem sido
manipulado politicamente por
adversários dos petistas.
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