São Paulo, domingo, 04 de agosto de 2002

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Influência de debate sobre o voto é relativa

DA REPORTAGEM LOCAL

Desde Kennedy x Nixon, é comum ouvir que um candidato ganhou ou perdeu determinada eleição por causa de seu desempenho no debate.
A idéia não procede mesmo no exemplo clássico. Dos quatro confrontos da campanha de 1960 nos EUA, apenas o primeiro foi vencido por John Kennedy, eleito presidente naquele ano por diferença mínima. Telespectadores deram vitória a Richard Nixon no terceiro. Nos outros dois houve empate.
Estudos mostram que esses programas provocaram pouquíssima transferência de votos.
Isso não significa que os debates careçam de importância, explica Orjen Olsén, diretor do instituto Ipsos Opinion.
Eles chamam a atenção do público para a discussão eleitoral, reforçam convicções dos eleitores, podem modificar a imagem pessoal de candidatos e influir na agenda da campanha, além de ajudar a construir confiança no processo democrático.
Mas não resultam em movimentos maciços de intenção de voto, mesmo nos casos em que há claro vencedor do confronto.
Olsen cita como exemplo o debate entre Mário Covas e Paulo Maluf no segundo turno da sucessão paulista em 1998.
Pesquisas indicam que tanto a recuperação da imagem do governador quanto a deterioração da de seu adversário estavam em curso há semanas quando os dois se enfrentaram na TV.
"O debate apenas catalisou percepções que já estavam em processo de disseminação no eleitorado", afirma.
Mesmo no famoso caso Collor x Lula no segundo turno da eleição presidencial de 1989, "não há evidência empírica de que o debate tenha exercido influência significativa sobre o resultado das urnas", diz Olsén, independentemente do enviesamento da edição do programa apresentada no "Jornal Nacional".
O diretor do Ipsos vê com otimismo a realização de um encontro de primeiro turno com apenas quatro candidatos. "Cresce a chance de confronto real, em vez de pseudodebates como tantos que tivemos."
Mas ele recomenda cautela com a profusão de pesquisas para determinar o vencedor. "O resultado geral não tem significado." Para tirar alguma conclusão, diz, é preciso analisar também a composição da audiência.
Aos candidatos interessa saber como se saíram não apenas entre seus eleitores, mas também entre os simpatizantes dos adversários. Só assim é possível avaliar o saldo do evento. (RLP)


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