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ELEIÇÕES 2006 / SÃO PAULO
Lembo barra venda de ações da Nossa Caixa
Governador de SP recua e não vai leiloar 20% do banco estatal para sanar déficit, mas nega que Serra tenha influenciado a decisão
Pefelista volta a negar a existência de um rombo no Estado; Serra diz que será a 1ª vez que assumirá uma gestão com contas em dia
LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de São Paulo,
Cláudio Lembo (PFL), recuou e
suspendeu o leilão de 20% das
ações da Nossa Caixa, banco
controlado pelo Estado.
"Não iremos vender as ações
da Nossa Caixa. Vamos equilibrar o Orçamento de São Paulo
de outras formas técnicas e,
dentro das possibilidades orçamentárias, vamos preservar
aqueles 20% que seriam vendidos e estavam previstos no Orçamento", afirmou Lembo.
"Não quero dilapidar o patrimônio de São Paulo neste momento. Seria talvez impensado", concluiu ele, que até a tarde de anteontem defendia que
o leilão ocorresse neste ano.
O recuo, segundo Lembo,
ocorreu na noite de anteontem
durante reunião com o secretário da Fazenda, Luiz Tacca Júnior, e o responsável pela pasta
do Planejamento, Fernando
Braga. Segundo Lembo, a decisão só foi comunicada ontem
ao futuro governador, José Serra (PSDB), durante almoço entre os dois para tratar sobre a
transição de governo. Lembo
negou que o tucano tenha pedido a ele a suspensão.
"Serra é um homem ético.
Ele não entraria no governo de
São Paulo neste momento. Eu
aceitaria troca de idéias, mas
não houve isso. A minha equipe
é competente e vai resolver."
Questionado sobre como iria
lidar com o rombo sem o dinheiro do leilão, o governador
negou a existência de qualquer
buraco no Orçamento.
Serra
"Não há nenhum rombo.
Houve um momento em que
efetivamente havia um déficit
de R$ 1,2 bilhão. Neste momento, esse déficit já caiu para cerca
de 560 milhões, e espero até o
fim do ano ter resolvido isso."
A venda de ações da Nossa
Caixa opunha Lembo à equipe
de Serra. Para os serristas, a
venda de ações não era uma
medida adequada, ao menos
agora. Os eventuais compradores, cientes das necessidades do
governo, poderiam empurrar o
preço das ações para baixo. Os
serristas demonstraram descontentamento público com o
leilão mais de uma vez.
O tucano aprovou a medida
de Lembo, negou -com ênfase- que tenha pedido ao governador a suspensão da venda e
elogiou a gestão do pefelista à
frente do Estado."É a primeira
vez que vou assumir uma administração com a casa em ordem.
Isso para mim é um fator de
muito otimismo", disse Serra.
Já como futuro governador,
Serra seguiu Lembo e negou a
existência de um rombo. O tucano afirmou que o único problema é que o Estado não arrecadou como havia planejado.
A suspensão da venda, contudo, não significa o fim das privatizações. Segundo tucanos
ouvidos pela Folha, a privatização é uma medida usada em
situações em que o Estado ou
tem empresas demais e precisa
se desfazer de algumas delas ou
precisa de dinheiro para diminuir dívidas. "Nada obrigatoriamente é privado, nada obrigatoriamente é público", diz
um tucano próximo a Serra.
As privatizações só acontecerão se houver alguma surpresa
financeira (e desagradável) durante a transição. Ou, em outro
cenário, para que o dinheiro de
eventuais vendas sejam usados
em novos investimentos.
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