São Paulo, quinta-feira, 04 de agosto de 2005

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Dirceu afirma que pode ir à Justiça contra cassação

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu afirmou ontem que vai contestar qualquer processo de cassação por crime de responsabilidade, inclusive na Justiça. Também confirmou que recebeu um diretor do Banco Espírito Santo, mas negou suposta operação para arrecadar fundos para o PT.
"Não existe base legal para me cassarem. Não posso ser cassado por crime de responsabilidade, inclusive não existe jurisprudência para isso", afirmou Dirceu, um dia após depoimento no Conselho de Ética da Casa.
Bem-humorado, dizendo-se descansado, Dirceu afirmou que tem apoio do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em sua argumentação.
A linha de defesa do petista é a de que não quebrou o decoro parlamentar porque só agora assumiu efetivamente seu mandato. Também não poderia ser processado por crime de responsabilidade por atos de subordinados, porque não tinha relação com a máquina petista.
O processo contra ele seria "político", em razão do que ele representa. Ontem, ele conversou com o ministro da Articulação Institucional, Jaques Wagner, a respeito de seu desempenho. Mas não falou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Não vou incomodar o presidente com esse assunto."
Entre petistas da Câmara, o depoimento de Dirceu foi bem recebido. O ex-ministro teria injetado um pouco de ânimo em uma bancada atônita. "Ele provou que é um quadro político incomparável", disse o deputado Carlito Merss (SC).
Dirceu disse que reexaminou os fatos relativos ao contato com executivos da Portugal Telecom e do Banco Espírito Santo, objetos de denúncia no depoimento de anteontem do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).
"A nota da Portugal Telecom é auto-explicativa. E é público e notório que eu recebi o Ricardo Espírito Santo [diretor do Banco], como recebia representantes de outros bancos para tratar de questões da conjuntura política e econômica", disse.
Ele não quis fazer comentários quando questionado a respeito da mudança de tom de Jefferson nas suas acusações, agora envolvendo o presidente. "Eu? Falar de Roberto Jefferson?"
Sobre o processo de cassação movido contra ele por Jefferson no Conselho de Ética da Câmara, disse apenas que não leu o teor.
Mais disposto a conversar com a imprensa depois de cerca de um mês de reclusão, Dirceu disse que não aceitará ser bombardeado diariamente por novas denúncias "vazias".


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