São Paulo, quarta-feira, 04 de julho de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

A ratoeira

Renan Calheiros (PMDB-AL) pode "não arredar pé" da cadeira, como prometeu, mas cresce entre seus aliados a opinião de que o senador deveria inventar uma desculpa qualquer para não presidir a sessão do Congresso que votará a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2008, pré-requisito para o início do recesso.
Eles sabem que o constrangimento a que Renan foi submetido ontem, com 14 colegas pedindo em plenário seu afastamento da presidência do Senado, não é nada perto do que está no forno para a votação da LDO. Deputados de um conjunto de partidos que inclui PSDB, DEM, PSOL, PV e PPS prometem obstruir os trabalhos caso Renan esteja na Mesa.

Alto risco. Como as mais concorridas sessões do Congresso costumam ocorrer no plenário da Câmara, Renan corre o risco de ouvir, durante a votação da LDO, algo na linha do "caladinho aí" que Fernando Gabeira (PV-RJ) lançou sobre Severino Cavalcanti (PP-PE) dois anos atrás.

Passo atrás. O PT está na operação salva-Renan, mas não ficará com ele incondicionalmente. Aloizio Mercadante disse a colegas que o arquivamento do caso seria "suicídio". O petista foi um dos articuladores da devolução do abacaxi ao Conselho de Ética.

A serviço. Na reunião da Mesa Diretora que remeteu o o processo de volta ao Conselho, a secretária-geral, Cláudia Lyra, opinou que a eventual votação em plenário poderia ser secreta, sob o argumento de que já haveria processo disciplinar em curso.

Controle remoto. Renan telefonou para vários membros da Mesa durante a reunião. No final, deixou claro para mais de um senador que não gostou do resultado.

TV do Renan. Enquanto a imagem da TV Senado mostrava o plenário pegando fogo na tarde de ontem, corria na parte inferior da tela o texto: "Renan diz que não há crise".

Cadê ? Os peemedebistas José Sarney (AP) e Roseana Sarney (MA) foram os únicos cardeais ausentes à sessão de ontem no Senado, na qual o aliado Renan foi pego por seus pares de calça curta.

Silenciosa. A tropa de choque de Renan não se assusta com os 14 senadores que pediram seu afastamento no plenário. Argumentam que mais vale o silêncio de parte da oposição, indicador de maioria favorável ao presidente.

Pelo telefone. Enquanto Renan era questionado em plenário, Eduardo Suplicy (PT-SP) acertava com Leomar Quintanilha (PMDB-TO), pelo celular, a reativação ainda ontem do Conselho de Ética. Em recente reunião do órgão, ligou para a mulher de Epitácio Cafeteira (PTB-MA) para reverter a renúncia do colega à relatoria do caso.

Ao mar. Deputados do PMDB, que ainda não jogaram Renan do barco, tratam de rifar Joaquim Roriz (DF). Já firmaram convicção de que o cheque de R$ 2,2 milhões de Nenê Constantino era pagamento de favores feitos pelo governo Roriz ao empresário.

Se vira. A embaixada do Brasil na Venezuela pediu aos responsáveis locais pela organização da Copa América ingressos para os jogos da seleção. Não recebeu nenhum.

Outro lado. Patrus Ananias diz não ter visto fila no restaurante onde almoçou com sua mulher no sábado em Brasília. Acrescenta que, ao chegar, não se identificou como ministro, apenas perguntando se determinada mesa, que estava vaga, poderia ser ocupada. Um funcionário respondeu afirmativamente.

Lá e cá. O PSDB fará ato de desagravo ao líder dos tucanos na Assembléia paulista, Mauro Bragato. Ele é acusado de receber propina em esquema de fraudes na CDHU.

Tiroteio

"Agora deu para entender a sucessão de escândalos envolvendo o governo: era para competir com o crime organizado."


Do historiador MARCO ANTONIO VILLA sobre a frase de Lula, segundo quem o governo precisa "competir com o crime organizado", porque "se o Estado não dá condições ao povo, o narcotráfico dá".

Contraponto

Mesma língua

Em 2002, o então prefeito de Presidente Prudente, Agripino Lima (DEM) , bloqueou a estrada por onde passaria uma marcha dos sem-terra. Com receio de conflito, o governo enviou o sindicalista Paulo Pereira da Silva, hoje deputado pelo PDT, para mediar o impasse.
Ele foi primeiro à prefeitura do município paulista.
-Não recuo. É um jeito de minha gestão aparecer-, disse o prefeito, que em seguida saiu para dar entrevistas.
Paulinho, então, procurou o líder do MST José Rainha Jr., a quem sugeriu a abertura de diálogo com o prefeito.
-Sem acordo. É um jeito de o movimento aparecer-, cortou Rainha, que logo depois começou a dar entrevistas.


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