São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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Outro lado

Fernando Sarney nega acusações da PF e vê "interesses"

Empresário diz que pedir audiência para conhecidos em estatais não é crime, mas rechaça ter interferido em licitações públicas

DA SUCURSAL DO RIO

O empresário Fernando Sarney, 52, segundo dos três filhos do ex-presidente da República e senador José Sarney (PMDB-AP), atribui o vazamento do inquérito da Policia Federal a interesses políticos, mas não nega que solicita audiências para empresários que o procuram a executivos de estatais com os quais tenha laços de amizade.
Em entrevista por telefone, disse que nunca interferiu em licitações públicas ou fez negócios escusos com verba pública. Fernando comanda os negócios da família no Maranhão. É presidente do grupo Mirante, que inclui a afiliada da Globo, o jornal "Estado do Maranhão" e uma rede de rádios. (EL)  

FOLHA - Relatório da PF acusa o sr. de comandar um organização criminosa que realiza tráfico de influência em estatais em benefícios de empresas privadas.
FERNANDO SARNEY
- Estou sabendo. Os jornais de oposição daqui estão vazando alguns trechos do relatório, seletivamente. Eu sou vítima do inquérito, que foi feito pela PF sem eu saber, durante dois anos, encaminhado ao juiz. Pediram minha prisão, da minha filha, da minha mulher, sem que eu soubesse de nada. O juiz negou o pedido. Soube no domingo passado. Estou tentando até agora ter acesso ao inquérito.

FOLHA - Há no relatório transcrição de vários grampos telefônicos. O sr. é acusado de fazer tráfico de influência em estatais para viabilizar contratos de empresas privadas na Valec, na Eletronorte, na Caixa Econômica Federal e na Eletrobrás.
SARNEY
- Digo, de antemão, que não tenho nenhum negócio com essas empresas. Nenhum.
Pode haver falas com amigos que eu tenho lá. Sou empresário. Não tenho cargo público.
Sou amigo há 35 anos de pessoas que se formaram comigo, que são meus amigos e que hoje ocupam cargos específicos.
Não posso assegurar que não haja diálogos. Deve ter conversa de amigo, mas tráfico de influência, modificar licitação em obra pública, não tem nada.

FOLHA - Qual é a sua relação com os empresários Gianfranco Perasso e Flávio Lima, apontados pela PF como integrantes da organização criminosa para tráfico de influência?
SARNEY
- São meus colegas. Nos formamos juntos.

FOLHA - Vocês têm negócios em comum?
SARNEY
- Tivemos, claro. Fomos sócios por um tempo numa empresa que fundamos depois de formados. Mas atualmente não temos sociedade formal em negócio. Somos amigos.

FOLHA - Um caso descrito no relatório da PF é o pagamento que a construtora EIT faz à empresa de Lima e Perasso para ser subcontratada em obra da Valec.
SARNEY
- Não tenho negócio com a Valec, nada, nada. Essas pessoas têm empresas, são engenheiros. Deve ter sido tudo normal, são empresas privadas.
Aquilo é muito sério. Duvido que tenha conversa minha pedindo alguma coisa. Duvido.

FOLHA - E sobre a nomeação do Ronaldo Braga para uma diretoria na Eletrobrás. O relatório mostra o Astrogildo Quintal, diretor financeiro da Eletrobrás, dizendo que era uma vitória.
SARNEY
- Esse diálogo vazou em jornal de oposição aqui. Não vejo nada de mais. Um amigo que foi indicado. É legal. O que ele fez para mim? Nada.

FOLHA - O sr. conseguiu habeas corpus do STJ para não ser preso?
SARNEY
- Consegui, há cerca de 25 dias. É preventivo.

FOLHA - O sr. admite que, eventualmente, pediu para que empresários fossem atendidos?
SARNEY
- Tanta gente procura a gente para tudo, que eu não tenho como saber. Se me pedem audiência com o presidente da Eletronorte, eu digo: "Vamos tentar". Não tem nada demais, é coisa rotineira. Acontece todos os dias na minha vida


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