São Paulo, terça-feira, 04 de julho de 2006

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Ex-governador de Minas, Newton afirma que é amigo "de botequim" de presidente

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O ex-governador mineiro Newton Cardoso, 68, está de volta à cena política dizendo ser amigo "de lutas sociais e de botequim" de Lula. Ele derrotou Itamar Franco na convenção do PMDB e disputará o Senado. Ressurge aliado ao PT, partido que sempre o combateu, acusando-o de "corrupto", e que pediu seu impeachment quando ele governou Minas (1987-1991). Na última quarta, Newton obteve o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Contagem (MG) e, na sexta, o PT de Minas atendeu, a contragosto, ao apelo de Lula. (PAULO PEIXOTO)  

FOLHA- O sr. foi candidato ao governo em 2002 sem o apoio do então governador Itamar Franco, de quem era vice. Teve baixa votação e agora volta ao cenário político derrotando Itamar com quase 70% dos votos do PMDB. Foi uma vingança?
NEWTON CARDOSO
- Olha, eu não quero falar sobre o passado. Eu absorvi todo esse problema do Itamar. Eu quero que ele venha compor o meu palanque. Ele será convidado oficialmente para ser deputado federal. O Itamar é muito jovem ainda para abdicar da vida pública. Essa oportunidade é única para ele, para ser um dos deputados mais votados em Minas.

FOLHA - Essa volta do sr. se dá ao lado do PT, partido que o combateu muito no passado e que agora aprovou a aliança com dificuldade.
NEWTON
- Vou contar a você a verdade: se eu fosse um homem desonesto, eu estaria preso. Porque nenhum homem desse país foi tão denunciado como eu por nada. O que me levou ao impeachment foi um problema de jegue, que eu comprei quando prefeito de Contagem [para fazer passeios com crianças]. Eu mandei comprar lá dez jegues. E dez pulseiras de ouro que eu dei no dia da secretária, que valem hoje R$ 1.500. A minha vida pública é muito transparente. Sou empresário há 50 anos. Vou lançar um livro no próximo mês sobre minha vida. O PT, quando denunciou isso, foi usando a oportunidade de um certo órgão de imprensa. Isso passou, e hoje o PT está ao nosso lado porque sabe que eu tenho uma vida pública ilibada.

FOLHA - Como foram os contatos com Lula? É uma aliança para ficar em um eventual segundo mandato?
NEWTON
- Um jornal nacional ["O Globo"] disse que eu fiquei amigo do Lula. Parece que eu sou amigo do Lula a partir de quarta-feira. Esqueceram das lutas sociais com o Lula no Vale do Aço, tomando cachaça lá, em botequim, comendo sanduíche frio. Eu gozando o Lula porque ele estava com uma meia de italiana, eu mandando para ele charuto, mandando para ele cachaça. E eu não sou palaciano. Se eu fosse palaciano, eu estaria lá, batendo palma para o Lula. Nunca fui lá no palácio. Convidado eu fui por ele. Não quero cargo, não vou querer cargo no futuro. Quero é que o PMDB ajude a governar esse país.


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