São Paulo, quarta-feira, 04 de agosto de 2004

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NA MIRA

Presidente do BB diz, porém, que seu ingresso não estava na cota de R$ 70 mil comprada pelo banco para funcionários

Em defesa, Casseb admite ida a show do PT

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No momento em que está sendo bombardeado no Senado, inclusive com o pedido de sua demissão, o presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, confirmou que compareceu ao polêmico show da dupla sertaneja Zezé Di Camargo & Luciano, realizado em Brasília, para arrecadar fundos para a aquisição da nova sede do PT.
O BB comprou R$ 70 mil em ingressos para seus funcionários, como uma espécie de prêmio, mas Casseb afirma que a sua entrada não estava nessa cota.
A admissão de que esteve no show consta de um ofício enviado à Comissão de Ética Pública e às lideranças do Senado reconhecendo que o episódio foi um erro e listando medidas para evitar a repetição do fato. O documento está em tópicos. "Durante o mês de julho realizei diversas viagens pelo país. Estive em Brasília apenas nos dias 1, 5, 6, 12, 13 e saí de férias no dia 14", diz ele no ofício.
"Apenas tomei conhecimento da existência do show no dia 13 (dia do evento), à tarde, durante a reunião do conselho diretor. Estive presente, com ingresso não adquirido pelo banco, o que pode ser comprovado, uma vez que todas as 70 mesas compradas pelo BB estavam localizadas juntas em região diversa do salão. Ao retornar das férias, dia 26/07, fiquei ciente da polêmica sobre os ingressos", afirma Casseb no texto.
Entre as novas regras baixadas pelo BB após o episódio estão a proibição do financiamento de eventos promocionais que beneficiem partidos. Será exigida a partir de agora uma declaração formal do beneficiário de que os recursos para promoção e patrocínio não terão essa destinação.
A diretoria de marketing encaminhará relatório mensal ao comitê de comunicação, no qual será incluído o diretor de controles internos. Casseb atribuiu o erro à diretoria de Marketing, mas se responsabilizou por ele.
No ofício, ele admite, inclusive, que não foi possível reverter a compra de ingressos depois que se descobriu que o evento destinava-se a arrecadar fundos ao PT.
"O evento nasceu por iniciativa comercial, e não por demanda partidária. Não se tinha conhecimento prévio de que o evento destinava-se a beneficiar o PT quando as decisões foram tomadas. Todavia, ao tomar conhecimento deste fato, a difícil operacionalização não permitiu uma imediata reversão do mesmo", diz Casseb, que ressaltou que o dinheiro foi devolvido pela churrascaria onde foi realizado o show.
Cada ingresso custava R$ 250 e de acordo com a churrascaria havia 2.000 pessoas presentes.

Sede nova
O partido está negociando a compra de um prédio de 12 andares, nos Jardins, bairro nobre de São Paulo, que reuniria os diretórios nacional, estadual e municipal do PT. O edifício está avaliado em cerca de R$ 20 milhões.
Foram ao show os ministros petistas Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência), Nilmário Miranda (Direitos Humanos) e Jaques Wagner (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), além de vários deputados.
Nem só de petistas estava composta a platéia. Os ministros Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia), do PSB, e Eunício Oliveira (Comunicações), do PMDB, estavam presentes, além do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e dos líderes do PL, deputado Sandro Mabel (GO), e do PMDB, deputado José Borba (PR).
Esse foi o segundo show realizado pela dupla sertaneja com esse fim. O primeiro evento ocorreu no Olympia, em São Paulo.


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