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Ministros defendem Rondeau, que pode retornar ao governo
Presidente considera que ex-ministro de Minas e Energia foi injustiçado e estuda reconduzi-lo para o antigo posto
"Silas não tem culpa", afirma Walfrido; Tarso diz que não viu "nenhum delito", mas PF espera que Rondeau seja acusado pela Procuradoria
ANDRÉA MICHAEL
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os ministros Tarso Genro
(Justiça) e Walfrido dos Mares
Guia (Relações Institucionais)
defenderam ontem o ex-colega
das Minas e Energia Silas Rondeau, apontado pela PF (Polícia
Federal) como beneficiário de
uma propina de R$ 100 mil da
empreiteira Gautama.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cogita renomear
Rondeau para o antigo posto,
por avaliar que não há prova de
que ele tenha cometido crime.
"Examinei as peças depois
que o processo se tornou público. Eu particularmente não vi,
até agora, nenhum delito que
pudesse ser imputado ou provado contra o ministro Silas
Rondeau", disse Tarso, após
participar em Brasília da cerimônia de formatura de 749 policiais federais e também do
lançamento da pedra fundamental da futura Escola Superior de Polícia Federal.
"Não vi. Agora, eu não sou a
autoridade adequada para fazer
um juízo. Tem que aguardar o
Ministério Público e o Judiciário", disse o titular da Justiça.
A Gautama, segundo a PF, capitaneou um esquema de fraude a licitações em obras públicas, comandada pelo empreiteiro Zuleido Veras. Rondeau
pediu demissão depois que foi
divulgado um vídeo do circuito
interno do Ministério de Minas
e Energia, apreendido pela PF,
que mostrava a funcionária da
Gautama Maria de Fátima Palmeira entrando no órgão. Para
a PF, a funcionária levava uma
propina de R$ 100 mil que seria
entregue ao próprio ministro.
Já se antecipando a uma
eventual necessidade de se defender de uma acusação formal
do Ministério Público, Rondeau contratou o perito da Unicamp Ricardo Molina para analisar as imagens do circuito de
segurança, que registram o momento em que a diretora da
Gautama, com um envelope na
mão, se encontra com Ivo Costa, ex-assessor de Rondeau. Segundo Molina, seria impossível
haver R$ 100 mil no envelope
carregado por Maria de Fátima.
Walfrido afirmou que "Silas
[Rondeau] não tem culpa de
natureza nenhuma". Segundo
ele, Rondeau pediu para sair
para evitar desgaste para o governo e "não se provou nada".
No relato de auxiliares que
pediram para não ter o nome
revelado, Lula estaria sentindo
"incômodo" pela saída de Rondeau. Acha que ele foi "injustiçado". A Folha apurou que a
recondução de Rondeau dependerá de diligência da PF a
ser feita e de eventual denúncia
do Ministério Público.
Na cúpula do governo, acredita-se que ele não será denunciado. Na Polícia Federal, a expectativa é que Rondeau deva
estar entre as pessoas que serão denunciadas pelo Ministério Público ao Superior Tribunal de Justiça, no qual tramita
o inquérito relacionado à Operação Navalha. Se a denúncia
se confirmar, será um complicador ao retorno de Rondeau.
O desejo de trazer Silas de
volta explica o motivo de Lula
não ter confirmado Márcio
Zimmermann, do segundo escalo das Minas e Energia, como
titular da pasta. Zimmermann
foi apoiado pelo PMDB, sigla
em cuja cota está o ministério.
Defesa do grampo
Tarso defendeu o uso das escutas telefônicas como "um
instrumento fundamental do
Estado de Direito, porque substituem meios de investigação
que são renegados, como a
pressão, a força e até a violência
para obter depoimentos". Ao
comentar a reformulação da lei
de escutas, que está em debate
no âmbito do Ministério da
Justiça, Tarso afirmou: "Enganam-se aqueles que pensam
que esse grupo [de debate] vai
despotencializar as escutas".
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