São Paulo, quarta-feira, 04 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / SÃO PAULO

Lembo barra venda de ações da Nossa Caixa

Governador de SP recua e não vai leiloar 20% do banco estatal para sanar déficit, mas nega que Serra tenha influenciado a decisão

Pefelista volta a negar a existência de um rombo no Estado; Serra diz que será a 1ª vez que assumirá uma gestão com contas em dia


LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), recuou e suspendeu o leilão de 20% das ações da Nossa Caixa, banco controlado pelo Estado.
"Não iremos vender as ações da Nossa Caixa. Vamos equilibrar o Orçamento de São Paulo de outras formas técnicas e, dentro das possibilidades orçamentárias, vamos preservar aqueles 20% que seriam vendidos e estavam previstos no Orçamento", afirmou Lembo. "Não quero dilapidar o patrimônio de São Paulo neste momento. Seria talvez impensado", concluiu ele, que até a tarde de anteontem defendia que o leilão ocorresse neste ano.
O recuo, segundo Lembo, ocorreu na noite de anteontem durante reunião com o secretário da Fazenda, Luiz Tacca Júnior, e o responsável pela pasta do Planejamento, Fernando Braga. Segundo Lembo, a decisão só foi comunicada ontem ao futuro governador, José Serra (PSDB), durante almoço entre os dois para tratar sobre a transição de governo. Lembo negou que o tucano tenha pedido a ele a suspensão.
"Serra é um homem ético. Ele não entraria no governo de São Paulo neste momento. Eu aceitaria troca de idéias, mas não houve isso. A minha equipe é competente e vai resolver."
Questionado sobre como iria lidar com o rombo sem o dinheiro do leilão, o governador negou a existência de qualquer buraco no Orçamento.

Serra
"Não há nenhum rombo. Houve um momento em que efetivamente havia um déficit de R$ 1,2 bilhão. Neste momento, esse déficit já caiu para cerca de 560 milhões, e espero até o fim do ano ter resolvido isso."
A venda de ações da Nossa Caixa opunha Lembo à equipe de Serra. Para os serristas, a venda de ações não era uma medida adequada, ao menos agora. Os eventuais compradores, cientes das necessidades do governo, poderiam empurrar o preço das ações para baixo. Os serristas demonstraram descontentamento público com o leilão mais de uma vez.
O tucano aprovou a medida de Lembo, negou -com ênfase- que tenha pedido ao governador a suspensão da venda e elogiou a gestão do pefelista à frente do Estado."É a primeira vez que vou assumir uma administração com a casa em ordem. Isso para mim é um fator de muito otimismo", disse Serra.
Já como futuro governador, Serra seguiu Lembo e negou a existência de um rombo. O tucano afirmou que o único problema é que o Estado não arrecadou como havia planejado.
A suspensão da venda, contudo, não significa o fim das privatizações. Segundo tucanos ouvidos pela Folha, a privatização é uma medida usada em situações em que o Estado ou tem empresas demais e precisa se desfazer de algumas delas ou precisa de dinheiro para diminuir dívidas. "Nada obrigatoriamente é privado, nada obrigatoriamente é público", diz um tucano próximo a Serra.
As privatizações só acontecerão se houver alguma surpresa financeira (e desagradável) durante a transição. Ou, em outro cenário, para que o dinheiro de eventuais vendas sejam usados em novos investimentos.


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