São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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Kassab vira grande líder do DEM e maior fiador do apoio a Serra

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Se confirmar amanhã sua ascensão eleitoral, Gilberto Kassab, 48, torna-se o político de maior sucesso do Democratas (ex-PFL) na história do partido na região Sudeste. César Maia, prefeito do Rio, também é filiado à sigla, mas tem perfil mais personalista e nunca é considerado um "ex-pefelista de raiz".
Os democratas tentaram várias fórmulas no maior Estado da Federação, mas fracassaram sempre. Figuras de expressão menor na política paulista como José Maria Marin e Nabi Abi Chedid foram alguns dos primeiros a tentar a sorte pelo então PFL. Houve também a frustração com Antonio Cabrera (ex-ministro da Agricultura) e com Cláudio Lembo.
Por causa de reveses em série, Kassab também foi inicialmente considerado uma incógnita. Havia herdado a cadeira sem ter recebido nenhum voto, pois era vice de José Serra -o tucano deixou o cargo para disputar o governo estadual em 2006. Para complicar, seu estilo quase tímido de fazer política o tornava uma zebra ainda maior na eleição de amanhã.
Agora, além de se tornar uma alternativa eleitoral real para o DEM, Kassab traz consigo outro efeito colateral importante se confirmar sua ascensão: ele representará a consolidação da candidatura do tucano José Serra a presidente em 2010.
O atual prefeito paulistano é presidente do Conselho Político do Democratas -a instância partidária responsável por chancelar alianças eleitorais. Fará todos os movimentos necessários a favor do atual governador de São Paulo na disputa pelo Planalto daqui a dois anos.
"O que eu puder fazer para o Democratas apoiar o Serra eu farei", diz Kassab abertamente a quem levanta o assunto sucessão presidencial. "O Serra já é o favorito para 2010, mesmo com a economia do jeito que está. Se houver uma desaceleração por causa da crise internacional, como parece que haverá, o Serra então estará eleito. Ele é de longe o mais preparado para comandar o país por causa da sua sólida formação econômica", diz o prefeito paulistano.
Na cúpula do Democratas, não se encontra voz dissonante. Kassab se tornou a estrela única nesse partido acostumado a papéis coadjuvantes em grandes cidades no Sudeste.
"O nosso partido passou a existir eleitoralmente em São Paulo com a candidatura do Kassab. Por essa razão, o peso dele aumenta muito na nossa decisão sobre quem será o candidato a presidente apoiado pelo Democratas em 2010", diz o presidente da sigla, o deputado federal Rodrigo Maia (RJ). "O Kassab é o líder eleitoral que faltava ao Democratas", afirma Jorge Bornhausen, ex-presidente nacional do partido.
A contrapartida para o DEM seria uma eventual candidatura de Kassab ao governo paulista em 2010. O prefeito nega ter essa aspiração, mas seu nome surge como possibilidade natural e única dentro do partido.
Se dependesse de assessores próximos de Kassab, a união DEM-PSDB evoluiria no futuro para uma sigla unificada. A concretização do plano é incerta e altamente improvável num futuro próximo -é mais conveniente para caciques regionais terem duas agremiações à disposição em vez de uma. (FR)


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