São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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SÃO PAULO

Secretário conclama subprefeitos contra o PT

Matarazzo afirma que, num segundo turno sem Alckmin, os tucanos poderão se engajar melhor na campanha de Kassab

Em almoço, secretário que coordena subprefeituras marca reunião, no início da semana, para "rearranjo de logística e estratégia"


CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário municipal Andrea Matarazzo conclamou ontem os subprefeitos a lutarem contra o inimigo comum, o PT, no segundo turno. Em um almoço com 29 dos 31 subprefeitos, Matarazzo alegou que, com o lançamento de dois candidatos no campo PSDB/DEM, o apoio ao prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), se dava de maneira constrangida.
Mas que, superada a saia-justa, os subprefeitos -em sua maioria, tucanos- poderão se engajar de maneira mais enfática na campanha contra o PT. A ordem é mostrar as deficiências da administração da ex-prefeita Marta Suplicy.
Em conversas, Matarazzo antecipou a disposição de invadir a "tattolândia", como é conhecido o extremo sul da cidade sob influência petista da família Tatto, capitaneada pelo vereador Arselino.
No encontro, num restaurante, Matarazzo convocou reunião para a semana que vem. O tema: "rearranjo de logística e estratégia" para o segundo turno. "Segundo turno é uma nova eleição. Poderemos nos engajar", disse o subprefeito Antônio de Pádua Perosa (Vila Maria/Vila Guilherme).
No almoço, Matarazzo recomendou humildade e cautela na reta final do primeiro turno e determinou que os subprefeitos mantivessem o ritmo de trabalho. "A qualidade da administração e a firmeza dos nossos subprefeitos são o nosso principal ativo", disse Matarazzo à Folha, após o almoço.
Lembrando que as subprefeituras contam com militantes do PT em seus quadros, Matarazzo alertou para o risco de armadilhas e provocações.
Como exemplo, disse que um funcionário poderia adotar uma medida impopular para sabotar Kassab.
O secretário determinou que as denúncias -inclusive sua origem- sejam apuradas com rigor. E frisou que o trabalho não deveria ser interrompido.
Apesar de as pesquisas apontarem o prefeito como o segundo colocado, Matarazzo condenou a euforia de "já ganhou".

"Terra arrasada"
Procurado pela Folha, Matarazzo confirmou a convocação de uma reunião para "definição de ações" já na segunda-feira. A reunião, afirmou ele, acontecerá qualquer que seja o adversário de Marta: Kassab ou o tucano Geraldo Alckmin.
"Vamos representar a coligação [PSDB/DEM] contra a administração que nos antecedeu e deixou a cidade no Estado em que a recebemos: terra arrasada", disse Matarazzo.
Pela manhã, ao acompanhar Kassab em visita ao parque do Povo, Matarazzo deixou evidente que acredita na presença do prefeito no segundo turno. Enquanto Kassab usava um aparelho de ginástica, brincou: "Vá aquecendo porque ainda terá que caminhar muito".
O secretário Walter Feldman (Esportes) acompanhou Kassab em caminhada na Vila Mariana. Foi a primeira participação formal dele na campanha. "Vim abertamente", disse.
Oito subprefeitos estiveram ao lado de Kassab durante a vistoria ao parque, entre eles os tucanos Renato Barreiros (Cidade Tiradentes), Alexandre Aniz (Ipiranga), Maurício Pinterichi (Butantã) e Hélio Sertão (Jabaquara).
"Sou amigo de Alckmin. Mas estamos aqui cumprindo uma missão", justificou Pinterichi, para quem é merecido o resultado do último Datafolha.
Já o prefeito afirmou que qualquer movimento de aproximação só poderá acontecer após o resultado da votação. Ele deixou claro, porém, que acredita na conquista automática do eleitor de Alckmin.
"O eleitor é muito consciente. Dificilmente o eleitor que votar em mim não tem uma preferência, no segundo turno, pelo ex-governador. Da mesma maneira, dificilmente, o eleitor que votar nele não tem uma preferência de voto na minha candidatura", afirmou Kassab.
Segunda, a cúpula do DEM desembarca em São Paulo para negociar com o PSDB. A aposta é a de que, a exemplo de Matarazzo, o próprio governador José Serra possa se dedicar mais à campanha. "Segunda, estou na rua", disse o vice-governador Alberto Goldman.


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