São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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Empresário vê ilação da PF e diz não ter sociedade com Sarney

DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Gianfranco Antônio Vitório Artur Perasso classificou de "ilações" trechos do relatório da Polícia Federal sobre a atividade de suas empresas e sua relação com Fernando Sarney. "Você pode ver um copo meio cheio e meio vazio. Você [PF] vê o que você quer ver, é o que eu estou sentido aí. Sou profissional há 30 anos, formado na Politécnica da USP, com MBA nos EUA. Tive empresa de construção, faço consultoria na área de construção. Dinheiro público? Não temos contrato com órgão público nenhum", afirmou Perasso.
Perasso disse que não foi ouvido pela PF. Segundo o relatório policial, empresas de Perasso foram constituídas, "ao que se depreende dos diálogos monitorados, para "mascarar" desvios de recursos públicos".
Indagado se é sócio ou faz pagamentos a Fernando Sarney, o empresário afirmou: "Não sou sócio dele. Nós fomos sócios na Proplan há 30 anos, aí ele falou que foi assumir um cargo público. A partir daí, nós temos só uma relação de amizade, só isso. Negócios, não".
"O Fernando Sarney é meu padrinho de casamento, meu colega de turma de faculdade, 30 anos, e nós somos amigos. Quer dizer, a gente está sempre junto, quando ele vem a São Paulo, a gente sai pra jantar. A gente tem uma proximidade muito grande", disse Perasso.
O empresário disse que vai contratar advogado para atuar no inquérito. "Soube dessa investigação, estou constituindo advogado para saber a que se deve esse tipo de provocação, porque a gente está no escuro", disse Perasso.
A empresa Engevix informou, por meio de sua assessoria, que fez pagamentos a Silas Rondeau depois que ele deixou o cargo de ministro de Minas e Energia, e, por isso, não vê nenhuma irregularidade.
A Engevix afirmou, em nota: "A Folha de S. Paulo tem em mãos cópias de e-mails trocados entre o engenheiro Silas Rondeau e a Engevix, cuja publicação constituiria quebra de sigilo de correspondência(...) A Engevix informa que mantém com o engenheiro Silas Rondeau um contrato de prestação de serviços de consultoria na análise estratégica de projetos e empreendimentos ligados ao setor elétrico, no Brasil e em mercados externos, em função de seu profundo conhecimento da área energética. Os serviços são remunerados através de um contrato firmado entre a Engevix e a empresa Dualcon, assinado em maio de 2008, quando o engenheiro Silas Rondeau não exercia nenhuma função pública. O contrato se reveste de todos os princípios de legalidade e moralidade e seus valores são compatíveis com o mercado(...)".
O empresário José Roberto Dias Gomes, diretor da Federal Petróleo, de Recife, disse que "não tem nenhum negócio com Fernando Sarney", de quem se disse "amigo". "Eu estava olhando uns projetos de [energia] eólica, determinado, para comprar, mas não levou isso à frente, não teve interesse. A única coisa que aconteceu foi isso", disse Gomes.
O executivo disse que na segunda-feira poderia dar esclarecimentos sobre e-mails interceptados. "Não tenho conhecimento disso. É tanto e-mail que eu faço e tanto negócio que eu tenho conhecimento." Gomes negou ter indicado nome para um cargo no Ministério de Minas e Energia.
A assessoria da empresa Bioenergy informou que, em 2007, por iniciativa de Gomes, houve tentativa de adquirir um terreno pertencente a Fernando Sarney, mas o negócio não teria prosperado. A assessoria do Citibank, procurada por e-mail, telefone celular e telefone fixo entre 19h e 21h de ontem, não foi localizada. (EL e RV)


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