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Derrotas de direção atual abrem disputa no PT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
As derrotas do núcleo dirigente do PT em seu 3º Congresso, encerrado anteontem, abriram o apetite das alas de oposição ao comando atual e acirraram a disputa pela presidência
do partido nas eleições internas marcadas para dezembro.
Ontem mesmo, dois grupos
influentes no PT, "Mensagem
ao Partido", ligado ao ministro
Tarso Genro (Justiça), e "Um
Novo Rumo para o PT", controlado pela ministra Marta Suplicy (Turismo), iniciaram articulações sobre candidaturas.
A nova direção irá conduzir a
sigla rumo à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A corrente "Construindo um
Novo Brasil", ex-Campo Majoritário, da qual fazem parte Lula, Berzoini e o ex-ministro José Dirceu conseguiu aprovar
teses centrais, mas, diferentemente do que ocorria em encontros anteriores, foi obrigada
a ceder em pontos polêmicos.
Foram quatro derrotas: na
menção sobre candidatura própria em 2010 (que Lula não
queria), no apoio ao plebiscito
pela anulação da privatização
da Vale do Rio Doce, no encurtamento do mandato dos dirigentes de três para dois anos e
na criação do código de ética.
As derrotas foram fruto de
rachas na ala majoritária. "O
congresso mostrou um PT mais
equilibrado", disse Henrique
Fontana (RS), da Mensagem ao
Partido. Mesmo assim, Berzoini ainda é o favorito. Para Francisco Rocha, da coordenação da
ala majoritária houve disposição ao diálogo. "Ninguém saiu
derrotado. De nossa parte, tivemos uma atitude de conversar
com todos, sem sectarismo, nas
principais votações." A mesma
opinião tem Berzoini.
Petistas tentaram ontem
desfazer a impressão de que a
aprovação da candidatura própria para 2010 foi uma derrota.
"A resolução deixa claro que vamos dialogar", disse Rocha.
O texto, apesar de fazer acenos a aliados, deixa claro que o
PT quer lançar candidato próprio. No segundo parágrafo, o
partido diz que será "dirigente"
da condução da sucessão. No
terceiro, mais explícito, diz que
"deve apresentar candidatura
petista à sucessão de Lula".
O último parágrafo, negociado por integrantes do ex-Campo Majoritário -ministros
Luiz Dulci (Secretaria Geral da
Presidência) e Patrus Ananias
(Desenvolvimento Social) e pelo assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia,
além de petistas ligados a Tarso- propõe o debate. "O PT
apresentará uma candidatura a
presidente a ser construída
com outros partidos", diz. A negociação foi costurada porque
os petistas mais próximos a Lula temiam uma derrota se o texto fosse votado no plenário.
Segunda, o Mensagem se
reúne para debater quem será
seu candidato. O ex-governador Olívio Dutra (RS) tem a
preferência, mas resiste. As alternativas são Fontana e José
Eduardo Cardozo (SP). A ala
majoritária vai jogar o debate
para o fim do mês. O "Novo Rumo" deve aprovar um texto
"apelando" para que o deputado federal Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda, dispute a
presidência do PT. Valter Pomar, da corrente "Articulação
de Esquerda", crítica da política econômica, já se lançou à sucessão de Berzoini.
(FÁBIO ZANINI, JOSÉ ALBERTO BOMBIG E CATIA SEABRA)
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