São Paulo, quinta-feira, 04 de julho de 2002

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DIPLOMACIA

Presidente do México defende fundamentos econômicos da era FHC

Discurso de Lula precisa ser "mais convincente", diz Fox

ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do México, Vicente Fox, disse ontem que o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, precisa ser "mais convincente" para o mercado acreditar que, caso eleito, ele realmente vai manter os fundamentos da economia brasileira e evitar mudanças bruscas.
Quando jornalistas disseram que Lula já tem dado publicamente essa garantia, mas o mercado continua nervoso e desconfiado, Fox respondeu: "Como político, ele [Lula" tem que ser mais convincente, e a imprensa, menos resistente".
A conversa com três jornalistas ocorreu depois de almoço com o presidente Fernando Henrique Cardoso, ministros, políticos e empresários, no Itamaraty, em Brasília. Foi a quinta vez, num só dia, que o presidente do México defendeu que o Brasil precisa manter os princípios econômicos estabelecidos pelo governo FHC.
Segundo ele, não são princípios de um governo, "mas da nação". E enumerou: bases econômicas sólidas, com responsabilidade social, disciplina fiscal, controle da inflação e abertura de mercado.
Como candidato de oposição, tal como Lula é hoje no Brasil, Fox não enfrentou durante sua campanha no México as mesmas desconfianças e os mesmos ataques do mercado financeiro internacional que atingem hoje o candidato petista.
Sua explicação: "No México, os fundamentos não estavam em discussão". E acrescentou que manter os fundamentos não é questão de esquerda ou de direita, elogiando o socialista espanhol Felipe Gonzalez: "É um socialismo bem fundamentado".

"Sem candidato"
Apesar de repetir um discurso que vem sendo utilizado pelo ministro Pedro Malan (Fazenda), Fox deixou claro que, ao pregar a manutenção "do rumo", não estava defendendo indiretamente o candidato do governo, José Serra (PSDB): "Eu não tenho candidato no Brasil", disse. Ao seu lado, FHC riu e brincou: "Nem eu".
Ao final de um café da manhã com empresários, Fox já tinha dito quatro vezes que o Brasil deve "manter o rumo". Em uma das vezes em que repetiu sua receita, ele comentava justamente o encontro que teria ao final da tarde com os candidatos à sucessão de FHC, inclusive Lula.
"O fundamental para nós é que o Brasil tenha um rumo e uma economia sólida e forte, que foi muito exitosa nos últimos anos. Portanto o Brasil deve conservar seu rumo, o modelo sob o qual trabalha, independentemente de quem seja o candidato vencedor."
Ao comentar o encontro com os empresários, Fox disse que o acordo comercial firmado entre o Brasil e o México vai gerar posições comuns em fóruns internacionais em várias áreas, como ambiente e comércio, inclusive na OMC (Organização Mundial do Comércio). O sucesso desse acordo, porém, depende da manutenção das regras econômicas atuais.
"O México pode constatar a importância de manter o rumo, manter as variáveis fundamentais e de respeitar as regras que impõem os mercados e ao mesmo tempo trabalhar intensamente o comércio internacional."
Fox afirmou que foi baseado nessa filosofia que o México teve e tem tido êxito "para navegar em tempos difíceis".


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