São Paulo, quinta-feira, 04 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Candidatos criticam Alca para Fox

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os quatro principais candidatos à Presidência da República disseram ontem ao presidente do México, Vicente Fox, que a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) só é viável se os Estados Unidos revisarem sua política protecionista.
Fox recebeu Luiz Inácio Lula da Silva (PT), José Serra (PSDB), Ciro Gomes (Frente Trabalhista -PPS, PDT e PTB) e Anthony Garotinho (PSB) na Embaixada do México, em audiências separadas e privadas, e embarcou em seguida para Buenos Aires, para participar da reunião de cúpula do Mercosul.
O presidente mexicano disse a Serra, segundo este, que é contrário aos subsídios agrícolas e às políticas protecionistas em relação ao aço adotadas pelos EUA.
Serra disse ter reforçado que, se os americanos se dispuserem a fazer "um comércio mais livre", o Brasil adere à Alca.
Segundo ele, o México seria um importante aliado do Brasil nas discussões sobre a Alca com os EUA devido à experiência do Nafta (área de livre comércio entre EUA, México e Canadá).

Negociações
O candidato tucano à Presidência afirmou que não vê problema em participar da rodada de negociações da Alca, que acontece no dia 15 de janeiro, pois essa é uma "discussão atual".
O Brasil também terá presença garantida na reunião, caso o Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença as eleições, segundo o presidente nacional do PT, José Dirceu. Ainda assim, o petista frisou que a posição do partido é de crítica ao acordo comercial com o governo dos EUA devido às medidas protecionistas atuais.
"Pelas medidas protecionistas que já estão sendo implantadas pelo governo norte-americano, pela autorização de propostas comerciais limitada a decisões do Congresso, o próprio governo americano está inviabilizando a Alca", disse Dirceu.
Lula deixou a embaixada sem dar entrevistas. Segundo Dirceu, que falou em seu lugar, Lula estava atrasado para pegar um avião.

Condição
Ciro condicionou a entrada do país na Alca à redução dos desequilíbrios entre as economias e citou a diferença na taxa de juros como exemplo.
"O livre comércio com desigualdades nas condições de financiamento destrói empregos e a base produtiva do país. O Brasil não aceita se desindustrializar", disse.
Ciro pediu apoio a Fox para o adiamento da rodada de 15 de janeiro da Alca.
Segundo o presidenciável da Frente Trabalhista, o próximo presidente ainda não terá condições de discutir o assunto logo depois de tomar posse.
"Se eu for presidente, a reunião não será conclusiva", afirmou.

Fortalecimento
O presidenciável Anthony Garotinho (PSB) defendeu o fortalecimento das relações comerciais entre Brasil e México e criticou os subsídios que os Estados Unidos concedem aos produtos agrícolas e ao aço.
"É preciso que o governo americano dê um gesto na direção de modificar suas barreiras protecionistas para que possa haver uma posição de maior isonomia", afirmou o candidato do PSB.
Até anteontem, Garotinho era o único candidato convidado a se encontrar com o presidente mexicano que não havia confirmado sua presença, alegando problemas de agenda.
De manhã, Fox disse que tomou a iniciativa de convidar os presidenciáveis para uma conversa porque é importante conhecer o panorama geral da situação política do Brasil.
"É estratégico para nós conhecer o pensamento desses candidatos e saber até onde vão suas propostas", afirmou o mexicano.
Na saída da embaixada, Garotinho, Ciro Gomes e José Dirceu criticaram declarações dadas antes por José Serra, em entrevista coletiva, quando o tucano voltou a atacar a atitude dos candidatos de oposição em relação à política econômica do governo FHC.



Texto Anterior: Diplomacia: Discurso de Lula precisa ser "mais convincente", diz Fox
Próximo Texto: Governo Bush diz que prioriza América Latina
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.