São Paulo, quarta-feira, 04 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Marta assume de campanha de Lula em SP

Ex-prefeita tem como missão reverter a derrota do presidente para Alckmin no Estado, maior colégio eleitoral do país

Ela deve ocupar o espaço político deixado vago por Mercadante, que perdeu prestígio em decorrência de derrota e de caso do dossiê


ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Preterida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidata ao governo de São Paulo, a ex-prefeita Marta Suplicy assumirá a tarefa de tentar salvar a reeleição presidencial como coordenadora-geral no Estado, maior colégio eleitoral do país e fator decisivo para a ida do tucano Geraldo Alckmin ao segundo turno.
A "passagem do bastão" deve ocorrer hoje, às 9h, no Hotel Excelsior, onde o PT reúne seus principais quadros para discutir as estratégias e anunciar que o presidente estadual do partido, Paulo Frateschi, que coordenava a campanha presidencial no Estado, vai se dedicar ao interior enquanto Marta assume o comando e os holofotes.
Marta, por meio de sua assessoria, afirmou ter sido convidada por Lula para coordenar a campanha e aceitou o convite. Considerada a única estrela petista capaz de unir o partido após o fracasso de Aloizio Mercadante na disputa pelo governo do Estado, a ex-prefeita tem como missão reverter a enorme vantagem tucana conquistada no primeiro turno, de 54,20% a 36,77% para Alckmin, diferença de 3,8 milhões de votos.
Mesmo sem ter sido oficialmente anunciada como coordenadora-geral, ontem mesmo ela reuniu "seu time" para analisar as formas de trabalho e os locais que devem priorizar.
Marta já fazia parte da coordenação de campanha presidencial em São Paulo, mas sem poder total de decisão. Mercadante, chamuscado pelo escândalo do dossiê ao ter seu principal assessor envolvido no episódio, não é bem-vindo na equipe, segundo petistas ouvidos pela Folha, que preferem que ele fique no Senado.
O senador, entretanto, afirma que vai para ruas em São Paulo trabalhar para o presidente, já que teve 31,68% dos votos. Segundo ele, a nova coordenação de Lula em São Paulo, orientada por Marta, será ampla e reunirá outros partidos e lideranças. "Eu quero ir para a rua. Tive 32% dos votos, a maior votação do PT em primeiros turnos no Estado, e apesar de todas as dificuldades", afirmou o senador.
Ao assumir a coordenação de campanha, Marta se consolida como o principal nome do partido no Estado, antes dividido com o próprio Mercadante. Nesse grupo também figuravam o ex-presidente nacional da legenda José Genoino e o ex-ministro Antonio Palocci Filho, lançados ao limbo após os escândalos do mensalão e da violação do sigilo do caseiro. "Ela saiu por cima nessa eleição", disse o líder do PT na Assembléia paulista, Ênio Tatto.
Esse status garante a Marta a vaga na disputa da Prefeitura de São Paulo em 2008 e, antes, um ministério num eventual segundo mandato de Lula. A inclinação de Marta seria para o Ministério das Cidades.
Amigos do petista dizem que Mercadante também teria pretensão do ministério da Saúde, algo tico como quase certo, mas a hipótese se tornou remota após o episódio do dossiê e as negociações do presidente para cooptar o apoio do PMDB. A Saúde daria cacife para 2010. "Participaria disso a troco de quê? Sou senador, posso ser ministro, tenho uma vida pública pela frente", disse ele no início da crise .


Colaborou MALU DELGADO, da Reportagem Local

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