São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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Duda Mendonça está em crise com suas equipes

RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

No seu retorno ao marketing político, após passar 2006 em branco em decorrência do escândalo do mensalão, o publicitário Duda Mendonça acumula insatisfação entre equipes de campanhas eleitorais que assumiu pelo país.
Em Salvador (BA), no Rio de Janeiro (RJ) e em Fortaleza (CE), profissionais contratados por Duda reclamam ainda não ter recebido pagamento ou dos longos atrasos.
Segundo eles, o publicitário recebe antecipadamente os recursos das campanhas, mas não repassa a parte da equipe ou o faz com muito atraso.
Em todos esses locais, Duda Mendonça atua ou atuou como consultor, ou uma espécie de "oráculo", como definiu uma pessoa que trabalhou com ele.
Duda Mendonça lançou escritório de consultoria política destinado exclusivamente às eleições. A sede é em Salvador, justamente a cidade em que tocava uma das campanhas. Na página do escritório na internet, o publicitário aparece em vídeos, explicando os tipos de consultoria que presta: "reuniões estratégicas", "diagnóstico" e "criação do eixo fundamental".
Em Salvador e Recife (PE), deixou as campanhas no meio. Uma das queixas dos clientes é que ele freqüentemente não está disponível para reuniões.
Na capital pernambucana, Duda Mendonça assumiu consultoria da campanha de João da Costa (PT), mas não continuou. O candidato, sob a coordenação de Raimundo Luedy, está em primeiro lugar nas pesquisas.
Na Bahia, Duda foi contratado como consultor do ex-prefeito Antônio Imbassahy (PSDB) e saiu do projeto em agosto, após a queda do candidato em pesquisas e divergências quanto à linha a ser seguida. Houve corte de metade dos 60 profissionais.
A Folha apurou que ele admitiu aos funcionários ter recebido parte dos R$ 5 milhões estimados e prometeu repassar o valor relativo à equipe.
Isso não aconteceu no caso de pelo menos metade da equipe -o restante recebeu apenas parte do combinado.
No Rio de Janeiro, o estafe de campanha de Marcelo Crivella (PRB) -comandada por um parente do marqueteiro-, também está sem receber em dia. Segundo um profissional ouvido pela reportagem, longos atrasos são o padrão desde o início do trabalho.
Para um dos profissionais ouvidos, a instabilidade da situação já teve reflexo nas campanhas, gera apreensão e desânimo entre os integrantes da equipe e afetou o desempenho de Crivella e Imbassahy nas pesquisas eleitorais.
Marcelo Crivella tinha a segunda posição na disputa e hoje está empatado tecnicamente com Fernando Gabeira (PV) -19% a 17%, segundo o Datafolha. Imbassahy é o quarto na Bahia.
Duda Mendonça tinha se afastado das campanhas eleitorais em 2006, ano seguinte ao do escândalo do mensalão, em que admitiu ter recebido pelo menos R$ 10 milhões no exterior. A Folha telefonou para seu escritório em Salvador e falou com sua secretária pessoal. Ela informou que ele tinha viajado e pediu que o repórter enviasse e-mail com o tema da matéria, o que foi feito, sem obter resposta. A reportagem ligou ainda para sua sócia, Zilmar Fernandes, e deixou recado, mas ela não ligou de volta.


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