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LEGISLATIVO
"Direita" do PT amplia bancada na Câmara
Percentual de deputados alinhados à cúpula do partido subiu de 52% para 59%; grupo reúne os envolvidos em escândalos
Em contrapartida, diminuiu a participação dos "radicais", que são críticos da política econômica e das alianças com partidos conservadores
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mesmo tendo sido protagonista de muitos escândalos nos
últimos anos, a ala que hoje domina o PT aumentou seu poder
na Câmara. A participação dos
parlamentares politicamente
ligados à cúpula do partido e do
governo será de quase três
quintos quando a nova bancada
tomar posse, em fevereiro, segundo levantamento da Folha.
Hoje, a "direita" petista, que
até bem pouco tempo atrás era
rotulada de "Campo Majoritário", controla pouco mais da
metade da bancada federal do
PT, ou 42 deputados de um total de 81 -51,8%. Agora, serão
49 em uma bancada que subiu
um pouco, para 83 (59%).
São parlamentares que costumam estar na linha de frente
da defesa do governo e que seguem as políticas do Planalto
sem muitos questionamentos.
Em sua maioria, integram a
corrente Articulação, a mesma
de Lula, além de grupos menores que gravitam em seu redor.
Estão nesse grupo personagens de diversas crises, como
João Paulo (SP), José Mentor
(SP), José Genoino (SP), Paulo
Rocha (PA), além do ex-ministro Antonio Palocci (SP) e do
ex-coordenador da campanha
de Lula, Ricardo Berzoini.
Caiu, em conseqüência disso,
a participação dos chamados
"radicais" -deputados que geralmente são críticos da política econômica e das alianças feitas pelo governo. Ultimamente, eles têm trabalhado pela
queda de Berzoini da presidência do PT. Serão 16 deputados
da chamada "esquerda" partidária (19,3%), 6 a menos do que
atualmente. Mas foi da "esquerda" que veio o campeão de
votos no partido, o baiano Walter Pinheiro, com 200.894.
Ficou estável o número de
petistas que se declaram "independentes" -geralmente, dissidentes ou da ala majoritária,
como José Eduardo Cardozo
(SP), ou da "esquerda", como
Nelson Pelegrino (BA). Agora
são dez nessa condição.
Também houve pouca mudança no "centro", como se definem deputados que apóiam o
governo em linhas gerais, mas
com críticas ao grupo dirigente
do partido, especialmente após
a última crise. Agrupados na
ala Movimento PT, reúnem oito parlamentares (9,7%), entre
eles o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP).
Força política
A bancada petista sempre teve força política muito grande
no partido. Por isso, o fortalecimento da "direita" é um alento
para a combalida direção nacional. Também dá a Lula a
perspectiva, pelo menos teórica, de ter menos problemas
com o "fogo amigo" na Câmara.
"A força política e a base social desses deputados se mantêm inalteradas no partido",
disse João Batista, ex-coordenador do Campo Majoritário.
Isso não significa que Berzoini pode relaxar. Mesmo entre a
"direita" há muitos deputados
que hoje questionam a sua permanência à frente do partido.
A "esquerda" aposta que
poucos deputados vão seguir
cegamente o Planalto. "O DNA
de origem dos deputados vai
pesar menos do que os debates
concretos que serão enfrentados. As pessoas aprenderam as
lições do primeiro mandato",
disse Valter Pomar, da Articulação de Esquerda.
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