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DIPLOMACIA
Presidente do México defende fundamentos econômicos da era FHC
Discurso de Lula precisa ser
"mais convincente", diz Fox
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do México, Vicente Fox, disse ontem que o candidato do PT à Presidência, Luiz
Inácio Lula da Silva, precisa ser
"mais convincente" para o mercado acreditar que, caso eleito, ele
realmente vai manter os fundamentos da economia brasileira e
evitar mudanças bruscas.
Quando jornalistas disseram
que Lula já tem dado publicamente essa garantia, mas o mercado continua nervoso e desconfiado, Fox respondeu: "Como político, ele [Lula" tem que ser mais
convincente, e a imprensa, menos
resistente".
A conversa com três jornalistas
ocorreu depois de almoço com o
presidente Fernando Henrique
Cardoso, ministros, políticos e
empresários, no Itamaraty, em
Brasília. Foi a quinta vez, num só
dia, que o presidente do México
defendeu que o Brasil precisa
manter os princípios econômicos
estabelecidos pelo governo FHC.
Segundo ele, não são princípios
de um governo, "mas da nação".
E enumerou: bases econômicas
sólidas, com responsabilidade social, disciplina fiscal, controle da
inflação e abertura de mercado.
Como candidato de oposição,
tal como Lula é hoje no Brasil, Fox
não enfrentou durante sua campanha no México as mesmas desconfianças e os mesmos ataques
do mercado financeiro internacional que atingem hoje o candidato petista.
Sua explicação: "No México, os
fundamentos não estavam em
discussão". E acrescentou que
manter os fundamentos não é
questão de esquerda ou de direita,
elogiando o socialista espanhol
Felipe Gonzalez: "É um socialismo bem fundamentado".
"Sem candidato"
Apesar de repetir um discurso
que vem sendo utilizado pelo ministro Pedro Malan (Fazenda),
Fox deixou claro que, ao pregar a
manutenção "do rumo", não estava defendendo indiretamente o
candidato do governo, José Serra
(PSDB): "Eu não tenho candidato
no Brasil", disse. Ao seu lado,
FHC riu e brincou: "Nem eu".
Ao final de um café da manhã
com empresários, Fox já tinha dito quatro vezes que o Brasil deve
"manter o rumo". Em uma das
vezes em que repetiu sua receita,
ele comentava justamente o encontro que teria ao final da tarde
com os candidatos à sucessão de
FHC, inclusive Lula.
"O fundamental para nós é que
o Brasil tenha um rumo e uma
economia sólida e forte, que foi
muito exitosa nos últimos anos.
Portanto o Brasil deve conservar
seu rumo, o modelo sob o qual
trabalha, independentemente de
quem seja o candidato vencedor."
Ao comentar o encontro com os
empresários, Fox disse que o
acordo comercial firmado entre o
Brasil e o México vai gerar posições comuns em fóruns internacionais em várias áreas, como
ambiente e comércio, inclusive na
OMC (Organização Mundial do
Comércio). O sucesso desse acordo, porém, depende da manutenção das regras econômicas atuais.
"O México pode constatar a importância de manter o rumo,
manter as variáveis fundamentais
e de respeitar as regras que impõem os mercados e ao mesmo
tempo trabalhar intensamente o
comércio internacional."
Fox afirmou que foi baseado
nessa filosofia que o México teve e
tem tido êxito "para navegar em
tempos difíceis".
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