|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
R$ 500 mil foram para Junqueira, afirma sócio
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-procurador-geral da República Aristides Junqueira recebeu R$ 500 mil do PT, por serviços prestados no caso Santo André, das mãos de Simone Vasconcelos, diretora da SMPB, de Marcos Valério -citado como o operador do suposto "mensalão".
O sócio de Junqueira, Pedro
Fonseca, afirmou ontem que foi
pessoalmente à agência do Banco
Rural em Brasília e, por indicação
do ex-tesoureiro do PT Delúbio
Soares, procurou Simone.
Disse ainda que esteve com ela
duas ou três vezes para receber as
parcelas do contrato firmado com
o partido. "Não sabia quem era
ela [Simone]. Eu a procurei por
orientação do próprio PT."
Um dos encontros, afirmou
Fonseca, teria ocorrido em um
hotel em Brasília, cujo nome disse
não se recordar. Outras parcelas
foram sacadas por um funcionário enviado por ele ao banco.
Sobre a origem do dinheiro, que
Delúbio afirma ser "empréstimo
não contabilizado" para o partido, Fonseca disse ser isso um assunto de responsabilidade do PT.
"Se a contabilidade do PT não
tem isso registrado, é problema
deles. Tenho isso registrado e
acertado na minha [contabilidade]", afirmou.
O contrato
O contrato foi firmado entre
Fonseca e o presidente do PT em
São Paulo, Paulo Frateschi, em setembro de 2002. O valor registrado é de R$ 500 mil. "Tudo foi pago", afirmou o advogado.
Segundo Fonseca, o diretório
nacional do PT, por meio de Delúbio, providenciou o pagamento.
Na lista apresentada por Simone à Polícia Federal aparece uma
autorização de pagamento do PT
nacional para Aristides Junqueira, com data de 28 de outubro de
2003, no valor de R$ 185 mil. Segundo Fonseca, essa foi a primeira parcela. Outras quatro foram
efetuadas nos meses seguintes.
Junqueira havia assumido a defesa de Delúbio no caso do "mensalão", mas renunciou alegando
"impedimento ético".
Atuação
À época em que Junqueira foi
contratado, o PT de Santo André
estava acuado diante de uma série
de denúncias de desvio de dinheiro na prefeitura e com a reabertura da investigação sobre o assassinato do prefeito Celso Daniel
(PT), morto em janeiro de 2002.
Como advogado, Junqueira não
apresentou requerimentos, mas
concedeu entrevistas nas quais
defendeu o partido e questionou a
isenção da Promotoria em investigar o PT local. Em nota enviada
ontem, Junqueira informou ter sido contratado para uma "consultoria jurídica".
Os promotores Roberto Wider
Filho e Amaro José Thomé Filho
criticaram o fato de o ex-procurador receber por meio de um caixa
dois declarado pelo partido.
"O PT, por meio pouco ortodoxo, contratou Aristides Junqueira
por R$ 500 mil para atuar no caso
de corrupção em Santo André e a
única coisa que ele fez foi dar declarações combatendo o nosso
trabalho", disse Wider.
Texto Anterior: Escândalo do "mensalão"/A lista de Valério: Irmão de Genoino reconhece retirada nas contas de Valério Próximo Texto: Ciro diz que secretário é acusado por sua causa Índice
|