São Paulo, quarta-feira, 04 de setembro de 2002

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ELEIÇÕES 2002

Serra quer desalojar Lula da condição de espectador do duelo entre os rivais e envolvê-lo na disputa

Após ataques a Ciro, tucanos elegem Lula como novo alvo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de atacar o presidenciável Ciro Gomes (PPS) sistematicamente no horário eleitoral gratuito no rádio e na TV, a campanha do tucano José Serra deve privilegiar um novo alvo, Luiz Inácio Lula da Silva, o candidato do PT. Justificativa: seria hora de Serra tentar polarizar com o primeiro colocado nas pesquisas.
"Temos de chamar o Lula para o debate. Ele está fora do debate. Precisamos confrontar as idéias dele, forçar uma sadia polêmica democrática", afirmou o coordenador político da campanha, Pimenta da Veiga (PSDB-MG).
A avaliação é que Lula tem se beneficiado da troca de acusações entre Ciro e Serra, mantendo-se distante do confronto entre os dois adversários que disputam o segundo lugar nas pesquisas.
Para Pimenta, o debate realizado anteontem pela TV Record teria mostrado duas coisas. Primeiro, que Lula vai bater em Serra. "Ele mantém a mesma agressividade dos outros tempos. Ela só estava contida", disse.
Por fim, sempre de acordo com Pimenta, o debate também teria mostrado a união de Lula, Ciro e Anthony Garotinho (PSB) para atacar Serra, colando a imagem dele à do governo. Isso, para o coordenador da campanha tucana, significaria que os três candidatos perceberam a "força" da candidatura de Serra.
""Havia a nítida intenção dos adversários em colocá-lo na defensiva", afirmou Pimenta.
Os termos do ataque a Lula, promete a equipe tucana, devem se manter nos limites verificados no debate, quando Serra questionou o petista sobre programas de governo (compras governamentais, preço dos remédios e o Fundef, fundo destinado à educação fundamental) e a capacidade do PT para gerenciá-los. A falta de experiência administrativa de Lula também será discutida.

Confronto
Na avaliação interna, a campanha de Serra concluiu que o debate foi "positivo" para o tucano, mas também que ele sofreu o desgaste pela contundência do bate-boca com Ciro e por ter sido atacado por todos os rivais.
"Positivo" porque Ciro vinha dizendo que Serra não o enfrentaria pessoalmente, mas, para a campanha, o tucano não só o enfrentou como teve a oportunidade para falar do processo no qual Ciro foi condenado por acusar o ex-ministro da Saúde Henrique Santillo. Serra aguardava apenas por uma brecha para falar do processo e dizer que o candidato do PPS "acusar sem provas".
Mesmo prevendo crescimento da candidatura tucana, Pimenta defende "cautela" dos aliados. A ordem é não cantar vitória antes do tempo. Ciro não é considerado um adversário fora da disputa.
Para o deputado, Serra deve insistir em defender seu programa de governo. Mas isso não significa suspender os ataques aos adversários no programa eleitoral gratuito do rádio e da televisão. "Cabe a nós evidenciar as aleivosias e grosserias [dos candidatos], para que o eleitor julgue", disse.
(RAQUEL ULHÔA E RAYMUNDO COSTA)


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