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Duda Mendonça está em crise com suas equipes
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
No seu retorno ao marketing
político, após passar 2006 em
branco em decorrência do escândalo do mensalão, o publicitário Duda Mendonça acumula
insatisfação entre equipes de
campanhas eleitorais que assumiu pelo país.
Em Salvador (BA), no Rio de
Janeiro (RJ) e em Fortaleza
(CE), profissionais contratados
por Duda reclamam ainda não
ter recebido pagamento ou dos
longos atrasos.
Segundo eles, o publicitário
recebe antecipadamente os recursos das campanhas, mas não
repassa a parte da equipe ou o
faz com muito atraso.
Em todos esses locais, Duda
Mendonça atua ou atuou como
consultor, ou uma espécie de
"oráculo", como definiu uma
pessoa que trabalhou com ele.
Duda Mendonça lançou escritório de consultoria política
destinado exclusivamente às
eleições. A sede é em Salvador,
justamente a cidade em que tocava uma das campanhas. Na
página do escritório na internet, o publicitário aparece em
vídeos, explicando os tipos de
consultoria que presta: "reuniões estratégicas", "diagnóstico" e "criação do eixo fundamental".
Em Salvador e Recife (PE),
deixou as campanhas no meio.
Uma das queixas dos clientes é
que ele freqüentemente não está disponível para reuniões.
Na capital pernambucana,
Duda Mendonça assumiu consultoria da campanha de João
da Costa (PT), mas não continuou. O candidato, sob a coordenação de Raimundo Luedy,
está em primeiro lugar nas pesquisas.
Na Bahia, Duda foi contratado como consultor do ex-prefeito Antônio Imbassahy
(PSDB) e saiu do projeto em
agosto, após a queda do candidato em pesquisas e divergências quanto à linha a ser seguida. Houve corte de metade dos
60 profissionais.
A Folha apurou que ele admitiu aos funcionários ter recebido parte dos R$ 5 milhões
estimados e prometeu repassar
o valor relativo à equipe.
Isso não aconteceu no caso
de pelo menos metade da equipe -o restante recebeu apenas
parte do combinado.
No Rio de Janeiro, o estafe
de campanha de Marcelo Crivella (PRB) -comandada por
um parente do marqueteiro-,
também está sem receber em
dia. Segundo um profissional
ouvido pela reportagem, longos atrasos são o padrão desde
o início do trabalho.
Para um dos profissionais
ouvidos, a instabilidade da situação já teve reflexo nas campanhas, gera apreensão e desânimo entre os integrantes da
equipe e afetou o desempenho
de Crivella e Imbassahy nas
pesquisas eleitorais.
Marcelo Crivella tinha a segunda posição na disputa e hoje está empatado tecnicamente
com Fernando Gabeira (PV)
-19% a 17%, segundo o Datafolha. Imbassahy é o quarto na
Bahia.
Duda Mendonça tinha se
afastado das campanhas eleitorais em 2006, ano seguinte ao
do escândalo do mensalão, em
que admitiu ter recebido pelo
menos R$ 10 milhões no exterior. A Folha telefonou para
seu escritório em Salvador e falou com sua secretária pessoal.
Ela informou que ele tinha viajado e pediu que o repórter enviasse e-mail com o tema da
matéria, o que foi feito, sem obter resposta. A reportagem ligou ainda para sua sócia, Zilmar Fernandes, e deixou recado, mas ela não ligou de volta.
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