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Na contramão mundial, governo quer flexibilizar lei
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na contramão da atual tendência mundial, o governo brasileiro
vai propor uma nova legislação
para flexibilizar a entrada e permanência de imigrantes no país.
Enquanto diversos países imprimem contornos mais fortes às
suas fronteiras, o Brasil quer abrir
as portas apostando na máxima
de que não se combate terrorismo
endurecendo a imigração.
A estratégia, segundo o secretário-executivo do Ministério da
Justiça, Luiz Paulo Teles Barreto,
40, baseia-se em tratar bem o estrangeiro que vier para o Brasil e,
depois, exigir a mesma conduta
de outros países, como vem fazendo o Itamaraty. A ofensiva se
justifica pelos números: cerca de 1
milhão de estrangeiros vivem hoje no país, contra 3,5 milhões de
brasileiros lá fora.
Barreto chefia grupo de trabalho que disponibilizará o texto final da lei para consulta pública
neste mês. Em novembro, o projeto vai ao Congresso. Pretende-se aprová-lo até o início de 2005,
para coincidir com a implantação
do novo modelo de passaporte.
O formato escolhido pelo grupo
para tornar mais flexíveis as regras para os estrangeiros foi ampliar os tipos de visto. Até agora,
foram criados oito novos, abarcando de membros de ONGs a
ministros religiosos e pesquisadores. Cada tipo terá um período determinado para ficar no Brasil e
mais facilidade para renovação.
Uma das principais mudanças é
a criação do visto de turista permanente. Com ele, será possível
visitar o Brasil mais de uma vez
por ano, abrir negócios que gerem empregos, comprar imóveis
e automóveis e abrir conta em
banco, entre outras facilidades.
Expulsão e controle
Em relação aos suspeitos de crime, o objetivo é agilizar a expulsão do estrangeiro e seu banimento -ou seja, proibição de voltar
ao território nacional. Segundo
Barreto, haverá um rito "sumário" para a expulsão daqueles que
forem procurados ou condenados em outros países. O controle
será feito pela Polícia Federal,
com um sistema informatizado
de dados criminais que examina
impressões digitais.
O amplo direito de defesa, previsto na Constituição, será preservado, mas o processo perderá boa
parte da burocracia que possui
hoje. O controle do governo também será ampliado com a exigência de aval de ministérios para
pesquisas no país. Se um antropólogo quiser estudar índios precisará de autorização da Funai
(Fundação Nacional do Índio)
para conseguir o visto. Se a pesquisa abordar alguma tribo na
fronteira, o Ministério da Defesa
também precisará se manifestar.
As mudanças não devem corresponder a um aumento de estrangeiros no Brasil, segundo avaliação do Ministério da Justiça.
Para Barreto, são os ciclos econômicos, e não a lei, que atraem
quem deseja deixar seu país de
origem. Hoje, os países com legislação mais dura, como os Estados
Unidos, são os que mais recebem
imigrantes, por exemplo.
Para o governo também não há
risco de terroristas buscarem
abrigo no país devido à nova legislação.
(IURI DANTAS)
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