|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ex-governador de Minas, Newton afirma que é amigo "de botequim" de presidente
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO
HORIZONTE
O ex-governador mineiro
Newton Cardoso, 68, está de
volta à cena política dizendo
ser amigo "de lutas sociais e de
botequim" de Lula. Ele derrotou Itamar Franco na convenção do PMDB e disputará o Senado. Ressurge aliado ao PT,
partido que sempre o combateu, acusando-o de "corrupto",
e que pediu seu impeachment
quando ele governou Minas
(1987-1991). Na última quarta,
Newton obteve o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Contagem (MG) e, na
sexta, o PT de Minas atendeu, a
contragosto, ao apelo de Lula.
(PAULO PEIXOTO)
FOLHA- O sr. foi candidato ao governo em 2002 sem o apoio do então governador Itamar Franco, de
quem era vice. Teve baixa votação e
agora volta ao cenário político derrotando Itamar com quase 70% dos
votos do PMDB. Foi uma vingança?
NEWTON CARDOSO - Olha, eu não
quero falar sobre o passado. Eu
absorvi todo esse problema do
Itamar. Eu quero que ele venha
compor o meu palanque. Ele
será convidado oficialmente
para ser deputado federal. O
Itamar é muito jovem ainda para abdicar da vida pública. Essa
oportunidade é única para ele,
para ser um dos deputados
mais votados em Minas.
FOLHA - Essa volta do sr. se dá ao
lado do PT, partido que o combateu
muito no passado e que agora aprovou a aliança com dificuldade.
NEWTON - Vou contar a você a
verdade: se eu fosse um homem
desonesto, eu estaria preso.
Porque nenhum homem desse
país foi tão denunciado como
eu por nada. O que me levou ao
impeachment foi um problema
de jegue, que eu comprei quando prefeito de Contagem [para
fazer passeios com crianças].
Eu mandei comprar lá dez jegues. E dez pulseiras de ouro
que eu dei no dia da secretária,
que valem hoje R$ 1.500. A minha vida pública é muito transparente. Sou empresário há 50
anos. Vou lançar um livro no
próximo mês sobre minha vida.
O PT, quando denunciou isso, foi usando a oportunidade
de um certo órgão de imprensa.
Isso passou, e hoje o PT está ao
nosso lado porque sabe que eu
tenho uma vida pública ilibada.
FOLHA - Como foram os contatos
com Lula? É uma aliança para ficar
em um eventual segundo mandato?
NEWTON - Um jornal nacional
["O Globo"] disse que eu fiquei
amigo do Lula. Parece que eu
sou amigo do Lula a partir de
quarta-feira. Esqueceram das
lutas sociais com o Lula no Vale
do Aço, tomando cachaça lá, em
botequim, comendo sanduíche
frio. Eu gozando o Lula porque
ele estava com uma meia de italiana, eu mandando para ele
charuto, mandando para ele cachaça. E eu não sou palaciano.
Se eu fosse palaciano, eu estaria
lá, batendo palma para o Lula.
Nunca fui lá no palácio. Convidado eu fui por ele. Não quero
cargo, não vou querer cargo no
futuro. Quero é que o PMDB
ajude a governar esse país.
Texto Anterior: Auxiliares de Lula vão atuar na campanha Próximo Texto: Perillo reafirma que petista foi avisado sobre mensalão Índice
|