São Paulo, domingo, 04 de julho de 2004

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MENINOS MALUFINHOS

Garotos de 15 e 17 anos cancelam futebol para acompanhar Maluf

Irmãos madrugam por ex-prefeito

DA REPORTAGEM LOCAL

Nada de Ronaldinho. O ídolo mesmo dos irmãos Alberto Haddad, 17, e Antonio Haddad Filho, 15, chama-se Paulo Maluf.
Eles não são parentes nem trabalham para o ex-prefeito, mas cultuam sua imagem, madrugam para acompanhá-lo pela periferia de São Paulo, colecionam objetos de campanhas antigas e repetem com precisão o seu discurso de campanha.
Filhos de um amigo de Reynaldo de Barros, antigo correligionário de Maluf, os dois são conhecidos pela equipe do ex-prefeito como os "meninos malufinhos". Se Maluf tem visitas políticas ou reunião partidária, desmarcam o futebol do clube, levantam mais cedo, procuram uma carona, e, quase sempre, chegam antes do ex-prefeito. Vestidos com camisa, calça de pregas e sapato social.
Foi o que aconteceu no domingo passado, às 9h, quando assistiram à convenção do PP. "Não somos diferentes. Só entendemos que, como jovens, devemos apoiar Maluf, que é um homem futurista e empreendedor", disse Alberto.
A presença dos meninos chama a atenção em meio ao grupo malufista, cuja maioria já passou da casa dos 40. Segundo o Datafolha, os jovens são os que mais rejeitam Maluf -57% dos entrevistados com 16 a 25 anos disseram que não votariam nele de jeito nenhum. "Isso é injusto. Nenhum político fez tanta coisa para os jovens quanto Maluf. Ele obrigou o uso do cinto de segurança pensando em nós", disse Alberto, que votará pela primeira vez neste ano.
Esta é a terceira campanha que Alberto acompanha. Estava por perto em 2000 e em 2002, quando Maluf disputou e perdeu, respectivamente, a prefeitura e o Estado.
As derrotas não impediram que ele e o irmão caçula montassem um verdadeiro museu de relíquias malufistas. Eles têm um chaveiro de Maluf governador biônico em 1978, um broche de Maluf deputado federal em 1982, um rolo de adesivos da campanha de 1986, quando perdeu o governo, e o trevo, símbolo da campanha de 1992, que ele ganhou para prefeito. Tudo é guardado em uma caixa de papelão abarrotada de papéis, santinhos, camisetas e bonés.
O irmão mais novo assumiu a "paixão" neste ano. "Agora me interesso mais por política. Antes só queria jogar futebol", diz Antonio, que ainda não vota.
Questionados sobre os 20 quilos de documentos bancários suíços, que citam a família Maluf como beneficiária de recursos no exterior, eles se mostram irritados. "É tudo mentira", diz Alberto. "É armação do Ministério Público", repete Antonio. "É exagero da imprensa", continua o irmão mais velho.
(LILIAN CHRISTOFOLETTI)


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