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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ MINISTRO NA MIRA
Ministério Público quer saber se ministro subavaliou valores no registro em cartório
Documentos de imóveis de Palocci serão analisados
DA FOLHA RIBEIRÃO
O Ministério Público Estadual
em Ribeirão Preto vai analisar as
documentações referentes a duas
transações imobiliárias feitas na
cidade pelo ministro Antonio Palocci Filho na década de 90 para
apurar se cabe abertura de investigação para apurar irregularidades nos negócios -a suspeita é
que eles tenham sido registrados
com valores subavaliados.
O promotor Naul Luiz Felca disse que amanhã vai solicitar aos
cartórios todos os registros de
imóveis em nome de Palocci.
"Sem acesso à documentação fica
difícil uma avaliação mais criteriosa. De qualquer forma, o que
for de competência estadual vai
ser investigado pela Promotoria,
que irá adotar as medidas pertinentes", afirmou Felca.
Segundo reportagem publicada
ontem pelo jornal "O Estado de S.
Paulo", Palocci comprou um
apartamento em 1992 da empresa
Schain Cury Empreendimentos
Imobiliários Ltda. por R$ 57,70,
segundo registro feito no 2º Cartório de Imóveis de Ribeirão. O
valor venal do imóvel foi de R$
25.294,17, segundo a reportagem.
Em 1996, dois anos após ser quitado, o apartamento foi vendido
por Palocci por R$ 42.352.
O segundo imóvel subavaliado
citado na reportagem é a casa onde o ministro mora atualmente
quando está em Ribeirão. O imóvel foi comprado por Palocci em
1996 por R$ 818,18, com valor venal de R$ 54.651,83. É com base no
valor venal que são feitos os pagamentos de impostos.
No ano da compra do primeiro
imóvel, Palocci era candidato a
prefeito de Ribeirão -ele venceu
a eleição e administrou a cidade
de 1993 a 1996. Na segunda transação, o petista era prefeito de Ribeirão, cargo que voltaria a ocupar em 2001 e 2002, depois de ter
sido deputado federal.
De acordo com Felca, a investigação pode ser de competência da
Justiça estadual -mesmo Palocci
tendo direito a ser investigado na
esfera federal, por ser ministro-,
se envolver crime contra pagamento de impostos do município
e do Estado. A suspeita do Ministério Público é que eventuais subavaliações no registro dos imóveis possam ter implicado crime
de sonegação fiscal.
O PSDB também está estudando entrar no Ministério Público
Estadual com uma representação
pedindo a abertura de investigação. A iniciativa foi tomada pelo
vereador Nicanor Lopes (PSDB),
que pediu ao departamento jurídico do partido que começasse a
estudar ontem mesmo que medidas tomar no caso.
"A gente deve analisar, com calma, os documentos e ver que tipo
de ação que cabe nesse episódio",
disse Lopes, que ironizou o fato
de o ministro ter comprado um
dos imóveis por R$ 57,70. "Dá para acabar com o déficit habitacional do país assim", disse o tucano,
principal opositor de Palocci na
Câmara local, que afirmou desconhecer as transações imobiliárias
feitas pelo petista.
O ministro não comentou a suspeita de subavaliação.
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