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MENINOS MALUFINHOS
Garotos de 15 e 17 anos cancelam futebol para acompanhar Maluf
Irmãos madrugam por ex-prefeito
DA REPORTAGEM LOCAL
Nada de Ronaldinho. O ídolo
mesmo dos irmãos Alberto
Haddad, 17, e Antonio Haddad
Filho, 15, chama-se Paulo Maluf.
Eles não são parentes nem trabalham para o ex-prefeito, mas
cultuam sua imagem, madrugam para acompanhá-lo pela
periferia de São Paulo, colecionam objetos de campanhas antigas e repetem com precisão o
seu discurso de campanha.
Filhos de um amigo de Reynaldo de Barros, antigo correligionário de Maluf, os dois são
conhecidos pela equipe do ex-prefeito como os "meninos malufinhos". Se Maluf tem visitas
políticas ou reunião partidária,
desmarcam o futebol do clube,
levantam mais cedo, procuram
uma carona, e, quase sempre,
chegam antes do ex-prefeito.
Vestidos com camisa, calça de
pregas e sapato social.
Foi o que aconteceu no domingo passado, às 9h, quando
assistiram à convenção do PP.
"Não somos diferentes. Só entendemos que, como jovens, devemos apoiar Maluf, que é um
homem futurista e empreendedor", disse Alberto.
A presença dos meninos chama a atenção em meio ao grupo
malufista, cuja maioria já passou da casa dos 40. Segundo o
Datafolha, os jovens são os que
mais rejeitam Maluf -57% dos
entrevistados com 16 a 25 anos
disseram que não votariam nele
de jeito nenhum. "Isso é injusto.
Nenhum político fez tanta coisa
para os jovens quanto Maluf.
Ele obrigou o uso do cinto de segurança pensando em nós", disse Alberto, que votará pela primeira vez neste ano.
Esta é a terceira campanha
que Alberto acompanha. Estava
por perto em 2000 e em 2002,
quando Maluf disputou e perdeu, respectivamente, a prefeitura e o Estado.
As derrotas não impediram
que ele e o irmão caçula montassem um verdadeiro museu
de relíquias malufistas. Eles têm
um chaveiro de Maluf governador biônico em 1978, um broche
de Maluf deputado federal em
1982, um rolo de adesivos da
campanha de 1986, quando perdeu o governo, e o trevo, símbolo da campanha de 1992, que ele
ganhou para prefeito. Tudo é
guardado em uma caixa de papelão abarrotada de papéis, santinhos, camisetas e bonés.
O irmão mais novo assumiu a
"paixão" neste ano. "Agora me
interesso mais por política. Antes só queria jogar futebol", diz
Antonio, que ainda não vota.
Questionados sobre os 20 quilos de documentos bancários
suíços, que citam a família Maluf como beneficiária de recursos no exterior, eles se mostram
irritados. "É tudo mentira", diz
Alberto. "É armação do Ministério Público", repete Antonio.
"É exagero da imprensa", continua o irmão mais velho.
(LILIAN CHRISTOFOLETTI)
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