São Paulo, domingo, 04 de agosto de 2002

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ELEIÇÕES 2002 - DATAFOLHA

34% dos que declaram como pretendem votar em outubro não estão "totalmente decididos", mostra pesquisa

Um terço dos eleitores admite mudar voto

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

RENATO FRANZINI
DA REDAÇÃO

Um terço dos eleitores que já escolheram como votar para presidente nas eleições de outubro admite que pode mudar de idéia, revela pesquisa Datafolha.
O levantamento foi feito na última terça-feira, com 2.477 pessoas em 127 cidades. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Dos entrevistados, 94% manifestaram preferência por um dos candidatos ou disseram que iam votar em branco/nulo. Deste universo, 34% disseram que seu "voto ainda pode mudar", enquanto 63% afirmaram estar "totalmente decididos". Outros 3% não souberam responder.
O resultado, segundo o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, reflete uma tendência do eleitorado. "No Brasil, o eleitor cada vez mais deixa para decidir nos últimos dias. E nesta eleição existe um fator a mais que é a imprevisibilidade. Nunca se verificou variação tão grande de intenções de voto como nesta", diz.

Voto consolidado
Dos quatro principais candidatos, o que tem perfil de voto mais "consolidado", segundo o instituto, é Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Entre seus eleitores declarados, 72% dizem estar totalmente decididos e 26%, não. O petista teve 33% das intenções de voto.
"Os números vêm confirmar que parte expressiva do eleitorado de Lula é fiel, o que dá a ele um piso mínimo. O candidato só deixa de ir ao segundo turno se houver um fato excepcionalmente negativo para ele", diz o cientista político Fábio Wanderley Reis, professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
Ciro Gomes (PPS), que registrou subida expressiva na última pesquisa, e José Serra (PSDB), que apresenta tendência de queda, têm eleitorado menos consistente que o do petista.
Dos eleitores de Ciro, 35% admitem mudar o voto. No caso de Serra, o percentual é de 43%.
Já Anthony Garotinho (PSB) apresenta 61% de voto "consolidado" e 35% de voto sujeito a mudança. "Mas dá para dizer que ele tem menos chances de subir, considerando que suas intenções de voto estão concentradas no eleitorado evangélico e no Rio de Janeiro", diz Paulino, do Datafolha.
Paulino afirma que os números devem ser lidos com cautela, porque representam a realidade de hoje e não são imutáveis. Mesmo eleitores que se dizem hoje "totalmente decididos" podem mudar de opinião amanhã em virtude dos fatos novos que a campanha trouxer. Essa movimentação é apenas mais difícil, mas não impossível.

Eleitorado antigo
O Datafolha constatou ainda que o eleitorado de Lula é também "mais antigo" -ou seja, decidiu-se pelo petista há mais tempo, o que seria outro indicativo de pouca volatilidade. Dos que tencionam apoiar o petista, 85% decidiram-se por ele há mais de um mês e apenas 7% há uma semana. Sempre lembrando que a pesquisa foi feita em 30 de julho.
Entre os apoiadores de Ciro, 64% o escolheram há mais de um mês, mas 13% há apenas uma semana -realidade condizente com o fato de ele ter subido rapidamente nas pesquisas.
Já o candidato tucano apresenta percentual semelhante ao de Ciro entre os que decidiram há mais de um mês (65%), mas apresenta taxa maior entre os que se decidiram há uma semana (18%). Garotinho tem 77% do eleitorado decidido há mais de um mês e 10% há uma semana.


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