São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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PF vê pressão de "organização criminosa" até sobre ministro

Edison Lobão diz que nunca recebeu tal tipo de pressão

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O relatório da Polícia Federal do Maranhão na Operação Boi Barrica acusa "atuação da organização criminosa" supostamente comandada por Fernando Sarney no setor energético, capaz de pressionar até o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para realizar audiências de seu interesse.
Em ligação monitorada, o empresário Gianfranco Perasso diz a Flávio Barbosa Lima, ambos ligados a Sarney, para "pressionar Lobão a receber o Citibank em audiência", banco com interesse em ampliar negócios com energia, diz a PF.
Segundo o relatório, Perasso diz a Flávio Lima para "apresentar o banco e conseguir um mandato na área de energia [com Lobão], pois há uma empresa líder mundial que já tem um negócio [intermediado] engatilhado". Quando o negócio sair, continua, "todos vão saber" que foi por causa dos dois.
No mesmo trecho, os dois citam "pendências" na área de energia eólica, que aguardam uma resposta de Silas Rondeau (ex-ministro de Minas e Energia e suposto integrante do esquema) em relação ao Rio e Astrogildo Quental (diretor financeiro da Eletrobrás), que "tem de andar rápido com isso", pois a empresa do Norte passou para a área dele.
Os diálogos, segundo a PF, indicam a forte atuação de Quental e Rondeau em favor da suposta organização criminosa e exercem "grande carga de influência no setor a fim de beneficiar os negócios do grupo".
Edison Lobão afirmou que nunca recebeu o Citibank em audiência nem foi pressionado para agendar um encontro, segundo sua assessoria. Disse que jamais recebeu tal tipo de pressão e que o Citi, por seu porte, não necessita de intermediário para conseguir uma audiência.
Por meio da assessoria da Eletrobrás, Quental afirmou que está com sua "consciência tranqüila, pois jamais fez nada de errado". Disse que "se defenderá de qualquer acusação que seja formalizada, em qualquer foro em que for chamado."
Segundo a PF, capitaneado por Fernando Sarney, o suposto esquema tinha trânsito em estatais e no ministério a ponto de influenciar em nomeações, intermediar contatos e influir no resultado de licitações de compra de energia do Proinfa (programa de estímulo à geração de energias alternativas). Um caso citado é o de funcionário da Federal Petróleo, que, em troca de e-mails, com Fernando Sarney negocia nomear Cesar Ramos Filho, ex-ANP, para cargo em Minas e Energia.
Segundo a PF, outra "vertente" do grupo aponta "contratos de consultoria para mascarar recebimentos" de empresas supostamente favorecidas.
A PF diz que a Engevix enviou contrato padrão de prestação de serviço para a empresa a Rondeau. "Segue o contrato padrão que utilizamos. Você pode calcular o valor para chegar no líquido que combinamos e preencher o contrato", diz e-mail entre Rondeau e José Antunes Sobrinho, da Engevix.


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