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PF vê pressão de "organização criminosa" até sobre ministro
Edison Lobão diz que nunca recebeu tal tipo de pressão
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O relatório da Polícia Federal
do Maranhão na Operação Boi
Barrica acusa "atuação da organização criminosa" supostamente comandada por Fernando Sarney no setor energético,
capaz de pressionar até o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para realizar audiências de seu interesse.
Em ligação monitorada, o
empresário Gianfranco Perasso diz a Flávio Barbosa Lima,
ambos ligados a Sarney, para
"pressionar Lobão a receber o
Citibank em audiência", banco
com interesse em ampliar negócios com energia, diz a PF.
Segundo o relatório, Perasso
diz a Flávio Lima para "apresentar o banco e conseguir um
mandato na área de energia
[com Lobão], pois há uma empresa líder mundial que já tem
um negócio [intermediado] engatilhado". Quando o negócio
sair, continua, "todos vão saber" que foi por causa dos dois.
No mesmo trecho, os dois citam "pendências" na área de
energia eólica, que aguardam
uma resposta de Silas Rondeau
(ex-ministro de Minas e Energia e suposto integrante do esquema) em relação ao Rio e Astrogildo Quental (diretor financeiro da Eletrobrás), que
"tem de andar rápido com isso", pois a empresa do Norte
passou para a área dele.
Os diálogos, segundo a PF,
indicam a forte atuação de
Quental e Rondeau em favor da
suposta organização criminosa
e exercem "grande carga de influência no setor a fim de beneficiar os negócios do grupo".
Edison Lobão afirmou que
nunca recebeu o Citibank em
audiência nem foi pressionado
para agendar um encontro, segundo sua assessoria. Disse que
jamais recebeu tal tipo de pressão e que o Citi, por seu porte,
não necessita de intermediário
para conseguir uma audiência.
Por meio da assessoria da
Eletrobrás, Quental afirmou
que está com sua "consciência
tranqüila, pois jamais fez nada
de errado". Disse que "se defenderá de qualquer acusação que
seja formalizada, em qualquer
foro em que for chamado."
Segundo a PF, capitaneado
por Fernando Sarney, o suposto esquema tinha trânsito em
estatais e no ministério a ponto
de influenciar em nomeações,
intermediar contatos e influir
no resultado de licitações de
compra de energia do Proinfa
(programa de estímulo à geração de energias alternativas).
Um caso citado é o de funcionário da Federal Petróleo, que,
em troca de e-mails, com Fernando Sarney negocia nomear
Cesar Ramos Filho, ex-ANP,
para cargo em Minas e Energia.
Segundo a PF, outra "vertente" do grupo aponta "contratos
de consultoria para mascarar
recebimentos" de empresas supostamente favorecidas.
A PF diz que a Engevix enviou contrato padrão de prestação de serviço para a empresa a
Rondeau. "Segue o contrato padrão que utilizamos. Você pode
calcular o valor para chegar no
líquido que combinamos e
preencher o contrato", diz e-mail entre Rondeau e José Antunes Sobrinho, da Engevix.
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