RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Após caminhar por áreas comerciais do Grajaú, na zona sul de São Paulo, um dos maiores e mais pobres redutos eleitorais da cidade, a candidata a prefeita Marta Suplicy (PT) afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acertou participar de comícios eleitorais em seu favor: "O presidente está na campanha e virá [a SP] na hora que acharmos adequado".
"Ele está conosco, nós somos um time", disse Marta à imprensa. Pouco antes, em discurso, Marta havia recorrido a Lula para pedir votos: "O Brasil está bombando, os salários estão melhores, desde 94 não temos salário dessa natureza (...). Gente, isso é o Brasil que o nosso petismo, o nosso presidente, e todos os coligados estão ajudando a construir".
Anteontem, Lula participou de ato ao lado de Marta em São Bernardo do Campo (SP).
A zona sul, alvo ontem de Marta, tem 2,53 milhões de eleitores, fica atrás apenas da zona leste. Seus indicadores sociais, contudo, estão muito abaixo da média paulistana. O coeficiente de mortalidade infantil na Subprefeitura da Capela do Socorro, responsável pela região, é de 15,59 para cada mil crianças com até um ano de idade, 2,4 vezes pior do que a melhor classificação (Subprefeitura de Pinheiros), segundo o índice de "desigualtômetro" criado pelo Observatório Social do Movimento Nossa SP.
A região da Capela do Socorro (645 mil habitantes) é apelidada de "Tattolândia", o clã dos irmãos petistas Jilmar (deputado federal), Arselino (vereador) e Ênio (deputado estadual). Eles e seus dezenas de correligionários participaram ontem da caminhada.
A Folha contou pelo menos 80 cabos eleitorais portando bandeiras nas calçadas apenas no trajeto até o local dos atos em favor de Marta. Quinze peruas com adesivos e inscrições pediam votos para Arselino e o ex-deputado Ítalo Cardoso. Arselino e Ítalo disseram que são todos voluntários do partido.
"Aqui é um bairro petista, muitos militantes são fundadores do PT, umas 2.000 pessoas. Tem muita gente que está cedendo seu veículo, estamos estruturando", disse Arselino.
Uma garota que distribuía folhetos do candidato Marcolino (PT), e que preferiu não se identificar, disse à Folha que cabos eleitorais estão sendo contratados por R$ 350 ao mês.
A jornalistas Marta disse que Lula prometeu liberar nos próximos anos R$ 15 bilhões para São Paulo aplicar num programa de mobilidade urbana. Na caminhada, ela abraçou eleitores e algumas vezes foi cobrada.


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