São Paulo, quinta-feira, 04 de agosto de 2005

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R$ 500 mil foram para Junqueira, afirma sócio

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-procurador-geral da República Aristides Junqueira recebeu R$ 500 mil do PT, por serviços prestados no caso Santo André, das mãos de Simone Vasconcelos, diretora da SMPB, de Marcos Valério -citado como o operador do suposto "mensalão".
O sócio de Junqueira, Pedro Fonseca, afirmou ontem que foi pessoalmente à agência do Banco Rural em Brasília e, por indicação do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, procurou Simone.
Disse ainda que esteve com ela duas ou três vezes para receber as parcelas do contrato firmado com o partido. "Não sabia quem era ela [Simone]. Eu a procurei por orientação do próprio PT."
Um dos encontros, afirmou Fonseca, teria ocorrido em um hotel em Brasília, cujo nome disse não se recordar. Outras parcelas foram sacadas por um funcionário enviado por ele ao banco.
Sobre a origem do dinheiro, que Delúbio afirma ser "empréstimo não contabilizado" para o partido, Fonseca disse ser isso um assunto de responsabilidade do PT.
"Se a contabilidade do PT não tem isso registrado, é problema deles. Tenho isso registrado e acertado na minha [contabilidade]", afirmou.

O contrato
O contrato foi firmado entre Fonseca e o presidente do PT em São Paulo, Paulo Frateschi, em setembro de 2002. O valor registrado é de R$ 500 mil. "Tudo foi pago", afirmou o advogado.
Segundo Fonseca, o diretório nacional do PT, por meio de Delúbio, providenciou o pagamento.
Na lista apresentada por Simone à Polícia Federal aparece uma autorização de pagamento do PT nacional para Aristides Junqueira, com data de 28 de outubro de 2003, no valor de R$ 185 mil. Segundo Fonseca, essa foi a primeira parcela. Outras quatro foram efetuadas nos meses seguintes.
Junqueira havia assumido a defesa de Delúbio no caso do "mensalão", mas renunciou alegando "impedimento ético".

Atuação
À época em que Junqueira foi contratado, o PT de Santo André estava acuado diante de uma série de denúncias de desvio de dinheiro na prefeitura e com a reabertura da investigação sobre o assassinato do prefeito Celso Daniel (PT), morto em janeiro de 2002.
Como advogado, Junqueira não apresentou requerimentos, mas concedeu entrevistas nas quais defendeu o partido e questionou a isenção da Promotoria em investigar o PT local. Em nota enviada ontem, Junqueira informou ter sido contratado para uma "consultoria jurídica".
Os promotores Roberto Wider Filho e Amaro José Thomé Filho criticaram o fato de o ex-procurador receber por meio de um caixa dois declarado pelo partido.
"O PT, por meio pouco ortodoxo, contratou Aristides Junqueira por R$ 500 mil para atuar no caso de corrupção em Santo André e a única coisa que ele fez foi dar declarações combatendo o nosso trabalho", disse Wider.


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