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Candidatos criticam Alca para Fox
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os quatro principais candidatos à Presidência da República
disseram ontem ao presidente do
México, Vicente Fox, que a Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas) só é viável se os Estados Unidos revisarem sua política
protecionista.
Fox recebeu Luiz Inácio Lula da
Silva (PT), José Serra (PSDB), Ciro Gomes (Frente Trabalhista
-PPS, PDT e PTB) e Anthony
Garotinho (PSB) na Embaixada
do México, em audiências separadas e privadas, e embarcou em seguida para Buenos Aires, para
participar da reunião de cúpula
do Mercosul.
O presidente mexicano disse a
Serra, segundo este, que é contrário aos subsídios agrícolas e às políticas protecionistas em relação
ao aço adotadas pelos EUA.
Serra disse ter reforçado que, se
os americanos se dispuserem a fazer "um comércio mais livre", o
Brasil adere à Alca.
Segundo ele, o México seria um
importante aliado do Brasil nas
discussões sobre a Alca com os
EUA devido à experiência do Nafta (área de livre comércio entre
EUA, México e Canadá).
Negociações
O candidato tucano à Presidência afirmou que não vê problema
em participar da rodada de negociações da Alca, que acontece no
dia 15 de janeiro, pois essa é uma
"discussão atual".
O Brasil também terá presença
garantida na reunião, caso o Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) vença as
eleições, segundo o presidente nacional do PT, José Dirceu. Ainda
assim, o petista frisou que a posição do partido é de crítica ao acordo comercial com o governo dos
EUA devido às medidas protecionistas atuais.
"Pelas medidas protecionistas
que já estão sendo implantadas
pelo governo norte-americano,
pela autorização de propostas comerciais limitada a decisões do
Congresso, o próprio governo
americano está inviabilizando a
Alca", disse Dirceu.
Lula deixou a embaixada sem
dar entrevistas. Segundo Dirceu,
que falou em seu lugar, Lula estava atrasado para pegar um avião.
Condição
Ciro condicionou a entrada do
país na Alca à redução dos desequilíbrios entre as economias e citou a diferença na taxa de juros
como exemplo.
"O livre comércio com desigualdades nas condições de financiamento destrói empregos e a base
produtiva do país. O Brasil não
aceita se desindustrializar", disse.
Ciro pediu apoio a Fox para o
adiamento da rodada de 15 de janeiro da Alca.
Segundo o presidenciável da
Frente Trabalhista, o próximo
presidente ainda não terá condições de discutir o assunto logo depois de tomar posse.
"Se eu for presidente, a reunião
não será conclusiva", afirmou.
Fortalecimento
O presidenciável Anthony Garotinho (PSB) defendeu o fortalecimento das relações comerciais
entre Brasil e México e criticou os
subsídios que os Estados Unidos
concedem aos produtos agrícolas
e ao aço.
"É preciso que o governo americano dê um gesto na direção de
modificar suas barreiras protecionistas para que possa haver uma
posição de maior isonomia", afirmou o candidato do PSB.
Até anteontem, Garotinho era o
único candidato convidado a se
encontrar com o presidente mexicano que não havia confirmado
sua presença, alegando problemas de agenda.
De manhã, Fox disse que tomou
a iniciativa de convidar os presidenciáveis para uma conversa
porque é importante conhecer o
panorama geral da situação política do Brasil.
"É estratégico para nós conhecer o pensamento desses candidatos e saber até onde vão suas propostas", afirmou o mexicano.
Na saída da embaixada, Garotinho, Ciro Gomes e José Dirceu
criticaram declarações dadas antes por José Serra, em entrevista
coletiva, quando o tucano voltou
a atacar a atitude dos candidatos
de oposição em relação à política
econômica do governo FHC.
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