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Ação contra Maluf pede repatriamento de US$ 166 milhões
Segundo Ministério Público estadual, verba foi desviada dos cofres municipais de SP na gestão do ex-prefeito e remetida ao exterior
Ação pede o congelamento de bens no Brasil e na ilha de Jersey e envolve a Eucatex
e familiares do deputado federal, que nega acusação
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público do Estado de São Paulo ajuizou nesta
segunda-feira ação civil pública
contra o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) na 4ª Vara da
Fazenda Pública em que pede a
devolução de US$ 166 milhões
supostamente desviados dos
cofres municipais a partir de
obras superfaturadas, quando
Maluf foi prefeito de São Paulo
(1993-96), e remetidos ao exterior por doleiros e "laranjas".
A ação de ressarcimento
também foi proposta contra a
Eucatex, empresa da família
Maluf; contra Sylvia Maluf,
mulher do ex-prefeito, os filhos
Otávio, Lígia e Lina, a ex-nora
Jacquelline Torres (ex-mulher
de Flávio), apontados como beneficiários dos valores desviados; três empresas "offshore"
(Macdoel Investments Limited, Kildare Finance Limited e
Durant International Corporation) e o jordaniano Hani Bin al
Kalonti, administrador de fundos na ilha de Jersey.
Os promotores de Justiça Sílvio Antonio Marques e Saad
Mazloum, autores da ação, pedem o congelamento de bens
no Brasil e na ilha de Jersey.
As investigações começaram
em 2001. A Promotoria entende que documentos recebidos
dos Estados Unidos, da ilha de
Jersey e da Inglaterra fecham o
ciclo da lavagem do dinheiro
desviado das obras da avenida
Água Espraiada (atual avenida
Roberto Marinho) e do túnel
Ayrton Senna na gestão Maluf.
Para o Ministério Público, o
dinheiro provinha de caixa dois
das empreiteiras Mendes Júnior, OAS, CBPO e Constran,
por meio de notas frias de empresas terceirizadas, e era remetido por doleiros para contas secretas nos EUA, Suíça, Inglaterra, ilha de Jersey, França
e Luxemburgo.
Segundo a acusação, a maior
parte desse dinheiro retornou
ao Brasil, entre 1997 e 1998:
fundos controlados no exterior
por familiares de Maluf adquiriram ações da Eucatex. Parte
desses recursos foram repatriados por meio de empréstimo,
compra de ações e adiantamento de contratos de exportação,
operações em favor da Eucatex.
Do total que a Promotoria
pretende ver ressarcido ao erário, US$ 93 milhões teriam entrado irregularmente na Eucatex e US$ 13 milhões corresponderiam ao dinheiro que está bloqueado em Jersey.
As investigações realizadas
por meio de cooperação jurídica internacional já resultaram
em seis ações cautelares, tendo
sido obtida a quebra dos sigilos
fiscal e bancário de Maluf. Em
2004, ação de improbidade resultou no bloqueio judicial dos
bens da família Maluf, decisão
mantida pelo Superior Tribunal de Justiça e pelo Supremo.
A Prefeitura de São Paulo
também propôs, com a Promotoria, ação judicial na corte de
Jersey, tendo obtido o bloqueio
de US$ 22 milhões.
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