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Maristela discorda da paciência atribuída por Lula a Juscelino; para ela, não havia nele esse atributo
Para filha de JK, citação de Lula sobre seu pai é estranha
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Única filha viva de Juscelino
Kubitschek, Maristela Kubitschek, 62, diz estar acompanhando
com estranheza as recentes citações do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva sobre o mandato de
seu pai. E afirma que, caso queira
mesmo se mirar na figura política
de JK, Lula teria que "realmente
estudar" tal governo (1956-1961).
"Se o presidente Lula quer realmente se mirar no exemplo de JK,
ele teria que realmente estudar o
governo JK e quem foi a figura JK.
Porque a comparação dá uma interpretação que não é verdadeira.
(...) Acho que, se o presidente Lula
quiser se mirar no exemplo de
Juscelino, acho que ele tem que se
mirar no exemplo do Juscelino
verdadeiro, o que foi o Juscelino,
o que o Juscelino representou",
disse Maristela, por telefone, de
seu escritório, no Rio de Janeiro.
Tanto em discursos como em
conversas reservadas nas últimas
semanas, Lula tem citado a "paciência" de Juscelino Kubitschek
como um exemplo que deve seguir diante da atual crise política.
Na visão histórica do presidente,
JK foi massacrado durante sua
gestão e somente foi reconhecido
depois de morto, em 1976. Anteontem, em Uberlândia (MG),
voltou a citá-lo como "um mineiro que possivelmente tenha sido
mais acusado do que eu".
Cautelosa em suas palavras,
Maristela procurar analisar apenas as contradições da fala de Lula
com a gestão de JK, sem oferecer
críticas ao presidente da República. "É sempre motivo de orgulho
para a gente alguém que queira se
mirar na figura de papai. E jamais
eu vou questionar o presidente da
República."
Estranheza
Apesar disso, porém, admite
sua estranheza com a repentina
lembrança de Lula à figura de Juscelino Kubitschek. Anteontem, de
última hora, Lula decidiu incluir
em sua agenda a inauguração de
busto de JK no aeroporto internacional de Brasília. Maristela afirma não ter lembranças de Lula,
como candidato ou já como presidente, numa visita ao Memorial
JK, em Brasília.
"Comigo pessoalmente nunca
houve um contato direto, muito
pelo contrário. Nunca fui procurada, nunca fui convidada, nunca
fui sondada, numa me telefonaram. Eu não sei porque ele está
usando isso."
Eleitora nas eleições de 2002 do
atual prefeito paulistano, José Serra (PSDB), e ainda indecisa sobre
o pleito do ano que vem, Maristela discorda da tese de Lula na qual
a "paciência" marcou a gestão de
Juscelino no governo.
"A paciência dele eu acho que
não existia. Ele não era uma pessoa paciente, ao contrário. Ele era
uma pessoa que acordava os seus
ministros às 6h da manhã. Ele
mesmo que discava. Ele era absolutamente impaciente em ver o
Brasil crescer. O que é ser paciente? Pra sentar e ficar esperando as
coisas acontecerem? Isso não
existe, isso não é papai." Ainda
sobre a (falta de) paciência, Maristela lembrou de ações de seu
pai que, segundo ela, mostram o
contrário. "Ele sempre assumiu
para si a responsabilidade. Ele
nunca titubeou."
Ela rechaça a idéia que JK somente tenha sido reconhecido depois de morto: "Papai saiu carregado pelos braços do povo". Em
seu governo, JK enfrentou duas
revoltas militares e forte oposição
da UDN. Apesar disso, terminou
seu mandato com popularidade
suficiente para ser eleito senador
por Goiás cinco meses após deixar o governo. (EDUARDO SCOLESE)
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