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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO/A LISTA DE VALÉRIO
Petista Manoel Severino dos Santos pede demissão, mas nega retirada de empresa de Marcos Valério, com quem esteve ao menos sete vezes
Saque de R$ 2,7 mi derruba presidente da Casa da Moeda
LUCIANA BRAFMAN
DA SUCURSAL DO RIO
Um dia depois da revelação de
que recebeu R$ 2,7 milhões das
contas do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, o petista Manoel Severino dos Santos
entregou o cargo de presidente da
Casa da Moeda. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, aceitou o
pedido de demissão.
Em nota, Santos nega ter feito
saques das contas de Marcos Valério ou de suas empresas e diz
nunca ter estado em "qualquer
agência do Banco Rural". Diz que
preferiu pedir demissão para
"preservar a marca da Casa da
Moeda" e esclarecer os fatos.
O nome de Manoel Severino
dos Santos está na listagem que
Valério entregou à Polícia Federal
na segunda-feira. De acordo com
o documento, Santos aparece como o segundo maior destinatário
de dinheiro dentro do PT. Os saques teriam sido feitos entre agosto de 2003 e julho de 2004.
No comunicado, Santos afirma
que o órgão "não firmou e não
tem contrato com qualquer empresa que tenha contribuído para
a campanha eleitoral de 2002 no
Estado do Rio de Janeiro".
Um dos fundadores do PT no
Rio de Janeiro, Santos foi secretário extraordinário de Articulação
Governamental no governo de
Benedita da Silva, em 2002, e um
dos coordenadores da campanha
eleitoral daquele ano quando Benedita tentou se reeleger para governadora, mas não conseguiu.
Santos assumiu a presidência da
Casa da Moeda em 22 de maio de
2003. Sua nomeação, feita pelo
ministro Palocci, teria sido uma
indicação de Marcelo Sereno, ex-secretário de Comunicação do
PT, que também deixou o cargo
este ano após ter o nome envolvido nas denúncias do "mensalão".
Procurado pela Folha, Sereno
disse, através de sua assessoria,
que não tem nada a comentar sobre os saques que aparecem em
nome de Santos. O ex-presidente
da Casa da Moeda também mantém relações próximas com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.
Na nota, Santos se defende das
suspeitas de que teria favorecido
determinados fornecedores da
Casa da Moeda, em processos de
licitação. Ele diz ter solicitado à
Controladoria Geral da União
uma análise especial de todos os
atos que praticou, desde o início
de sua gestão, "com destaque para os processos envolvendo concorrência pública de contratação
de serviços de manutenção predial e contratos com a Sicpa Brasil
e Arjo Wiggins". As empresas citadas são, respectivamente, fornecedoras de tintas e de papéis fiduciários para a Casa da Moeda.
O nome de Santos apareceu
quando veio à tona o conteúdo da
agenda ex-secretária de Valério
Fernanda Karina Somaggio, que
registrou quatro encontros entre
os dois. Na ocasião, Santos disse à
Folha que teve sete encontros
com Valério desde que assumiu a
Casa da Moeda, mas que o assunto tratado foi uma possível contratação das agências de Valério
para campanhas do PT no Estado
do Rio, o que não se concretizou.
Entre outros saques, Santos teria sido responsável pelos
R$ 326,6 mil que o mensageiro da
Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco Brasil) Luiz
Eduardo Ferreira da Silva retirou
no Banco Rural. Segundo o mensageiro, o saque foi feito em 2004 a
pedido do então diretor de marketing do Banco do Brasil e presidente do Conselho Deliberativo
da Previ, Henrique Pizzolato. Pizzolato, que pediu demissão dos
cargos após as denúncias, disse
que fez o pedido como favor a um
amigo, cujo nome não revelou.
O nome de Santos também apareceu ligado ao do ex-subsecretário de Fazenda de Mesquita (Baixada Fluminense) Carlos Roberto
Macedo Chaves. Chaves é citado
numa listagem do Conselho de
Controle de Atividades Financeiras (Coaf) como tendo retirado
R$ 100 mil das contas de Valério.
Ele também trabalhou na campanha de Benedita da Silva no Rio.
A conta de condomínio do
apartamento onde Chaves morava está em nome de Santos, que
foi proprietário do imóvel, mas o
vendeu. O Ministério da Fazenda
ainda não definiu quem será o novo presidente da Casa da Moeda.
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