São Paulo, quarta-feira, 04 de agosto de 2004

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PT promove acordo com PFL do Rio

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT nacional e o PFL do Rio têm um "acordo de cavalheiros". Foi o que o presidente do PTB, Roberto Jefferson, contou ao candidato petista à Prefeitura do Rio, Jorge Bittar, ao relatar uma conversa com o presidente nacional do PT, José Genoino. Em reunião na sede do PTB, Jefferson disse a Bittar que se sentia desobrigado de apoiá-lo porque Genoino priorizava a reeleição de Marta Suplicy, em São Paulo, e de Fernando Pimentel, em Belo Horizonte.
Consultado por Jefferson sobre o Rio, Genoino teria dito que há um "acordo elevado" com o prefeito Cesar Maia (PFL): o PT não faria campanha agressiva no Rio. Em troca, Cesar pouparia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ataques ao longo da disputa.
A conversa entre Jefferson e Bittar ocorreu no fim de junho, na presença do secretário de Comunicação do PT, Marcelo Sereno. Nela, Jefferson (RJ) disse a Bittar que o apoiaria por coerência: como estava impondo uma aliança com o PT em outras capitais, sua cidade não poderia ser exceção.
Procurado pela Folha, Jefferson confirmou o teor da conversa. Segundo ele, Genoino traçou como prioridade a costura em São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre: "Sobre o Rio, ele disse que havia um pacto, um acordo de cavalheiros: Cesar não bateria no presidente e haveria liberações para a cidade". Genoino, por sua vez, admitiu ter defendido a aliança, prioritamente, em São Paulo.
"Disse a ele que tínhamos que começar a aliança por São Paulo e Belo Horizonte. Depois, Porto Alegre (que fracassou) e Curitiba. Na verdade, queríamos a aliança com a Marta", admitiu. Genoino disse que aposta numa campanha sem agressão no Rio, mas que isso não é produto de acordo: "Disse que o Cesar Maia não está na linha de bater no governo e que não íamos partir para a agressão no Rio. Mas o PT não negocia com o PFL institucionalmente".
Ainda que confirmando a conversa, Bittar rechaça a idéia de que sua candidatura seja preterida: "Não me incomodei. É natural que o PT invista onde já governa. Mas tenho certeza que minha eleição é prioridade para o partido".
A Folha apurou porém que só na noite de domingo o comando do PT bateu o martelo na contratação do publicitário Nizan Guanaes para a campanha de Bittar. Até agora, não houve gravação para o programa. Segundo Bittar, essa "versão é imprecisa".
Outro indício de um acordo entre PT e PFL estaria na decisão de Marta de importar do Rio o sistema de distribuição de remédio por correio. Segundo Cesar, no entanto, não há acordo. "Só o interesse público que aproxima os que fitam o horizonte por cima do interesse partidário", declarou.


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