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Dirceu afirma que pode ir à Justiça contra cassação
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu afirmou ontem que vai contestar qualquer processo de cassação
por crime de responsabilidade, inclusive na Justiça.
Também confirmou que recebeu um diretor do Banco
Espírito Santo, mas negou
suposta operação para arrecadar fundos para o PT.
"Não existe base legal para
me cassarem. Não posso ser
cassado por crime de responsabilidade, inclusive não
existe jurisprudência para
isso", afirmou Dirceu, um
dia após depoimento no
Conselho de Ética da Casa.
Bem-humorado, dizendo-se descansado, Dirceu afirmou que tem apoio do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em sua
argumentação.
A linha de defesa do petista
é a de que não quebrou o decoro parlamentar porque só
agora assumiu efetivamente
seu mandato. Também não
poderia ser processado por
crime de responsabilidade
por atos de subordinados,
porque não tinha relação
com a máquina petista.
O processo contra ele seria
"político", em razão do que
ele representa. Ontem, ele
conversou com o ministro
da Articulação Institucional,
Jaques Wagner, a respeito de
seu desempenho. Mas não
falou com o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. "Não
vou incomodar o presidente
com esse assunto."
Entre petistas da Câmara,
o depoimento de Dirceu foi
bem recebido. O ex-ministro
teria injetado um pouco de
ânimo em uma bancada atônita. "Ele provou que é um
quadro político incomparável", disse o deputado Carlito Merss (SC).
Dirceu disse que reexaminou os fatos relativos ao contato com executivos da Portugal Telecom e do Banco
Espírito Santo, objetos de
denúncia no depoimento de
anteontem do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).
"A nota da Portugal Telecom é auto-explicativa. E é
público e notório que eu recebi o Ricardo Espírito Santo [diretor do Banco], como
recebia representantes de
outros bancos para tratar de
questões da conjuntura política e econômica", disse.
Ele não quis fazer comentários quando questionado a
respeito da mudança de tom
de Jefferson nas suas acusações, agora envolvendo o
presidente. "Eu? Falar de
Roberto Jefferson?"
Sobre o processo de cassação movido contra ele por
Jefferson no Conselho de
Ética da Câmara, disse apenas que não leu o teor.
Mais disposto a conversar
com a imprensa depois de
cerca de um mês de reclusão,
Dirceu disse que não aceitará ser bombardeado diariamente por novas denúncias
"vazias".
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