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ELEIÇÕES 2002
Serra quer desalojar Lula da condição de espectador do duelo entre os rivais e envolvê-lo na disputa
Após ataques a Ciro, tucanos elegem Lula como novo alvo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de atacar o presidenciável Ciro Gomes (PPS) sistematicamente no horário eleitoral gratuito no rádio e na TV, a campanha do tucano José Serra deve privilegiar um novo alvo, Luiz Inácio
Lula da Silva, o candidato do PT.
Justificativa: seria hora de Serra
tentar polarizar com o primeiro
colocado nas pesquisas.
"Temos de chamar o Lula para
o debate. Ele está fora do debate.
Precisamos confrontar as idéias
dele, forçar uma sadia polêmica
democrática", afirmou o coordenador político da campanha, Pimenta da Veiga (PSDB-MG).
A avaliação é que Lula tem se
beneficiado da troca de acusações
entre Ciro e Serra, mantendo-se
distante do confronto entre os
dois adversários que disputam o
segundo lugar nas pesquisas.
Para Pimenta, o debate realizado anteontem pela TV Record teria mostrado duas coisas. Primeiro, que Lula vai bater em Serra.
"Ele mantém a mesma agressividade dos outros tempos. Ela só estava contida", disse.
Por fim, sempre de acordo com
Pimenta, o debate também teria
mostrado a união de Lula, Ciro e
Anthony Garotinho (PSB) para
atacar Serra, colando a imagem
dele à do governo. Isso, para o
coordenador da campanha tucana, significaria que os três candidatos perceberam a "força" da
candidatura de Serra.
""Havia a nítida intenção dos adversários em colocá-lo na defensiva", afirmou Pimenta.
Os termos do ataque a Lula,
promete a equipe tucana, devem
se manter nos limites verificados
no debate, quando Serra questionou o petista sobre programas de
governo (compras governamentais, preço dos remédios e o Fundef, fundo destinado à educação
fundamental) e a capacidade do
PT para gerenciá-los. A falta de
experiência administrativa de Lula também será discutida.
Confronto
Na avaliação interna, a campanha de Serra concluiu que o debate foi "positivo" para o tucano,
mas também que ele sofreu o desgaste pela contundência do bate-boca com Ciro e por ter sido atacado por todos os rivais.
"Positivo" porque Ciro vinha
dizendo que Serra não o enfrentaria pessoalmente, mas, para a
campanha, o tucano não só o enfrentou como teve a oportunidade para falar do processo no qual
Ciro foi condenado por acusar o
ex-ministro da Saúde Henrique
Santillo. Serra aguardava apenas
por uma brecha para falar do processo e dizer que o candidato do
PPS "acusar sem provas".
Mesmo prevendo crescimento
da candidatura tucana, Pimenta
defende "cautela" dos aliados. A
ordem é não cantar vitória antes
do tempo. Ciro não é considerado
um adversário fora da disputa.
Para o deputado, Serra deve insistir em defender seu programa
de governo. Mas isso não significa
suspender os ataques aos adversários no programa eleitoral gratuito do rádio e da televisão. "Cabe a nós evidenciar as aleivosias e
grosserias [dos candidatos], para
que o eleitor julgue", disse.
(RAQUEL ULHÔA E RAYMUNDO COSTA)
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