São Paulo, quarta-feira, 04 de outubro de 2006

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LEGISLATIVO

"Direita" do PT amplia bancada na Câmara

Percentual de deputados alinhados à cúpula do partido subiu de 52% para 59%; grupo reúne os envolvidos em escândalos

Em contrapartida, diminuiu a participação dos "radicais", que são críticos da política econômica e das alianças com partidos conservadores


FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Mesmo tendo sido protagonista de muitos escândalos nos últimos anos, a ala que hoje domina o PT aumentou seu poder na Câmara. A participação dos parlamentares politicamente ligados à cúpula do partido e do governo será de quase três quintos quando a nova bancada tomar posse, em fevereiro, segundo levantamento da Folha.
Hoje, a "direita" petista, que até bem pouco tempo atrás era rotulada de "Campo Majoritário", controla pouco mais da metade da bancada federal do PT, ou 42 deputados de um total de 81 -51,8%. Agora, serão 49 em uma bancada que subiu um pouco, para 83 (59%).
São parlamentares que costumam estar na linha de frente da defesa do governo e que seguem as políticas do Planalto sem muitos questionamentos. Em sua maioria, integram a corrente Articulação, a mesma de Lula, além de grupos menores que gravitam em seu redor.
Estão nesse grupo personagens de diversas crises, como João Paulo (SP), José Mentor (SP), José Genoino (SP), Paulo Rocha (PA), além do ex-ministro Antonio Palocci (SP) e do ex-coordenador da campanha de Lula, Ricardo Berzoini.
Caiu, em conseqüência disso, a participação dos chamados "radicais" -deputados que geralmente são críticos da política econômica e das alianças feitas pelo governo. Ultimamente, eles têm trabalhado pela queda de Berzoini da presidência do PT. Serão 16 deputados da chamada "esquerda" partidária (19,3%), 6 a menos do que atualmente. Mas foi da "esquerda" que veio o campeão de votos no partido, o baiano Walter Pinheiro, com 200.894.
Ficou estável o número de petistas que se declaram "independentes" -geralmente, dissidentes ou da ala majoritária, como José Eduardo Cardozo (SP), ou da "esquerda", como Nelson Pelegrino (BA). Agora são dez nessa condição.
Também houve pouca mudança no "centro", como se definem deputados que apóiam o governo em linhas gerais, mas com críticas ao grupo dirigente do partido, especialmente após a última crise. Agrupados na ala Movimento PT, reúnem oito parlamentares (9,7%), entre eles o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP).

Força política
A bancada petista sempre teve força política muito grande no partido. Por isso, o fortalecimento da "direita" é um alento para a combalida direção nacional. Também dá a Lula a perspectiva, pelo menos teórica, de ter menos problemas com o "fogo amigo" na Câmara.
"A força política e a base social desses deputados se mantêm inalteradas no partido", disse João Batista, ex-coordenador do Campo Majoritário.
Isso não significa que Berzoini pode relaxar. Mesmo entre a "direita" há muitos deputados que hoje questionam a sua permanência à frente do partido.
A "esquerda" aposta que poucos deputados vão seguir cegamente o Planalto. "O DNA de origem dos deputados vai pesar menos do que os debates concretos que serão enfrentados. As pessoas aprenderam as lições do primeiro mandato", disse Valter Pomar, da Articulação de Esquerda.


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