São Paulo, terça-feira, 04 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Perillo reafirma que petista foi avisado sobre mensalão

Governador licenciado do PSDB depôs ontem na PF

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador licenciado de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), reafirmou ontem, em depoimento à Polícia Federal, que contou pessoalmente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter ouvido rumores sobre a existência do mensalão.
No depoimento, Perillo disse que o tema chegou ao seu conhecimento por meio da deputada Raquel Teixeira (PSDB-GO), que teria recebido do deputado Sandro Mabel (PL-GO) uma proposta de R$ 1 milhão para mudar de partido.
As declarações praticamente repetem o conteúdo de uma carta enviada por Perillo ao Conselho de Ética da Câmara, em 26 de julho do ano passado, quando o órgão investigava o envolvimento de parlamentares com as práticas ilegais.
Na carta, Perillo afirma: "Relatei ao senhor presidente da República que ouvira rumores sobre a existência de mesada a parlamentares em conversas informais em Brasília, porém sem provas concretas. Repeti o inteiro teor das informações que havia recebido. O senhor presidente da República disse que não tinha conhecimento e que ia tomar as providências que o assunto requeria. Como não tive mais informações a respeito, e certo de que havia levado o assunto ao conhecimento da maior autoridade e mais alto magistrado do país, e como também não tinha provas concretas, resolvi dar por encerrado o assunto".
A conversa, segundo Perillo, ocorreu em 5 de maio de 2004, quando, ainda governador, recebeu o presidente para uma solenidade em Rio Verde (GO).
O depoimento é parte dos esforços para aprofundar as investigações sobre o mensalão. Em março, o procurador-geral da República denunciou 40 pessoas investigadas nesse inquérito sob acusação de corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e peculato.
A carta foi ignorada na denúncia e também no relatório da CPI dos Correios, que investigava o mensalão. O documento encaminhado por Perillo citava duas testemunhas que poderiam confirmar o teor da conversa. De acordo com ele, o motorista e o chefe da Segurança Presidencial presenciaram seu diálogo com o presidente.
Ontem, em frente à sede da PF em Brasília, Perillo tentou despistar a imprensa. Licenciado do cargo para disputar uma vaga no Senado, ele disse ter ido à PF para pleitear a instalação de uma delegacia em Luziânia (GO). Apresentou como seu interlocutor o nome do delegado Luiz Flávio Zampronha, que preside o inquérito do mensalão e atua na Corregedoria, uma área que nada tem a ver com abertura de novas delegacias.


Texto Anterior: Ex-governador de Minas, Newton afirma que é amigo "de botequim" de presidente
Próximo Texto: Eleições 2006/Presidência: Equipe de Lembo faz "bico" para Alckmin
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.