São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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Lula trabalha para que urnas fortaleçam ministra

Presidente pára de flertar com apoio a Aécio e acha que Dilma é candidata viável; resultado de SP terá peso especial em estratégia

Fernando Donasci/Folha Imagem
ECONOMIA X POLÍTICA
O presidente Lula, em evento de comemoração dos 70 anos do Sindicato dos Químicos do ABC em Santo André (SP), que disse, em discurso, ter trocado em 2003 "seu capital político para recuperar a economia"


KENNEDY ALENCAR
EM SÃO PAULO

Na avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um bom desempenho nas eleições municipais dos partidos que o apóiam favorecerá o seu projeto de costurar o máximo possível de alianças em 2010 para um candidato presidencial único das forças lulistas.
Lula já trabalha nos bastidores para formar uma aliança em torno da ministra da Casa Civil, a petista Dilma Rousseff, cuja candidatura ele assume claramente nas conversas reservadas. Ele insiste na candidatura única para fazer uma disputa plebiscitária com a oposição já no primeiro turno de 2010.
O presidente dedica atenção especial ao desempenho de três partidos de sua base: PT, PMDB e PSB. Essas siglas dariam a sustentação principal à aliança do candidato lulista em 2010. Uma boa performance agora reforçaria esse plano.
A Folha apurou que o presidente vai se empenhar pessoalmente para eleger candidatos de sua base no segundo turno. O resultado de São Paulo terá peso especial na estratégia lulista. Uma vitória de Marta Suplicy, ex-prefeita e ex-ministra, abrilhantaria o esperado bom desempenho dos aliados de Lula na campanha. Uma derrota da petista seria debitada parcialmente na conta de Lula.
As eleições municipais mostraram a Lula como as realidades locais interferiram negativamente na formação de alianças entre partidos de sua base parlamentar -são 14 legendas com representação no Congresso. São Paulo continua a ser um bom exemplo. Na capital, o PMDB, aliado nacional de Lula, está na coligação do prefeito Gilberto Kassab (DEM).
No campo lulista, o deputado federal Ciro Gomes (PSB), que aparece em segundo lugar nas pesquisas, já deu sinal de que aceitaria compor uma chapa como vice de Dilma. Ciro não estaria disposto a embarcar numa candidatura presidencial sem fortes alianças.
Uma eventual dobradinha com Aécio Neves dependeria da vitória do governador mineiro sobre o concorrente interno no PSDB, o também governador José Serra (SP).
Hoje, Serra lidera as pesquisas. Se o governador paulista conseguir reeleger Kassab em São Paulo, reforçará a dianteira sobre Aécio na disputa tucana pela candidatura ao Planalto.
O bom desempenho do PSDB nas eleições deverá confirmá-lo como o pólo de poder oposto ao PT em torno dos quais se organizam interesses políticos, econômicos e sociais. Desde 1994, PT e PSDB se alternam no poder federal. A eventual reeleição de Kassab será lida nacionalmente como prova de força da parceria estratégica que PSDB e DEM têm tido na oposição a Lula.
Para Lula e Serra, Aécio e Ciro são jogadores importantes que ainda não deram a sua cartada final. O presidente gostaria de ver o mineiro como candidato do PSDB à Presidência. Lula já teve mais desejo de que Aécio poderia se filiar ao PMDB para concorrer ao Planalto. O petista acha que Dilma é viável e parou de flertar com o apoio a Aécio em 2010.
No jogo tucano, Serra gostaria que o governador mineiro aceitasse compor a chapa presidencial como vice. Assim, o PSDB teria candidatos dos dois maiores colégios eleitorais do país. Nas eleições presidenciais, o candidato costuma sair vencedor em seu Estado.
Ou seja, uma chapa puro-sangue do PSDB teria mais competitividade para enfrentar uma aliança embalada por um presidente popular.
Por último, haverá o fator econômico. Se Lula superar a atual crise mundial e mantiver o crescimento da economia em cerca de 4% em 2009 e 2010, dará a Dilma muita competitividade. Já um cenário de crise econômica, com desaceleração do crescimento do PIB, vitaminaria a oposição. Moderado nas críticas a Lula, Serra diz o petista poderá legar uma bomba-relógio ao sucessor na economia, como uma deterioração das contas externas do país.


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